Entrevista: Feline Melinda

 


O Tirol do Sul é uma região belíssima e talvez inspirados por essas magnificas paisagens os Feline Melinda, de lá originários, mantêm-se ativos desde a sua fundação, em 1986, e sempre a pugnar pelo melhor melodic metal. Passados que foram os tempos conturbados de pandemia, a banda voltou aos discos com Seven, tema principal da nossa conversa com a dupla formada por Rob Irbiz (vocais) e Chris Platzer (bateria).

 

Olá, pessoal, tudo bem? Muito obrigado pela disponibilidade. Felina Melinda é um projeto nascido em 1986. Mas Seven é apenas o vosso quarto álbum. Que explicação têm para isto?

ROB IRBIZ (RI): Olá Pedro, antes de mais obrigado pela oportunidade desta entrevista! Feline Melinda foi fundado em 1986 por mim e pelo ex-baixista Andy De Santis. Estudávamos na mesma escola e havia muita música no ar…! Esta era foi caraterizada pela ascensão da NWOBHM com bandas como Saxon, Iron Maiden, Judas Priest etc. Depois também havia bandas como Black Sabbath, Uriah Heep e Scorpions. E ainda, para não esquecer, havia as fantásticas bandas americanas emergentes como Cinderella, Mötley Crue, Ratt e muito mais.

 

Mas sendo o vosso quarto álbum, por que escolher o título Seven?

CHRIS PLATZER (CP): Do nosso ponto de vista é o sétimo álbum, pois também contamos com o álbum ao vivo Three Decades - Live at the Kultursaal Theatre e o CD de baladas Just Ballads como lançamentos completos. O álbum ao vivo foi um projeto sincero para o nosso trigésimo aniversário, para o qual fizemos um concerto beneficente único no nosso país para conseguir fundos para uma associação que trata de crianças com cancro e suas famílias. A propósito, podem assista a esse concerto no nosso canal de Youtube.

RI: Just Ballads, por outro lado, contém todas as nossas baladas lançadas até agora, além da música Mary Magdalene, que foi composta e produzida especialmente para esse álbum. Também faz parte de outro espetáculo em 2017 juntamente com a cantora convidada Doris Albenberger, com quem angariámos mais fundos para o projeto acima mencionado.

 

Afirmaram que Seven representa o início de uma nova era para os Feline Melinda. Porquê?

RI: Embora permaneçamos estilisticamente fiéis ao nosso som no novo álbum, Seven é lançado após uma pausa forçada de alguns anos, principalmente devido à Covid, que não restringiu apenas a música, mas também muitas coisas na vida das pessoas em geral. Os lançamentos anteriores foram sempre gravados juntamente com o nosso engenheiro de som Marco Ober. Em seguida, misturámos alguns dos nossos álbuns de estúdio anteriores Morning Dew e Dance Of Fire And Rain no Sky Studio de Bobby Altvater em Munique e também gravámos nos Finnvox Studios em Helsinquia, onde Mikka Jussila fez a masterização final de Morning Dew e Dance Of Fire And Rain. Queríamos tentar algo novo para Seven, por isso juntámo-nos a Sascha Paeth. Ele é um óptimo produtor e também é conhecido como guitarrista da sua banda Masters Of Ceremony, e sobretudo como guitarrista dos Avantasia de Tobias Sammet. O seu toque em Seven é claramente reconhecível; a mistura de Seven é muito voltada para a guitarra, com o trabalho de guitarra altamente enfatizado e sempre em primeiro plano. Achamos que Sascha fez um trabalho muito bom: as músicas soam poderosas, mas equilibradas e muito cativantes!

 

Passaram-se 10 anos entre Seven e o álbum anterior, Dance Of Fire And Rain. O que aconteceu durante esse período?

CP: Como referi, para nós tanto o álbum ao vivo quanto o CD de baladas são álbuns completos, mesmo que não sejam álbuns de estúdio no sentido mais estrito. Durante este período lançámos o EP Duets com Doris Albenberger (2019), que ainda é muito popular e contém algumas das músicas mais conhecidas da banda como versões em dueto. Também produzimos o single de Natal Christmas Time (2021) e o single e o clip musical relacionado Seventh Heaven (2023) com Doris.

 

Esse foi, portanto, um período em que tiveram alguns lançamentos, como um álbum ao vivo e um EP. É a prova de que sempre estiveram ativos?

RI: Sim, posso confirmar isso. Estamos ativos sem interrupção desde que os Feline Melinda foram fundados e quero sublinhar que fazemos a nossa música a partir de pura alegria e paixão!

