Vai já na 14ª edição o festival que nasceu numa
pequena aldeia do interior centro do país, Pindelo dos Milagres
(concelho de S. Pedro do Sul), mas que nem por isso deixa de ter o melhor
cartaz de Portugal e arredores. Foi nos dias 25, 26 e 27 de agosto que o Milagre
Metaleiro Open Air voltou a celebrar a festa sagrada do Heavy Metal.
Houve alterações importantes, o espaço mudou do centro da aldeia para a
periférica Zona Industrial, e passou a haver dois palcos, mas o essencial manteve-se:
três dias repletos de muita música de qualidade.
O primeiro dia abriu com os portugueses Voidwomb,
mas foi apenas com as Frantic Amber e com o folk dos Hadadanza
que a primeira multidão se começou a juntar, naquele que foi o aquecimento para
o primeiro grande concerto do festival: Angus McSix. Com uma energia
contagiante, um espetáculo muito bem oleado e uma teatralidade memorável, a
banda liderada pela mais recente encarnação de Thomas Winkler,
aproveitou o seu primeiro concerto em solo nacional para se dar a conhecer a
muitos dos fans presentes no recinto. Apesar do uso de backing tracks parecer
ter sido algo excessivo, o coletivo apresentou-se na sua melhor forma naquela
que foi uma demonstração eximia de toda a sua capacidade. Se esta performance
foi capaz de arrebatar o público, o mesmo não se pode dizer dos Opera Magna.
Com uma prestação abaixo do esperado, os espanhóis foram ainda prejudicados por
constantes problemas de som, algo que se viria a revelar uma constante no Palco
2.
Foi ao cair da noite que o primeiro cabeça de cartaz
subiu a palco. Vindos da Alemanha, os Orden Ogan vêm a sua qualidade ser
reconhecida há já algum tempo. Com um setlist capaz de conjugar
clássicos da banda e temas do último álbum, o coletivo foi capaz de entusiasmar
o público e prepará-lo para o que faltava da noite. Uma prestação extremamente
sólida e coesa. Seguindo a deixa dos alemães, os Blame Zeus subiram ao
palco e não desiludiram. Liderados pela talentosa Sandra Oliveira, a
banda do Porto mostrou-se ao seu melhor nível, carimbando, assim, mais um
concerto de qualidade.
A noite já ia longa e a multidão começava a
acumular-se para dar a primeira casa cheia do festival aos Therion. As
expetativas para o regresso dos suecos a Portugal eram bastante elevadas e os fãs
não saíram defraudados. Performance exemplar dos discípulos de Christopher
Johnsson que, com apenas seis membros no palco, foram capazes de inventar o
seu próprio coro e orquestra. Uma prestação estelar que viria a culminar em To
Mega Therion, aquela que é, provavelmente, a melhor composição alguma vez
criada pelo génio sueco. O espaço existente entre cabeças de cartaz foi ocupado
pelos Shutter Down, banda nacional que mostrou que já tem qualidade para
voos mais altos.
Por fim, chegou a vez dos Moonspell, naquela
que era o concerto mais aguardado da noite. Infelizmente, os lobos não foram
capazes de se apresentar ao nível a que habituaram os fãs. Com uma prestação mediana
de Fernando Ribeiro e um volume demasiado elevado (os copos assentes na
mesa de mistura abanavam e caíam com o volume do som), o coletivo português
mostrou-se alguns furos abaixo do expectável. Ainda assim, deve ser notada a
confiança demonstrada em todos os momentos da sua vasta carreira. Nas palavras
do líder e vocalista, “em 30 anos, acertamos algumas vezes, falhamos outras,
mas nunca virámos as costas a quem fomos”. Fazendo jus a estas declarações, o setlist
que abriu com Opium e fechou com Alma Mater, (ao qual se seguiu o encore com Todos os Santos e Full Moon Madness), passou em revista
toda a carreira e diversidade musical a que os Moonspell nos habituaram.
O fecho da noite esteve entregue aos Graveworm que, apesar de contarem
com uma audiência bastante mais reduzida, foram capazes de mostrar toda a
qualidade que têm.
É pena escreveres à antiga, pensares igualmente, não teres visto o melhor show que por lá passou e nem sequer teres acertado no set list. Felizmente já há poucos curiosos assim.
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