Reviews VN2000: AVI ROSENFELD, JOSA TAMAS & DEIBYS ARTIGAS; CORELEONI; HYPERIA; ALEA JACTA EST; WAYFARER
Burn The Castle (AVI ROSENFELD, JOSA TAMAS & DEIBYS ARTIGAS)
(2023, Independente)
Ainda a guerra não tinha estalado em Israel
quando Avi Rosenfeld publicou mais um capítulo da sua extensa
discografia. Burn The Castle é o quinto álbum de 2023 e o terceiro mais
orientado para as ondas sonoras do classic hard rock/heavy metal,
considerando os anteriores lançamentos de Battle Of Rock, com Andre
Tulipano e da XIV parte da saga Very Heepy, Very Purple. E este
álbum, que conta com os vocalistas Josa Tamas e Deibys Artigas, que
dividem as composições, mostra-se mesmo como o mais inspirado do ano para o
israelita, mesmo que as influências não mudem muito. Hard rock de forte
base setentista, com doses monumentais de teclados (nomeadamente de Hammond)
e solos (das teclas e guitarras) a perder de vista. Um Burn The Castle
que começa a convencer na frenética Total Loss e que, a partir daí é
composto por alguns grandes momentos. Como, por exemplo os dois instrumentais, Kadish
e Hey Huchnem, onde o hard rock se cruza com a música tradicional;
ou o épico I Believe In The Sunrise, onde participa o próprio David
Stone, dos Rainbow, com algo raramente ouvido em Rosenfeld –
progressões e evoluções. [85%]
Alive (CORELEONI)
(2023, Metalville Records)
Numa altura em que todas
as bandas parecem querer lançar um álbum ao vivo, os CoreLeoni não são
apenas mais uma, por vários motivos. Primeiro, como membro dos Gotthard,
o guitarrista, líder e fundador Leo Leoni tem um passado histórico a
louvar, como poucos. Segundo, porque nem todas as bandas têm a sorte e o
privilégio de poderem executar os clássicos temas dos Gotthard ao nível
apresentado. Finalmente pois… os CoreLeoni têm de facto muito talento.
Talento esse que se liberta principalmente quando os membros sobem ao palco.
Tecnicamente, todos os membros se mostram na sua melhor forma, onde o maior
destaque vai para o vocalista Eugent Bushpepa que, com a sua
personalidade e capacidade vocal é capaz de elevar estes temas a um novo
patamar, ao mesmo tempo que interage de forma exemplar com o público. O som
cristalino também é destaque, originando um mix perfeito entre paixão,
entrega e qualidade musical raramente visto na atualidade. Essa é a receita por
detrás de Alive. Um concerto honesto onde todos os fatores essenciais
estão no seu devido lugar. Um concerto de um nível altíssimo que podemos ouvir
(e sentir) todos os dias no conforto do nosso sofá. Mas mais, uma prova da vitalidade
do rock, em geral, e da atual relevância dos temas dos Gotthard,
em particular. [92%]
The Serpent’s Cycle (HYPERIA)
(2023, Independente)
Arranjos intrincados, solos shred e
velocidade são as três principais caraterísticas de The Serpent’s Cycle,
o novo disco dos canadianos Hyperia. A estas deve ser adicionada a
influência clássica que, provavelmente, transformará este coletivo no primeiro
a praticar classical thrash, como fica cabalmente demonstrado em Prophet
Of Deceit, entre outras evidências menores. Mesmo sendo um disco impiedoso
em termos de agressividade, The Serpent’s Cycle mostra-se destemido ao
incluir nas suas composições pormenores distintivos. Mas, também comete alguns
erros que o impedem de voar mais alto. Se instrumentalmente é um disco a roçar
o genial, esse nível, infelizmente, não é acompanhado no campo vocal,
demasiadamente básico, muito uniforme e sistematicamente berrado. Curiosamente,
no tema final, uma versão de Crazy On You das Heart, é possível
perceber que Marlee Ryley até tem outros argumentos. [82%]
Ad Augusta (ALEA JACTA EST)
(2023, Useless Pride Records)
Toulouse irá ficar na história portuguesa pela
primeira vitória num mundial da nossa seleção de rugby, os lobos,
que demonstraram uma energia arrebatadora. Da mesma cidade, não pertencendo à
mesma alcateia, mas igualmente disponíveis para a entrega e para dissipar
energia radioativa para todas as direções, surgem os Alea Jacta Est. O
quinteto já não é novo nestas coisas da música (já conta com três álbuns), mas
a verdade é que o anterior, Dies Irae, já viu a luz do dia há sete anos.
Covid e paternidade terão sido os motivos para tal hiato. Com forte influência
latina – o nome da banda e os títulos de todos os álbuns são nessa língua – os Alea
Jacta Est cantam, principalmente em inglês, mas deixam espaço para o spoken
word e para as palavras de ordem na sua língua natal. Quem sabe se para o
Sr. Macron perceber melhor! E o que nos traz Ad Augusta? Uma introdução
e seis canções do mais forte e musculado hardcore, sempre bem
acompanhado por tonalidades metaleiras. Uma sucessão de riffs
vigorosos e breakdowns cheios de adrenalina que transformam esta rodela
de menos de meia hora numa verdadeira zona de guerra. Onde nem faltam as bombas
de fragmentação nem a libertação de energia radioativa. [70%]
American Gothic (WAYFARER)
(2023, Century Media Records)
Fazer black metal no Colorado só podia
incluir o pedigree do country. É exatamente isso que acontece com
os Wayfarer, prolífica banda que nasceu em 2011 e já atinge com American
Gothic, o seu quinto registo de estúdio. Nesse sentido, a sua mistura de black
metal, country e americana é única. Liderado por riffs
poderosos, sensibilidades melódicas sombrias e composições pontuais, este disco
serve como um funeral do sonho americano. Coberto de poeira e enterrado
profundamente em sangue e pólvora, pinta um retrato brutal, que, ao mesmo
tempo, chega a atingir delicados tons de beleza. Confirmem em False
Constellation, onde até se pode sentir uns pozinhos de fado. Assim,
os Wayfarer continuam a elevar a sua marca única e genuína de metal
a novos patamares. [78%]
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