Very Heepy Very Purple XV (AVI ROSENFELD)
(2024,
Independente)
Mesmo a situação de
instabilidade que se vive no seu país, não tem impedido Avi Rosenfeld de
continuar a espalhar a sua música. O criativo músico tem-se mantido a compor e
a convidar músicos de todo o mundo para executar as suas composições que se
inserem em diferentes estilos musicais. No caso do heavy metal clássico é a saga Very
Heepy Very Purple que tem sido a principal plataforma de inspiração. De tal
forma que já vai no seu 15º capítulo. Um capítulo onde se destacam as presenças
de Harry Conklin (Jag Panzer), Nick Walsh (Slik Toxik),
Brian Young (David Lee Roth), entre outros. Mas também um novo
capítulo de inspiração e homenagem ao hard
rock e ao heavy metal clássico,
seguindo as regras estabelecidas principalmente por Deep Purple e Rainbow.
O primeiro momento empolgante surge ao terceiro tema, You Feel Good So That’s OK, onde um toque bluesy eleva a canção a outros patamares até aí não atingidos. Mas
é o endiabrado ritmo e a estonteante dança dos teclados de Lady Luck e o viciante swing
de It’s Alright que marcam este novo
registo. São estes os momentos maiores de um disco com uma sonoridade quente,
orgânica e vintage onde os teclados
analógicos voltam a ter um papel determinante. [80%]
The Glory And The Fallen (LEAH)
(2024, Ex Cathedra Records)
Após cinco álbuns onde cruzava o metal
com a componente sinfónica, alguma orientação céltica e sempre muita fantasia,
a canadiana Leah volta aos discos com The Glory And The Fallen.
Mas já não consegue surpreender. E ao apostar num disco com uma orientação mais
metaleira, até acentuada pela presença dos guturais de Mark Jansen
(Epica), a cantora assina um registo que arrisca perder-se na floresta
de lançamentos do mesmo género. É que, apesar de tudo bem feito, nomeadamente
bem cantado, bem executado e com algumas linhas melódicas agradáveis, poucos
são os momentos de The Glory And The Fallen que não caiam numa zona de
pouca inspiração e já demasiadas vezes repetidas. E acabam por ser as inserções
por caminhos mais étnicos e folk (Unshakable, Revive, Speak
To Me, por exemplo) que mais se destacam, num disco certinho, muito polido,
mas pouco excitante. [80%]
Lumina (THERAGON)
(2024, Art Gates Records)
Para já, trata-se apenas de um EP de 4 temas
em 22 minutos. Mas este Lumina deixa já antever que estes Theragon,
banda de Valencia, se preparam para os mais altos voos. Logo a abrir, Heartbound
injeta uma melodia memorável num refrão com vocais muito altos. Quem gosta da
dupla Helloween/Freedom Call, certamente irá delirar com esta
abertura. A seguir, The Bird That Cannot Fly mostra uma outra faceta:
este soberbo tema tem uma magnifica estrutura teatral com os teclados a criar
deliciosos ambientes de melodia e sentimento. A melodia é, novamente, o
principal destaque de We All Are One, antes de um surpreendente
encerramento na forma de In Valentia com coros de orientação folk
e até pirate metal. Termina muito rápido este Lumina, mas o nome Theragon
fica na memória à espera de um trabalho mais longo. [84%]
Et In Cacophonia Ego (6EXHANCE)
(2023, Pogo Records)
6Exhance é o nome de um trio que deverá agradar a quem
procura as sonoridades mais estranhas e complexas. O ponto essencial em Et
In Cacophonia Ego é, precisamente, a cacofonia que se cria, com o destaque
a ser dado a um saxofone completamente tresloucado, com ataques de epilepsia e
que arrasta os temas para campos inimagináveis. Inimagináveis, porque, em torno
desse saxofone, se desenvolve toda uma arquitetura musical complexa, paranoica
e absolutamente selvagem. Todas as regras de composição são omitidas, todos os
sentidos estéticos são abandonados em detrimento de estruturas nada
convencionais que parecem sair das mais tresloucadas jams. A audição de Et
In Cacophonia Ego acaba por ser uma experiência única que surpreende ao
início, mas que rapidamente começa a revelar sinais de saturação. Isto porque,
com o desenrolar do álbum, os belgas acabam por não conseguir sair do labirinto
onde entraram. E nasce uma exagerada repetição de algo que, à partida, parecia
impossível de acontecer. Acresce que a inclusão dos vocais (frequentemente
guturais), nada acrescenta às composições. Antes pelo contrário – a aposta no
formato instrumental teria tido um resultado superior. [73%]
Malevolent (MALEVOLENT)
(2023, Neckwister Records)
Sendo apenas um EP de cinco temas, percebe-se por que razão nomes lendários do panorama metaleiro como Mark
Jansen (Epica) e o produtor Joost van den Broek (Powerwolf,
Epica, Blind Guardian) se quiseram associar a este projeto. A
qualidade que os Malevolent apresentam neste EP de estreia homónimo só é
mesmo comparável ao que bandas como os Epica ou os After Forever
fazem. O projeto assenta no belga Nikolaas van Riet e na espetacular
vocalista espanhol Celica Soldream. E da junção das composições
magistrais do primeiro (sublimes melodias, impecáveis linhas de piano, riffs
poderosos e coros grandiosos) e da superior capacidade vocal da segunda, cheia
de sentimento celta e teatralidade, nasce este EP de cinco temas cujo único
defeito é acabar demasiado depressa. São 5 temas em 25 minutos do mais puro e
fino symphonic metal. Ficamos, naturalmente, a aguardar por mais. [92%]
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