O segundo dia começou com uma parceria luso-espanhola:
Resurge, Arenia, Xhamain e Ravenblood subiram ao
palco naquelas que foram as primeiras ondas sonoras do dia na Zona Industrial
de Pindelo dos Milagres. Quatro concertos de boa qualidade, mas que pouco
entusiasmaram o público que se começava a juntar para assistir aos nomes
maiores do dia. Destaque para o final do concerto dos galegos Xhamain,
no qual a banda apresentou a bandeira portuguesa e galega unidas numa só. Um
belo momento representativo da união existente entre o nosso país e a região
situada a norte dele.
O primeiro grande concerto do dia e, certamente, um
dos melhores do festival, foi apresentado pelos Toxikull, que com o seu Speed/Heavy
Metal foram capazes de convencer a primeira multidão a juntar-se ao redor
do Palco 2. De facto, é quase inexplicável a falta de reconhecimento que a
banda de Lisboa ainda enfrenta após quase 10 anos de uma carreira a um nível
altíssimo. Um setlist extremamente bem escolhido e uma prestação estelar
de todos os membros que foi capaz de encantar até os mais céticos. Claramente a
merecer o Palco 1!
E se os Toxikull fizeram um dos melhores
concertos do festival, os Eclipse não ficaram nada atrás. No seu
primeiro concerto em Portugal (mas, nas palavras do vocalista e guitarrista Erik
Martensson, seguramente não o último) o coletivo de Estocolmo mostrou
porque são uma das mais bem estabelecidas bandas da cena de hard rock
melódico sueco. Conjugando temas do seu novo álbum e clássicos, a banda foi
sempre capaz de levar o público a cantar os seus temas, mesmo que estes não
estivessem familiarizados com as suas melodias pegajosas. Ora com ou sem
guitarra, Erik Martensson foi o líder de uma performance muito bem
oleada que deixou todos os que a assistiram com vontade de ver e ouvir mais
daquilo que os suecos têm para oferecer. Vindos da Bélgica, os Aktarum
tinham a difícil tarefa de manter o nível de qualidade impostos pelos dois
nomes anteriores. Mas, infelizmente, a reconhecida capacidade dos trolls
porem todo o público a dançar não foi vista durante esta performance, muito por
culpa do som demasiado estridente e pouco claro de que foram vítimas.
Os próximos a subir ao palco eram um dos nomes mais esperados de todo o festival. Vindos de Gotemburgo, os Dark Tranquility sempre habituaram os fãs com grandes concertos e esta noite não foi exceção. Apesar de ter um setlist completamente inesperado (focado em temas que os membros da banda adoram, mas que por algum motivo deixaram de tocar ao vivo) o concerto contou com um apoio maciço da multidão que se juntara para assistir a esta performance memorável. Extremamente bem oleados e sem cometer qualquer erro, os Dark Tranquility foram capazes de fazer aquilo que melhor sabem fazer: cativar todos os elementos do público, mesmo aqueles que, normalmente, não apreciam os sons mais extremos.
Mantendo a senda de bons concertos, seguiram-se os Bliss Of Flesh. Com uma carreira de mais de 20 anos, os franceses apresentaram a melhor forma do seu Black Metal com ambiências mais geladas do que a brisa que se sentia em Pindelo dos Milagres. De destacar ainda a teatralidade apresentada pelo vocalista Necurat que foi, sem margem para dúvidas, a cereja no topo do bolo de toda a performance gaulesa. Já passava da meia-noite quando o nome mais aguardado da noite subiu ao palco. Os fãs mais devotos já se tinham posicionado durante o concerto anterior, mas a verdadeira multidão só se estabeleceu quando Timo Kotipelto e companhia deram início a Survive, tema com o qual os Stratovarius abriram a sua atuação. Um setlist extremamente bem escolhido, onde houve espaço para todos os clássicos da banda, tanto os dos seus dias de glória, como os temas que, apesar de mais recentes, se posicionaram imediatamente entre os favoritos dos fãs da banda, deu o mote a um bom concerto. Apesar disso, a prestação dos finlandeses esteve longe de ser perfeita. A idade já pesa na voz do vocalista e líder Timo Kotipelto, algo que se notou especialmente nas notas mais agudas dos temas mais antigos. A juntar a isto, a constante necessidade de descansar entre músicas, algo que abriu espaço para solos de Lauri Porra e Jens Johansson, não beneficiou a consistência e a continuidade do concerto.
Contrastando com esta falta de força estiveram os Sacred Sin. Encarregues de fechar a noite, os portugueses deram uma descarga de adrenalina a todos aqueles que decidiram ficar após os grandes nomes saírem de cena. Como agradecimento de um concerto tão energético, o público ofereceu-lhes os melhores mosh-pits de todo o festival. Uma troca justa que fechou o segundo dia do Milagre Metaleiro Open Air.
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