Room To Breathe (BAD RAIN)
(2023, Fast Ball Music)
De facto, os Bad Rain têm razão – ouvir
os cinco temas que apresentam neste seu EP, só mesmo num espaço com
possibilidade para respirar. Porque a sua intensidade é tal que irá deixar os
fãs das linhas mais modernas do hard rock sem respiração. A banda
formada por Veit Schlembach (bateria), Dani Davis (guitarras), Chris
Buchberger (baixo) pelo vocalista britânico Dan Byrne tem vindo a
surpreender com alguns singles, nomeadamente Afterlife, fruto da
sua postura descomprometida de fazer hard rock contemporâneo com base em
premissas clássicas. Este EP junta esse single a mais 4 temas e serve de
aperitivo para o álbum que deverá surgir na primavera de 2024. E a atender por
esta amostra, um delicioso aperitivo, pelo que se espera um prato principal bem
recheado. Ficamos a aguardar ansiosamente! [84%]
Masterplan – Anniversary Edition (MASTERPLAN)
(2023, AFM
Records)
Foi na viragem do milénio, depois do aclamado
álbum dos Helloween The Dark Ride, que Roland Grapow
finalmente descobriu o seu som. Um som sombrio, mas alegre, melódico e
agressivo, old-school e moderno, naquela que foi uma combinação de
sabores raramente vista no mundo do Power Metal. Tão rara que levaram Roland
Grapow e Uli Kusch (à época, baterista dos Helloween) a
unirem forças com Roy Z, Janne Warman e Russell Allen e a
criarem um projeto paralelo, os Masterplan. Mas foi apenas quando os
dois alemães abandonaram o seu projeto principal, que a nova estrela em
ascensão ganhou mais potência. As dores de crescimento levaram a algumas
mudanças de line-up, que ficaria fechado com a inclusão do renomado
vocalista norueguês Jorn Lande. Finalmente, em 2003, Masterplan,
o primeiro autointitulado álbum do coletivo, viu a luz do dia. Este era
composto por 11 temas que seguiam as mesmas regras sonoras de The Dark Ride,
apresentando ainda alguns novos elementos que se tornariam parte integrante do
som dos Masterplan. Devido aos intérpretes envolvidos e ao resultado
sonoro, este álbum foi um enorme sucesso de vendas, de tal forma que as edições
físicas, não demoraram muito a esgotar. Agora, 20 anos depois do seu lançamento
original, a AFM Records promove a reedição deste clássico dos tempos
modernos sob a forma de três excitantes edições. Para além das duas limitadas
edições em vinil, o Digipak inclui ainda o DVD bónus Live In
Gothenburg 2003, bem como inúmeras imagens captadas no backstage
desse concerto. Uma obra para todos os colecionadores, mas também uma obra para
dar a conhecer às novas gerações o início de um dos maiores nomes do género da
atualidade. [90%]
Rebel Angels Rise (HUNTER)
(2023, Independente)
Promete muito Rebel Angels Rise, segundo
álbum para os belgas Hunter. Mas, depois, acaba por não cumprir. Uma
abertura curta, direta e forte dá o mote. Wicked é uma
faixa que vem diretamente do mais puro Judas Priest. A partir daí,
seguem-se três temas (The Forge, Rebel
Angels Rise e Requiem) que são
um verdadeiro must para qualquer fã
de metal tradicional. Os
belgas fundem aqui as melhores referências dos Priest com as dos Iron
Maiden. Uma verdadeira montanha-russa de altos e baixo, travagens e
acelerações, harmonias, twin guitar, breaks, linhas de
baixo que impressionam e cavalgadas épicas. Mas, de repente, Rebel
Angels Rise começa a contrariar o seu título e… decai. A
introdução de outros tipos de vocais mais agressivos em The
Knight Of The Black Rose, Part 2 e, principalmente,
em Suffocate, não resulta por
uma clara falta de enquadramento. Morior Invictus, por outro
lado, deixa no ar a questão para onde terá ido a inspiração que abria o disco.
Uma segunda metade claramente incapaz de acompanhar o brilhantismo da primeira.
Ainda assim, uma queda minimizada pela versão de Dominion, tema que
fazia parte do álbum de estreia da banda, aqui com uma roupagem mais
atualizada. [77%]
Queen Of Time (Live At Tavastia 2021) (AMORPHIS)
(2023, Atomic Fire Records)
Quando o mundo parou, os finlandeses Amorphis
recusaram-se a fazer o mesmo. Embalaram os seus equipamentos, mudaram-se para
um Tavastia vazio e configuraram a sua enorme produção para uma impressionante
e única performance do seu aclamado disco de 2018 Queen Of Time. Filmado
de vários ângulos e banhado por uma luz sobrenatural, os finlandeses afastam
qualquer noção de um ambiente estéril, explodindo como se estivessem na frente
de uma multidão de milhares de pessoas. A questão que se coloca é, porquê? A
banda tinha recentemente lançado Live At Helsinki Ice Hall, onde tocou
mais de metade desse Queen Of Time. E agora, este suposto álbum ao vivo,
limita-se a apresentar os mesmos temas do lançamento de estúdio. Sem dúvida que
Queen Of Time (o original lançado em 2018) traz uma grandiosidade
monumental, uma elegância progressiva e uma elevada vibe folk, que o
coloca entre os melhores discos da carreira da banda. Um álbum marcante desde a
poderosa abertura com The Bee até ao dramático final Pyres On The
Coast, passando naturalmente por esse momento emblemático e hipnotizador
que é Among Stars com a colaboração de Anneke van Gierbergen. Mas,
este novo lançamento só pode ter interesse para quem não apanhou o
original. E até com uma agravante – esqueceu completamente os bónus As
Mountains Crumble, Brother And Sister e Honeyflow, que
poderiam, perfeitamente, também ter sido incluídos e que acrescentaria algo
mais a este produto. [80%]
Finger Collector Crew (GRINDPAD)
(2023, Iron Shield Records)
Percebe-se a pressa dos Grindpad em
lançar um novo EP. O tema principal Santa Cruz (Sharkbite II) é
verdadeiramente sensacional, não só pela sua abordagem Bay Area, mas também
pela secção central cheia de inesperados ritmos vindos do rock dos anos
60. Uma cabal demonstração da criatividade dos germânicos. Mas, fazer um
lançamento de um EP só porque se tem um grande tema, parece abusivo. Bem, Yazuka
Finger Collector Crew ainda se aproxima, mas o resto tem de ser preenchido
com duas versões e uma curta descarga de hardcore a abrir. Por isso,
neste caso, não é a qualidade que os Grindpad apresentam que se
questiona; é tão somente a utilidade deste lançamento. [70%]
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