Alameda (ALLAMEDAH)
Independente
Lançamento: 21/novembro/2024
Formados em 2016 em Lisboa, os Allamedah
têm vindo a apresentar diversos singles ao longo de uma carreira que
começou com o EP Rio no ano de formação e culminou com outro EP, Alma,
no ano passado. Mas, a sua forma arrojada de criar metal já pedia algo
mais grandioso e finalmente surge o seu primeiro longa-duração. E, na sequência
do já vinha a ser anunciado, Alameda surge como um dos trabalhos mais
criativos e desafiantes do panorama do metal alternativo recente. A sua sonoridade
flui entre o metalcore e algo próximo do melancholic metal,
atravessando territórios sonoros inesperados e desbravando novas possibilidades
dentro do estilo. O uso de três línguas distintas (português, inglês e
hebraico) adicionam ainda mais exotismo, assinando uma ímpar riqueza
multicultural que confere uma aura quase ritualística às composições. Os riffs
fragmentados assumem-se como uma assinatura marcante, uma espécie de fio
condutor que atravessa o álbum, que se revela logo no tema de abertura, onde se
funde com cortes inesperados de prog metal. Essa abordagem, complexa e
quase abstrata, continua ao longo de todo o registo, manifestando-se em
arranjos ousados que pontualmente recorrem a eletrónica subtil, mas incisiva,
provando que os Allamedah não receiam a experimentação. A guitarra,
trabalhada com minúcia e repleta de riqueza melódica, assume um protagonismo
inequívoco em momentos chave. A forma como as melodias se entrelaçam com o
fraseado vocal, que é igualmente variado e expressivo, revela uma capacidade
invulgar de cruzar agressividade e emoção. A calmaria e a profundidade
emocional são também exploradas com mestria, oferecendo pausas contemplativas
que contrastam com os momentos mais furiosos e épicos. Rítmica e
estilisticamente falando, os Allamedah revisitam o metalcore, mas
nunca de forma previsível. As dinâmicas variam com naturalidade, ora introduzindo
um baixo pulsante e quase dançável, ora abraçando estruturas mais convencionais
do género, mas sempre com um toque distinto. Tão distinto, que são de todo
inesperadas as influências que vêm do fado e do hip hop e que podem ser
encontradas no fraseado vocal. Mas mesmo nos momentos mais convencionais, este
é um disco que se destaca pela forma como os arranjos são cuidadosamente
construídos. Cada faixa parece conter um pequeno universo de possibilidades,
com transições arrojadas entre estilos e estados de espírito. O resultado é um
registo inventivo, onde a eletrónica nunca é excessiva, o prog nunca é
pretensioso, e o metalcore nunca é apenas violência. Sem dúvida que
fazia falta um registo deste âmbito e desta magnitude no metal nacional,
abrindo uma imensa avenida que se expande num manifesto audaz demonstrando como
o metal alternativo pode ser reinventado, fragmentado e reconstruído em
algo verdadeiramente original. [93%]
Highlights
Inverno, Holy Radical, Ser Humano,
Zaharim, Paz no Coração
- Impermanência
- Inverno
- Holy Radical
- Labirinto
Virtual
- Ser Humano
- Butterflies
- Zaharim
- Nossa
Senhora da Hora
- Prejudice
- Paz no
Coração
Line-up
David
Bitton – vocais, guitarras
João Faria - bateria
Hugo Capelo - baixo
João Corceiro - guitarras
Internet
Comentários
Enviar um comentário