 

Portanto, depois de todos estes anos, como foi a preparação para Seven e quais foram os vossos principais objetivos?

RI: As novas músicas para o novo álbum foram criadas aos poucos; por exemplo She's Like A Thunderstorm e In The Shadow Of The Moon estão no set list há alguns anos. Por outro lado, compus Seventh Heaven especificamente como um dueto e trabalhei nela durante algum tempo. No final, demorou sete meses inteiros para finalizar a estrutura da música. Depois Sascha colocou os detalhes de acabamento! Como não fazemos música a tempo inteiro, não stressamos com o tempo - levamos o tempo que for necessário para conseguir preparar tudo. O objetivo mais importante é que estejamos convencidos do nosso novo álbum e que as pessoas gostem! Até agora tivemos uma resposta muito boa, especialmente do Japão!

 

A respeito da direção musical, quais foram as vossas ideias para este álbum? Houve uma nova abordagem ou seguiram algumas das vossas influências mais antigas?

CP: Uma nova abordagem ou tentar manter algumas influências antigas? Eu diria os dois, um e outro! Esta é a nossa música, este é o nosso som, esta é a nossa forma de nos expressarmos ​normalmente. Sabemos que nem toda a gente gosta do nosso estilo melódico, mas quem se importa... estes são os FELINE MELINDA!

 

Todas estas músicas são novas ou são o resultado do vosso processo criativo ao longo dos últimos anos?

RI: Cada nova ideia de música faz parte de um processo criativo e de evolução, tanto musicalmente, quanto humanamente. Cada música também é sempre, de alguma forma, autobiográfica. Geralmente tenho a ideia básica para uma música. Depois preparo uma demo simples e primitiva para capturar a ideia. O passo seguinte é eu e Chris trabalharmos nessa demo aproximada no seu estúdio caseiro. Nesta base, os detalhes mais subtis, como os arranjos de guitarra e o resto, são criados e a versão demo final é gravada e misturada.

 


Doris Albenberger e Francesco Pinter são dois convidados para este álbum. O que procuraram adicionar ao convidá-los? E o que lhes pediram?

RI: Somos amigos de Doris há muitos anos. Ela tem a sua própria banda de versões e canta como Doris - The Wedding Voice em casamentos. Doris tem raízes musicais no género pop, que combinam muito bem com o nosso estilo musical. Ela realça muitas das nossas músicas com a sua bela e clara voz. A voz dela dá um toque especial às músicas, por isso é que também produzimos o EP Duets com as nossas músicas Forever, Dangerzone e Skydiver em versões em dueto! De acordo com o lema “Nunca se mexe numa equipe vencedora!” continuaremos a trabalhar com Doris em novas músicas no futuro.

CP: Sim, concordo totalmente que a voz de Doris combina perfeitamente com a voz de Rob. Eles harmonizam bem juntos!

RI: Francesco, por outro lado, também é uma parte importante da família Feline Melinda! Ele é o guitarrista substituto de HeadMatt, que faz muitas tournées com a sua outra banda. Com Francesco temos à nossa disposição um virtuoso da guitarra absolutamente igual. Ele tem uma formação musical muito ampla e estudou na Berklee College of Music em Boston. Como qualquer guitarrista, assim como qualquer vocalista, tem o seu próprio timbre, a sua própria "assinatura". Queríamos incluir Francesco numa música e surgiu a oportunidade em Before The Dawn, onde Doris canta comigo e Francesco fez os arranjos e gravou todas as guitarras base e solo.

 

Já tiveram oportunidade de tocar Seven ao vivo?

CP: Desde este ano temos um set list totalmente novo para os espetáculos. Consiste nas músicas mais conhecidas da banda, misturadas com novidades do último álbum. Nós estamos atualmente ocupados a promover o álbum através de estações de rádio, entrevistas etc., mas é claro, também pretendemos apresentar Seven ao vivo!

 

Obrigado, pessoal. Querem enviar alguma mensagem aos nossos leitores e aos vossos fãs?

RI/CP: Obrigado, Pedro, por estas perguntas interessantes nesta entrevista, que ficamos muito felizes em responder! Gostaríamos também de cumprimentar todos os leitores de Via Nocturna 2000 e ficaríamos encantados se continuassem a seguir-nos nos nossos canais nas redes sociais. Talvez haja uma oportunidade de tocar no teu belo país um dia e nos podermos conhecer pessoalmente! Atenciosamente desde o Tirol do Sul/Itália!


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