No
vibrante cenário do metal português, surge agora uma nova promessa: os In We
Fall. Formados em Vila Real no final de 2022, a banda apresenta-se como uma
fusão de metal alternativo, progressivo e grunge, e já conseguiu
um feito significativo ao assinar contrato com a prestigiada editora
norte-americana Eclipse Records. Com apenas um single lançado, Silent
War, o grupo prepara-se para a estreia do seu primeiro álbum, InnerSelf,
previsto para dezembro. Nesta conversa com a banda transmontana, exploramos as
origens do projeto, o processo criativo que culminou no álbum de estreia, e os
desafios e conquistas de uma banda que nasce longe dos grandes centros urbanos,
mas que promete deixar a sua marca na cena metal portuguesa e
além-fronteiras.
Olá,
pessoal, obrigado pela disponibilidade. In We Fall é um novo projeto nacional.
Podem apresentar a banda e falar um pouco do vosso, ainda, curto trajeto até
aqui?
Somos uma banda de metal
alternativo oriunda de Vila Real. O grupo teve a sua origem no final de 2022
após uma conversa entre o Carlos Carneiro (guitarrista) e Frederico
Lopes (baterista) sobre dar início a um projeto de raiz. Pouco tempo
depois, falamos com o Daniel Moreira (vocalista e guitarrista) e o Luís
Almeida (baixista). Ambos, o Carlos Carneiro e o Daniel Moreira,
já tinham algumas ideias de temas originais. A partir do momento em que todos
nos juntamos, dar seguimento ao processo criativo foi bastante fluido até
chegarmos à criação do álbum InnerSelf. Em 2023, estreamo-nos no palco
enquanto banda no Festival de Inverno Boreal, ao lado de outras bandas
portuguesas, bem como a banda americana The Last Internationale. Todos
os nossos temas foram produzidos, editados e gravados nos estúdios EvoluiSom
Studios do Daniel (vocalista e guitarrista).
Mesmo
sendo uma banda jovem, já conseguiram assinar com uma editora internacional.
Como surgiu essa oportunidade com a Eclipse Records, e como sentem que isso
influenciará a vossa carreira?
Em 2024, tivemos a
felicidade de assinar contrato com a editora discográfica Eclipse Records
sediada nos Estado Unidos, com o objetivo de lançar e promover o nosso álbum de
estreia InnerSelf. Dada a forma como acreditaram no nosso projeto,
tivemos a certeza desde o primeiro momento que seria o parceiro indicado para
nos promover. Além de tudo, acabam por nos ajudar a mostrar o nosso projeto
para fora de Portugal, onde sabemos que existe uma maior facilidade de
aceitação para o nosso género musical. Apesar de estarmos numa fase
embrionária, apenas com o lançamento do single Silent War, não podíamos
estar mais contentes com toda a atenção e dedicação dada pela Eclipse
Records ao nosso projeto. O lançamento do álbum será feito a 13 de dezembro
e esperamos iniciar a promoção do nosso trabalho com a realização de diversos
espetáculos a partir dessa data. Acreditamos no que fazemos tal como o nosso
parceiro Eclipse Records e agora só procuramos que haja uma aceitação
por parte de quem nos ouve.
Os In We Fall misturam metal alternativo, progressivo e grunge. Quais
são as vossas principais influências musicais e como conseguem integrá-las no
vosso som de forma única?
Diríamos que todos temos
um background distinto quanto a gostos musicais, mas pensamos que no seu
global os In We Fall conjugam elementos de metal alternativo, metal
progressivo, grunge e diríamos mesmo, alguns elementos de pop e rock.
Apesar das óbvias influências nos nossos temas, tentamos criar um som distinto
e exótico, representando de forma intrincada sentimentos e experiências
profundas partilhadas coletivamente, tentando acompanhar essas temáticas com
uma componente instrumental rica, sofisticada e hipnotizante.
Aliás, Inner Self pode mesmo ser descrito como um álbum com
uma variedade de técnicas e estilos instrumentais. Como trabalharam para
equilibrar essas influências diversificadas no álbum, de forma a criar uma
sonoridade coesa? Isso influenciou a forma como abordaram a produção e
arranjos?
A base dos temas foi
criada tanto pelo Carlos Carneiro como pelo Daniel Moreira a
nível de ideias para a estrutura de cada música através de linhas de guitarra.
A partir daí, foi perceber quais os temas que poderiam encaixar no que
idealizamos para este projeto e trabalhar todo o restante processo rítmico com
o Frederico e com o Luís. Os solos de guitarra foram idealizados pelo Carlos e
as letras e vozes pelo Daniel. Contudo ao longo de todo o processo criativo
existem sempre diferentes inputs de cada um dos elementos com diferentes
soluções para chegar à conclusão de cada tema. O processo de gravação foi uma
reflexão disso mesmo. Após atingida uma fase mais final do produto, cada um dos
elementos contribuiu individualmente para decisões finais de maneira que o
álbum fosse a representação de cada um de nós.
E é, também, um álbum conceptual. Podem
partilhar mais sobre o conceito que une as faixas? Que mensagem querem
transmitir aos ouvintes?
