Passo a passo, os Blame Zeus vão construindo
uma sólida carreira assente em quatro álbuns de forte qualidade, criatividade e
originalidade. Não há dúvidas que ao fim destes 4 álbuns, onde já incluímos o
mais recente Laudanum, se pode afirmar que a banda portuense
conseguiu criar um som muito próprio. Laudanum é, então, a mais recente proposta da banda que vem confirmar todos os
atributos que já se lhe vinham a ser reconhecidos. Com a aproximação das festas
de lançamento, no Porto e em Lisboa, fomos, mais uma vez, falar com a vocalista
Sandra Oliveira a respeito da criação deste novo trabalho.
Olá, Sandra, tudo bem?
Como tem sido a vida dos Blame Zeus desde a última vez em que conversámos?
Muito palco, pelo que tenho percebido…
Olá,
Pedro e leitores. Tem sido ocupada! Estou aqui a ver que a última entrevista
que demos ao Via Nocturna foi em
Novembro de 2019, depois da saída do nosso 3º álbum Seethe. Pois bem, o Covid alterou-nos os planos de promoção desse
álbum… adiou-os por assim dizer, e fomos mantendo a chama viva a compor música
nova e a fazer live streamings.
Entretanto, no final de 2021, voltaram finalmente os concertos ao vivo, e nós
voltámos aos palcos. Desde essa altura temos estado a promover o Seethe nos mais diversos eventos:
concertos em nome próprio e em apoio de outras bandas como RAMP e Godiva, e
festivais como o Laurus Nobilis, o Milagre Metaleiro Open Air, o Lamaecum, o Croka’s Rock, entre outros.
Começando pelo título,
porque a escolha de Laudanum? Tem algum significado especial?
A
palavra Laudanum resume, de forma
mais poética, a temática do álbum, que trata de ansiedade e depressão, mais
propriamente a minha jornada com estas doenças, desde o trauma, passando pela
realização de que precisava de ajuda profissional, pelo tratamento com
medicação e pela chegada a uma fase de mais paz. Láudano, sendo um fármaco que
ajudava a dormir, ou a acalmar, faz alusão aos diversos estágios deste
tratamento.
Vocês costumam deixar
intervalos de tempo generosos entre os diversos lançamentos. Mais uma vez isso
se verifica. Sentem-se confortáveis a trabalhar desta forma?
É
algo que não controlamos propriamente. Para lançar um álbum, algo bem
construído, e no qual te revês com orgulho, por vezes é preciso tempo. Além do
mais, estamos a fazer este lançamento de forma independente, o que significa
que todo o investimento foi nosso. Para tudo é preciso dinheiro, principalmente
se queres fazer as coisas a um nível profissional, que é algo a que sempre
aspiramos, e conseguir juntar esses valores demora o seu tempo. Mas é tudo
muito natural. Quando as músicas estão pelo menos estruturadas, começa-se a
planear o resto, por vezes com um ano de antecedência.
O que podem os vossos
fãs esperar deste novo álbum? Vamos ter os Blame Zeus como os conhecemos ou vai
haver espaço para algumas inovações?
Há
inovações certamente, mas não conseguimos soar a outra coisa que não a Blame Zeus, apenas evoluir. Ao
contrário dos trabalhos anteriores, a maior parte das músicas de Laudanum é tocada com guitarras afinadas
em Dó, o que confere um ambiente mais dark
ao álbum. Além disso, quisemos experimentar com estruturas e dinâmicas
diferentes.
Como vimos, palco não
vos tem faltado. Pergunto se têm feito experiências com os novos temas…
Tivemos
já a oportunidade de tocar ao vivo os 2 primeiros singles de avanço – Left for
Dead e Lust – e o feedback foi fantástico. Acho que vai
ser incrível tocar o álbum todo nas apresentações ao vivo.
Como decorreu o
processo de composição deste conjunto de novos temas?
Muito
à imagem do álbum anterior, fizemos os temas em ensaio, todos juntos. Quase
todas as músicas partiram de um riff
de guitarra, e os restantes instrumentos foram-se juntando em tempo real,
incluindo a letra.
Curioso que o primeiro
tema disponibilizado, Burning Fields, surja como bonus track. Porquê?
A
Burning Fields foi um single que lançámos isoladamente, sem
pertencer necessariamente a nenhum álbum. Foi só a nossa maneira de, no início
de 2021, dizermos “estamos aqui e vivos, rockin’
and kickin’. Como foi tão bem recebido pelo público, que até se tornou a
nossa escolha principal para terminar os concertos, decidimos remasterizálo e
incluir em Laudanum. Uma espécie de
miminho para quem mais gosta dessa música.
Depois desse tema, já
lançaram Left For Dead e Lust. Que critérios estiveram na base destas escolhas para singles/vídeos?
A
Left For Dead tornou-se desde muito
cedo a óbvia escolha de todos nós para primeiro single de avanço com videoclip,
principalmente devido ao seu refrão, que nós consideramos forte e cativante.
Para segundo single a escolha já não
foi tão fácil, porque gostamos de todas as músicas e, para nós, foi difícil
distinguir a que poderia representar melhor o álbum, mas afinal parece que a Lust foi uma boa escolha, porque é um
sucesso de audições no Spotify.
Obrigado, Sandra! Queres
acrescentar mais alguma coisa?
Gostaria
de agradecer imenso ao Via Nocturna
pelo apoio por todos estes anos… desde 2013 a dar a conhecer o nosso trabalho.
E, para terminar, gostaria de convidar todos para virem às apresentações ao
vivo do álbum, que decorrem nos dias 4 de novembro no Hard Club, e 11 de novembro no RCA
Club. Vamos fazer a festa com Allgema,
que também apresentam o seu disco de estreia, e com Ionized (Porto) e Reverent
Tales (Lisboa) a abrir as hostes.
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