Os
Shadowmare marcaram a sua posição no thrash
metal nacional com esse soberbo álbum que foi Shades Of The Untold.
Pouco depois, a pandemia limitava a ação de todos e principalmente do coletivo
algarvio que se preparava para dar o salto. Todavia, apesar de ter demorado um
pouco mais, esse salto efetivamente aconteceu como o comprova a excelência do
material incluído em While Trapped Inside, o seu novo longa-duração.
Para nos falar deste período evolutivo, estivemos à conversa com o baixista George
Alva Rosa.
Olá, George, tudo bem,
desde a última vez que conversámos, em 2019? Obrigado pela disponibilidade! O
que andaram os Shadowmare a fazer desde o lançamento de Shades Of The Untold?
Boas
Daniel, está tudo bem. Sim, foi em 2019 desde a última conversa. Desde o lançamento
do primeiro álbum que continuamos a trabalhar na composição deste novo álbum
que saiu recentemente. Apesar das restrições durante a pandemia fomos sempre
compondo novas músicas e trabalhando ideias. O importante foi sempre continuar
a tocar ao vivo.
Ora, esse Shades Of The Untold
foi um álbum impactante. Sentiram isso no período que se seguiu ao seu
lançamento?
Sim,
sentimos especialmente nesse mesmo ano de lançamento, 2019, que foi um bom ano
de concertos para nós e que deu para mostrar o Shades Of The Untold. Infelizmente
pouco depois instalou-se o covid e deixou em standby esse nosso
crescimento.
E sentiram alguma
pressão quando chegou a altura de começarem a trabalhar no seu sucessor,
atendendo a excelente reação que teve?
Como
foi um álbum que teve os seus contratempos e demorou a sair, acabamos por ter
sempre os ouvintes mais assíduos de Shadowmare a perguntar pelo novo
lançamento, mas foi tudo tranquilo. Inclusive é que acabamos por ter mais tempo
para pensarmos em alguns detalhes para as novas composições.
Qual foi o vosso
objetivo principal quando começaram os trabalhos para While Trapped Inside?
O
objetivo principal foi mantermo-nos ativos para podermos continuar a mostrar
mais do nosso metal caraterístico às pessoas.
Este álbum foi composto
durante o período pandémico? Pelo menos é a ideia que fica deste título…
Sim,
a parte da composição foi acabada durante o período pandémico, apesar de já
termos algumas músicas preparadas, outras vieram fechar o álbum durante o covid.
O título While Trapped Inside é sem dúvida o nome mais adequado a tudo o
que passamos durante a fase que passamos.
Tematicamente, os
títulos sugerem uma abordagem muito analítica da sociedade atual. É isso que se
verifica nestas novas composições?
Sim,
os temas abordam muito as questões atuais desde problemas psicológicos,
manipulação de notícias ao assunto de guerras.
E, musicalmente, parece
que conseguiram esticar a corda nos dois sentidos. Ao mesmo tempo soam mais
brutais, melódicos e técnicos. Como conseguiram esse equilíbrio?
Isso
é fruto da nossa química musical. Todos na banda temos gostos diferentes e
influências diferentes e isso acaba por enriquecer o nosso trabalho. Com todos
estes gostos e influências de mãos dadas com as capacidades de cada um,
chegamos a um álbum mais técnico, mais melódico e com mais power do que
o primeiro.
Tu tens um relevante
desempenho ao nível do baixo. Usaste algum equipamento ou técnica específica
para este disco?
Obrigado.
Em termos de técnicas, basicamente são as mesmas em que usei no Shades. Podem
é estar mais afinadas/evoluídas. A nível de equipamento usei material diferente
desde o baixo, amplificação e pedais de efeito.
No que diz respeito às
guitarras, nota-se que os vossos dois guitarristas estão numa forma
espetacular. Pelo menos ao nível dos solos, como é tratado esse aspeto? Há
espaço para a improvisação ou não?
Nós
temos a sorte de contar com dois ótimos guitarristas. São excelentes músicos e
muito evoluídos tecnicamente. No que diz respeito aos solos há sempre espaço
para a improvisação, eles trabalham sempre da melhor forma para servir a música.
Como surge a ideia
daquele final de Spoils Of War, assim como que em tons de fado?
O
final da Spoils Of War é inteiramente ideia do nosso guitarrista Nuno
Chris. Tínhamos em mente de fazer algo diferente no final dessa música para
colar à última música do álbum, depois de várias ideias concordamos que a ideia
do acústico ficaria top. Infelizmente não surgiu hipótese de colocar
guitarra portuguesa, mas achamos que ficou bom o produto final.
Neste álbum contam com
alguns convidados. Podes apresentá-los e indicar qual foi o seu input nestes temas?
Sim,
ao contrário do que se vê no primeiro álbum, neste temos 3 convidados em 3
temas distintos. O cunho deles foi a parte vocal, cada um tem a sua
especificidade técnica e isso deu uma mais-valia ao nosso álbum:
REFLECTION
OF FEAR - Dirtyking Zé (Pull the Trigger)
DARK
POWERPLANT - Francisco Martins (Villain
Outbreak)
MENTAL GUESTS - Bruno Evangelista (Ex-Mass
Disorder)
Do álbum já foram
retirados dois vídeos e, curiosamente, um deles, Mental Guests é o
tema mais direto e brutal, o que, na minha opinião, nem representa bem a
globalidade de um álbum muito mais evoluído. Porque o escolheram?
A
Mental Guests é quase como um bónus neste álbum, realmente sai fora de
toda a tecnicidade a que já habituamos as pessoas, mas veio trazer a
brutalidade que por vezes sentíamos falta nos nossos concertos. Passou a ser videoclip,
por ser uma letra bem direta e pela música ser curta.
O que têm planeado para apresentar este álbum ao vivo?
A cada álbum planeamos sempre evoluir e
elevar a fasquia do anterior. Queremos muito tocar ao vivo fora do circuito da
nossa região e alcançar todo o país. Das poucas vezes que saímos do Algarve
recebemos excelente feedback. Penso que o que nos está a faltar é mesmo
isso tocar mais e fora da nossa zona, porque pensamos seriamente que temos
qualidade e um som agradável a todo o metaleiro por este Portugal
espalhado.
Muito obrigado, George!
Queres acrescentar mais alguma coisa?
Queremos
agradecer à Via Nocturna 2000 e ao Daniel por estarem sempre prontos
para divulgar e apoiar o Metal Underground. Se todos trabalharmos em
conjunto para um movimento de Metal melhor em Portugal, todos ficamos a
ganhar. A malta que apoie as bandas, que vá aos concertos, levem um amigo e ouçam
bandas novas. Metal/Punk/Hardcore, Portugal está repleto
de bandas de alta qualidade.
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