No que respeita à mensagem
de cada um dos temas, é um processo que fica mais encarregue ao Daniel
(vocalista). Os temas acabam por se conjugar e terem uma ligação muito através
da mensagem que carregam. As letras abordam os diferentes processos internos humanos,
desde a falha, frustração, medo até à superação e de certa forma existe um
certo alter-ego em algumas delas com descrições de vivências não
experienciadas. Contudo, todas as letras estão muito ligadas ao que cada um de
nós pode passar durante a vida e ao nosso processo de introspeção, dai o nome
do álbum Inner Self. Tentamos não dar uma grande explicação quanto ao
significado de cada mensagem porque queremos que o ouvinte tenha a sua própria
interpretação e que se relacione com o que está descrito.
O single Silent War já foi lançado como forma de avanço.
Que critérios estiveram na origem desta escolha? Este tema aborda temas de guerra.
De que forma a vossa música reflete as tensões ou questões atuais no mundo?
Achamos que quer a nível
musical, conteúdo da mensagem e aceitação do ouvinte, este seria um tema que
seria bem aceite. Apesar da letra da música ter sido feita tendo em mente o
atual conflito entre Rússia e Ucrânia, o seu intuito é prestar uma homenagem a
cada soldado que já esteve ou está envolvido em cenários de guerra, bem como a
todas as vítimas e almas perdidas enquanto danos colaterais. Tirando o tema Silent
War, a mensagem geral deste álbum não está focada em tensões ou questões
atuais do mundo, mas sim numa mensagem mais pessoal. Contudo quem sabe de
futuro…
O
vídeo também é muito forte, tendo colaborado com Pedro Daniel para criar uma
representação visual muito forte da guerra e dos seus efeitos. Podem partilhar
como surgiu a ideia para este vídeo e como foi o processo de traduzir a vossa
mensagem em imagens? Houve algum desafio particular em representar visualmente
um tema tão delicado como a guerra?
Esta é a facilidade de
trabalhar com bons profissionais como o Pedro Daniel. Ouvindo o tema e
explicando o que procurávamos atingir, chegar ao resultado final foi bastante
simples e não demorou muito tempo até ter o ok da nossa parte. Estamos
muito satisfeitos com a representação visual que conseguiu para a Silent War
e para uma versão lyric video, achamos que o resultado não poderia ter
sido melhor.
O Daniel foi também o responsável pela
produção e masterização do álbum. Como foi equilibrar as funções de produtor e
músico durante o processo de criação?
O álbum foi gravado na
integra no estúdio do Daniel, EvoluiSom Studios. Apesar de a fase de
captação, edição, mixing e masterização ficarem entregues a ele, sendo o
mesmo um elemento integrante do projeto em questão, a abordagem foi
ligeiramente diferente do que seria habitual. No que respeita a decisões finais
de como deveria soar o disco e na parte de todos os arranjos procuramos dar a
nossa voz para que fosse um processo mais coletivo e que representasse toda a
banda.
Vila Real não é tradicionalmente vista
como um epicentro de música metal.
Como é ser uma banda de metal alternativo a surgir numa cidade do
interior de Portugal? Sentem que, de alguma forma, isso tem algum impacto na
vossa música? Ou nalgum outro aspeto?
Achamos que ainda existe
um estigma associado a cidades de interior e neste caso em Trás-os-Montes. Não
é apenas na música, mas em tudo, no fundo. Ser uma banda dentro do rock/metal
a nível nacional já tem as suas dificuldades e estarmos centrados num local
fora de cidades com mais dinâmica deste género não ajuda, quer queiramos quer
não. No entanto, no nosso caso, a jornada até tem sido relativamente tranquila
nesse aspeto. Não achamos que isso tenha um impacto concreto na música que
fazemos, mas certamente terá influência no modo como nos relacionamos e como
comunicamos pessoal e musicalmente.
O álbum só tem data de lançamento em
dezembro. Até lá que outras ações promocionais irão privilegiar?
Em breve iremos lançar o
áudio do nosso segundo single designado por Winter Shades
procedido pelo videoclipe. Este já contém a banda em modo de performance.
Esperamos que gostem e que gere a melhor interação possível com a banda.
E depois do lançamento o que têm
planeado em termos de palco?
Neste momento estamos essencialmente a
tratar do calendário pós-lançamento. Estando o álbum lançado, queremos tocar o
máximo possível e estamos a trabalhar com esse objetivo em mente, mas ainda não
temos nada concreto a anunciar, visto que ainda estamos no processo de arranjar
datas.
Obrigado pela entrevista, pessoal. As
maiores felicidades para este lançamento! Querem deixar alguma mensagem final?
Esperamos sinceramente que
quem nos ouve sinta uma ligação com o que fazemos, que partilhe o máximo que
puder e que sigam a banda nas nossas plataformas digitais. Estamos ansiosos
para começar a partilhar os palcos com quem nos vê! Aproveitamos para enviar um
forte abraço a quem sempre nos apoiou e agradecer-vos pela entrevista e por nos
ajudarem a divulgar a nossa música!
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