Depois de cinco anos de silêncio discográfico, os Astral
Doors regressam com o álbum The End Of It All. Este trabalho, o décimo da
carreira, destaca-se pela combinação do seu heavy metal clássico com reflexões
atuais sobre o estado do mundo, marcando possivelmente o fim de um capítulo na
história da banda. Joachim Nordlund, guitarrista e principal compositor, falou
com o Via Nocturna 2000 sobre o processo criativo, as temáticas abordadas e a
evolução do grupo ao longo de mais de duas décadas de atividade. Mas, deixou
sempre a dúvida nunca devidamente esclarecida – foi este mesmo o último álbum
da banda sueca?
Olá, Joachim, como estás?
Obrigado pela disponibilidade. Os Astral Doors regressam ao fim de cinco anos
com The End Of It All. O que vos inspirou a fazer este álbum agora e porquê este
título?
Olá! Estou bem,
obrigado. Sentimos que estava na altura de fazer outro álbum. Estávamos todos
entre outros projetos e coisas do género, por isso a altura era perfeita para
nós. E tenho de admitir que o facto de este ser o nosso 10º álbum, tínhamos de
fazer outro (risos). Nunca se sabe com Astral Doors, este pode ser o
nosso último álbum. Talvez devêssemos ter colocado um ponto de interrogação
depois do título? Mas também podes ver as coisas assim. Olha para o mundo de
hoje, não é um lugar pacífico neste momento com todas as guerras que estão a
acontecer. Algumas das canções abordam esse tema.
Como foi o processo
criativo de The End Of It All? A pandemia ou outros acontecimentos globais tiveram algum
impacto na forma como abordaste este disco?
Sim, como disse,
algumas das canções refletem a forma como o mundo se tornou. O Patrik, o nosso
vocalista, é quem escreve todas as letras e está muito interessado no que está
a acontecer no mundo hoje em dia. Por isso, é óbvio que ele escreve sobre isso.
Mas, para além disso, fizemos como sempre fizemos. Sou eu e o baterista Johan
que escrevemos todas as músicas juntos no meu estúdio e, quando temos uma
música pronta, enviamo-la ao Patrik para fazer as melodias vocais e as letras.
É um processo bastante simples.
O vosso último álbum, Worship
Or Die, foi um sucesso. Sentiram alguma pressão para igualar ou superar isso
com The End Of It All?
Não, nós nunca
pensamos assim. Apenas escrevemos o que achamos que é bom e esperamos que as
pessoas também gostem. Se começares a analisar dessa forma, acho que estás a
pisar gelo fino, como dizemos aqui na Suécia. Provavelmente vai correr mal. E
nós não somos exatamente as mesmas pessoas que éramos há 5 anos e
desenvolvemo-nos certamente como escritores de canções. Pelo menos espero que
sim.
O álbum reflete o estado do mundo atual, como já foi citado.
Podes falar um pouco mais sobre os temas e as mensagens que estão a transmitir
nestas novas canções?
A canção Iron
Dome é sobre o sistema de defesa de Israel com o mesmo nome e é a minha
faixa favorita do álbum. E essa canção é bastante relevante neste momento,
tendo em conta o que está a acontecer lá neste momento. Mas, como disse, é o
Patrik que está a escrever todas as letras, por isso não me interesso por todos
os detalhes das letras. Sei que ele é muito bom nisso, mas para mim é mais
importante que soe bem com a música, que se tenha a sensação certa quando se
ouve as canções.
Sendo este potencialmente o vosso último álbum, esse pensamento
influenciou a forma como abordaram o processo de composição ou gravação?
Não, de maneira
nenhuma. Fizemos exatamente da mesma forma que fizemos com os nossos 9 álbuns
anteriores. Quer dizer, o que poderíamos ter feito de diferente? No final, é
apenas música para entretenimento, não é?
A parceria de composição entre ti e Johan Lindstedt tem sido a
chave para o sucesso dos Astral Doors. Como é que vocês os dois colaboram na
criação do vosso som distinto de heavy metal?
Sim, sou eu e
Johan que escrevemos todas as músicas. Estamos a escrever todas as músicas no
meu estúdio em casa e temos feito isso desde o primeiro álbum. O Johan é o
nosso rei dos riffs, como costumamos chamar-lhe (risos). Ele tem sempre
um monte de ideias fixes por aí e eu normalmente também tenho algumas ideias
fixes. Depois trabalhamos juntos nas nossas ideias até termos uma canção
acabada. Depois faço uma gravação demo bastante decente e envio-a ao
Patrik para ele fazer as melodias vocais e as letras.
Os Astral Doors sempre mantiveram um som clássico de heavy metal. Como é que equilibram o facto de se manterem
fiéis às vossas raízes e ao mesmo tempo incorporarem elementos novos na vossa
música?
Eu não sei, nós limitamo-nos
a escrever músicas que gostamos e como queremos que o heavy metal soe.
Como todos nós crescemos nos anos 80 e ouvimos muita música de metal
dessa época, isso vem muito naturalmente para nós, acho eu. Desta vez eu
experimentei alguns sons de guitarra diferentes em algumas faixas, mas fora
isso é praticamente o mesmo de sempre.
A voz de Nils Patrik Johansson, foi sempre uma caraterística
marcante do som dos Astral Doors. Como é que a sua abordagem às letras e
melodias evoluiu para este álbum?
Sim, ele é uma
grande parte do nosso som, é verdade. Ele tem uma voz muito única com muita
atitude. É ele quem faz todas as melodias vocais e letras para a banda, por
isso não tenho uma boa resposta para isso. Mas sei que a situação do mundo
atual é uma grande fonte de inspiração quando ele escreve. Ele disse que é como
um objetivo aberto para ele como escritor de letras, há muita coisa má a
acontecer no mundo hoje em dia.
Como é que foi gravar mais uma vez em Borlänge? A cidade tem
influenciado a música da banda ao longo dos anos?
Nós gravámos sempre
nos nossos próprios estúdios aqui em Borlänge, é fácil e não temos de nos
preocupar com os custos. Borlänge é um sítio muito aborrecido, por isso não nos
inspiramos lá (risos). É apenas uma grande fábrica de aço e um enorme centro
comercial, mas alguns dos maiores artistas suecos são daqui. Mando Diao,
por exemplo.
Olhando para trás, para os vossos mais de 20 anos de carreira,
quais foram alguns dos momentos de destaque ou marcos que definiram os Astral
Doors como banda?
A grande
digressão que fizemos com os Blind Guardian em 2006 foi muito importante
para a banda. Aprendemos muito como abordar um público e crescemos muito como
banda. Éramos jovens, tínhamos fome e divertimo-nos imenso. E, claro, os espetáculos
que fizemos no Wacken e no Sweden Rock são alguns dos nossos
maiores marcos.
Se The End of It All marca a
conclusão dos Astral Doors, que legado esperam deixar no mundo do heavy metal?
Pergunta difícil,
realmente não sei. Nunca penso em termos como esse. Nós somos apenas uma
pequena banda de metal da Suécia e eu não acho que vamos deixar uma
marca tão grande na história da música (risos).
Quanto a atuações ao vivo, estão a preparar-se para uma
digressão? Portugal vai estar incluído?
Não, acho que não
vais ver os Astral Doors a fazer uma digressão regular outra vez. Não
estamos muito interessados nisso, mas alguns festivais seriam ótimos. Mas nada
está planeado neste momento.
Obrigado, Joachim, mais uma vez. Queres enviar alguma mensagem para os nossos leitores ou para os vossos fãs?
Espero que gostem do nosso novo álbum e stay metal!
Comentários
Enviar um comentário