Review: Objecto (TRABALHADORES DO COMÉRCIO)


 

Objecto (TRABALHADORES DO COMÉRCIO)

Independente

Lançamento: 20/outubro/2023

 

Não é muito comum um disco de originais abrir com uma versão. E, também não muito comum um álbum ter três versões ao fim de cinco faixas. Mas também nunca ninguém disse que os Trabalhadores do Comércio eram uma banda comum. Por isso, com uma longa carreira a rondar os 40 anos a banda portuense pode fazer o que lhe dá na gana, porque sabemos sempre que o que fizer… será bem feito. O que fica bem demonstrado no seu primeiro álbum em mais de 10 anos, intitulado Objecto (ou será Abjecto?) Por isso, a abertura traz essa espetacular versão de Cantar de Emigrassom, com arranjos vocais de arrepiar; adicionalmente, a pesadinha Os Bampirus (também com novos arranjos muito bem desenhados), prova que afinal pouco mudou desde os tempos de Zeca e Adriano. Entre uma e outra, as vozes do além cruzam o reggae em Purestacidade e o brilho tornam-se intenso em Num Momento Fugaz, em tons cinematográficos de tal forma que poderia ser incluída num filme do 007. E o humor, a alegria descontrolada e arranjos jazzísticos tomam conta da terceira cover (O Sonho da) Micas Bidênte. Estamos, sensivelmente, a meio do álbum e nem se imagina todas as surpresas que ainda virão! E estas incluem uma melodia singela de forte sentimento gospel e de natureza ambiental em O Parque da Monsanto; o rock’n’ roll de Na Desportiba, com riffs que batem na dose certa ou a espetacular Meio Mundo, Meio Mundo, com muita musicalidade. Para o final ficam guardados os momentos mais entusiasmantes: Blus do Compositor (original de Chico Gouveia, nos anos 60, e que nunca apareceu em nenhum disco), junta o folk ao blues, com sanfona, bodhran e guitarra portuguesa; Bolero na Raiba du Papel, é uma magistral peça apenas com arranjos vocais – e aqui créditos para todo o genial trabalho dos Vozes da Rádio; e o final, com uma faixa bónus, O Blues é Sufrimento, em blues tradicional, num tema que resulta de um forte trabalho de improvisação. Portanto, este é mais um grande disco para a coleção dos Trabalhadores do Comércio. Atual, acutilante, a desmontar e a voltar a montar clássicos, como mais ninguém o faz e interventivo como sempre. O resultado do trabalho conjunto de uma mescla de gerações e com todos os necessários inputs trazidos pelos diversos convidados. Mais um clássico para a banda portuense, portanto. O álbum existe, para além do formato digital, em CD e vinil, ou ainda na combinação de ambas. O vinil não traz o bónus Blus é Sufrimênto mas, por ouro lado, tem uma capa imponente e um livro, igualmente de 16 páginas, mas com mais informação que o livro do CD. [96%]

 

Highlights | Puresta Cidade, Num Momento Fugaz, Os Bampirus, Meio Mundo Meio Mundo, Blus do Compositor, Bolero da Raiba nu Papel, O Blues é Sufrimento

 

Tracklist

1.      Cantar de Emigrassom

2.      Puresta Cidade

3.      Num Momento Fugaz

4.      (O Sonho da) Micas Bidênte

5.      Os Bampirus

6.      O Parque da Monsanto

7.      Na Desportiba

8.      Meio Mundo, Meio Mundo

9.      Blus do Compositor

10.  Bolero da Raiba nu Papel

11.  O Blues é Sufrimento (bonus).

 

Line-up

Sérgio Castro – vocais, guitarras

Daniela Costa – vocais

Diana Basto – vocais

Joe Médicis – guitarras, vocais

Miguel Cerqueira – baixo, vocais

Jorge Filipe – piano acústico, vocais

Pony Machado – guitarra, guitarra portuguesa

Daniel Tércio – bateria

 

Convidados

Coro de Alunos do Conservatório de Felgueiras – coros (6)

Pancho Suárez – guitarra, e-bow (8)

Álvaro Azevedo – bateria (9)

Philippe Copin – sanfona (9)

Xurxu Nuñez – bodran (9)

Vozes da Rádio – harmonia vocal (10)

 

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