A quente noite de 24 de maio mostrou o regresso dos Ne Obliviscaris a Portugal, depois de 8 anos sem concertos em solo nacional. Com ele trouxeram os, também australianos, The Omnific e os andorrenhos Persefone, uma tríade de sons progressivos que ficará na memória de todos aqueles que se dirigiram à sala 2 do Hard Club, uma sala praticamente esgotada para uma tour que roçou a perfeição.
A noite abriu
com os The Omnific, trio de Prog/Post-Metal de Melbourne.
Compostos por 2 baixistas e 1 baterista, o coletivo australiano demonstrou
extrema coesão e consistência ao longo dos cerca de 30 minutos de concerto.
Executando principalmente temas do último álbum, a sua prestação mostrou um
perfeito balanço entre momentos de puro virtuosismo, partes melódicas, mudanças
rítmicas e breaks com muito groove. A sala 2 do Hard Club
que começou praticamente vazia, foi-se enchendo aos poucos à medida que mais e
mais se apercebiam da qualidade do ato de abertura. O que lhes faltava em
vocais e melodias, tinham em atitude e virtuosismo algo que, numa casa
maioritariamente dominada por fans de Death Metal, se revelou crucial
para conquistarem a audiência que, certamente, garantirá que esta não é a
última vez que o trio pisa solo lusitano.
Com uma carreira de mais de 20 anos, os Persefone são a mais importante banda da cena metal andorrenha e foram a segunda banda a subir a palco naquela noite. Guitarras bem distorcidas, vocais agressivos, ambiências feitas pelos teclados, blast beats e refrões melódicos foram as palavras de ordem, num concerto que teve direito a mosh-pit e muito headbanging. A noite foi ainda marcada pelo regresso de Filipe Baldaia, guitarrista da banda, à cidade que o viu crescer, momento que foi devidamente assinalado com palavras de agradecimento para a plateia que, nessa altura, já enchia toda a sala. Apesar de trazer na bagagem o seu último álbum Metanoia, os andorrenhos focaram a sua atuação no álbum lançado já em 2013, Spiritual Migration, algo que não afetou de todo os fans que mostraram o seu agrado e entusiasmo em ver o coletivo apresentar um concerto tão coeso. Certamente uma das noites mais memoráveis para todos os membros dos Persefone.
A noite fecharia com o segundo coletivo de Melbourne, os tão esperados Ne Obliviscaris. Na sua segunda visita a Portugal, os australianos mostraram-se mais sólidos que nunca, naquela que foi uma defesa justa do seu mais recente álbum Exul. Numa setlist que incluíu quatro dos seis temas presentes no seu último trabalho de estúdio, bem como alguns clássicos da banda, os Ne Obliviscaris mostraram porque é que são considerados uma das maiores bandas do Extreme Progressive Metal. Comandados pela dualidade vocal, ora melodiosa, ora gutural, e pela delicadeza das notas tocadas no violino do vocalista Tim Charles, o terceiro e último ato da noite revelou-se de uma qualidade excecional. Qualidade essa que não foi beliscada nem pelo facto de não contarem com Xenoyr (substituído para esta tour pelo vocalista dos Black Crown Initiate, James Dorton) nem pela inexperiência do novo baterista Kévin Paradis, que realiza a sua primeira tour com os australianos. Claramente emocionado pela plateia presente na sala completamente cheia do Hard Club, o líder Tim Charles relembrou-se de quão bom é atuar em Portugal e prometeu não demorar oito anos a voltar a terras lusitanas. Gesto claramente apreciado por todos aqueles que apreciam a arte musical praticada pelos australianos. Uma noite que nemo obliviscetur.
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