Entrevista: Renato Júnior

 


No ano em que se assinalam os 100 anos de nascimento de Natália Correia, o compositor Renato Júnior musicou alguns dos poemas mais emblemáticos da escritora e convidou algumas das melhores vozes nacionais para os interpretar em disco e em concerto. A ideia surgiu à mesa de um restaurante numa conversa com um amigo e, logo a seguir Renato Júnior foi para casa e mergulhou na poesia de Natália Correia. Uma hora depois estava a compor os primeiros acordes. O resto é história e Natália é Quando uma Mulher Quiser é, mais uma vez, um disco de fino recorte técnico e melódico, como é seu apanágio.

 

Olá, Renato, tudo bem, desde a última vez que conversámos, em 2020? Durante este tempo, suponho que tenhas estado sempre ocupado, mas quando surge a ideia do Natália?

Surgiu há cerca de 1 ano atras durante um almoço com um amigo meu.

 

Depois do surgimento da ideia, como desenvolveste o projeto?

Fui a correr para casa, mergulhar na poesia da Natália e à medida que encontrava um poema que me chamava a atenção avançava para o piano e começava a compor os primeiros acordes e melodias. Depois conforme amadurecia um tema surgia-me quem achava que poderia interpretar e aí ajudava-me a concluir o tema do ponto de vista da composição.

 

Musicalmente, foste o único compositor dos temas ou tiveste alguma ajuda?

Sim, fui o único compositor.

 

Em termos de letras, como escolher 10 poemas entre uma obra tão riquíssima?

Não tive nenhum critério especifico, apenas os escolhi porque gostei deles, porque tinham uma estrutura que à partida dariam para serem musicados, e por fim aqueles cuja mensagem para mim faziam sentido amplificá-los através da musica. Claro que muitos ficaram pelo caminho se não o álbum não parava de crescer.

 

E depois, como lhes vestir uma instrumentalidade e uma musicalidade? Qual foi o teu principal critério e objetivo?

Aqui bastou-me ser eu, a minha estética e o meu som. Contei com a ajuda nos arranjos do meu companheiro de sempre Hélder Godinho.

 

Finalmente – que vozes? Voltas a contar com a nata das cantoras nacionais. Mas como procedeste à distribuição dos temas (por assim dizer) por elas?

Desta feita contei com algumas vozes que já tinham gravado comigo no meu primeiro álbum – Ana Bacalhau, Rita Redshoes, Sofia Escobar, Maria João, Viviane, Patrícia Antunes, Patrícia Silveira e Katia Guerreiro e com três meninas com as quais trabalhei pela primeira vez – Áurea, Elisa Rodrigues e Mafalda Veiga. A distribuição foi como contei atrás, à medida que ia compondo as canções surgia-me as vozes e os nomes delas, depois foi fazer-lhes os convites.

 

E deste-lhes algumas indicações específicas a respeito de como deveriam soar ou não?

Não dei muitas indicações, deixei que elas as tornassem suas e me surpreendessem, e isso aconteceu de uma maneira geral, com pequenos acertos na hora de as gravarmos.

 

Este álbum é substancialmente mais curto que o teu álbum anterior, Uma Mulher Não Chora. Sentiste algum tipo de limitação na criação desta obra?

Não, antes pelo contrario, apenas achei que para o disco uma amostragem de 10 temas seria suficiente para apresentar a ideia, ao vivo acabamos por fazer mais uns temas, incluindo instrumentais com a poesia da Natalia Correia sempre presente.

 

Já tiveste a oportunidade de apresentar este projeto ao vivo? E há planos para continuar?

Sim já apresentei em Lisboa na Aula Magna num concerto só para convidados e que a RTP 1 gravou e emitiu e outro em Almada no passado dia 8 de março. Conto naturalmente fazer mais alguns, passando por Alcobaça, Valongo, Porto, Coimbra, Lisboa etc..

 

Que outros projetos tens atualmente em mãos ou planeados para os próximos tempos?

Neste momento estou também o fazer o espetáculo que junta António Zambujo, Camané e Ricardo Ribeiro a cantarem algum do cancioneiro brasileiro. Já o estreamos em Coimbra e vamos no dia 31 de maio para o Coliseu do Porto e dia 29 de junho para o Festival Jardins do Marquês em Oeiras. Mais tarde espero terminar um disco que já estava a fazer com alguns amigos (cantores homens) e um outro projeto todo instrumental.

 

Obrigado, Renato, mais uma vez. Queres acrescentar algo mais?

Só desejar tudo de bom e agradecer este convite.



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