Isolation Boulevard (SWEET)
(2024,
Metalville Records)
Desolation Boulevard é o
terceiro e um dos mais icónicos álbuns dos Sweet, tendo sido
originalmente lançado em 1974. Com o surgimento da pandemia e consequentes
confinamentos e isolamentos, os britânicos aproveitaram para gravar alguns dos
seus temas mais clássicos, aproveitando, também, a presença dos seus novos
membros Paul Manzi e Lee Small. O resultado é, inspirado no tal
terceiro álbum, Isolation Boulevard. E que mais podem pedir os fãs desta fantástica
e histórica banda que os seus clássicos a soar com uma nova e poderosa
produção, capazes de transmitir uma energia renovada? Provavelmente,
absolutamente mais nada! Mas,
este álbum é mais do que um simples revisitar de êxitos - é uma celebração da
resiliência criativa em tempos de isolamento. E, desde os acordes iniciais de Fox
On The Run até ao êxtase de Ballroom Blitz, cada faixa é um
testemunho de que a essência do hard rock/glam rock continua viva, sendo que a produção
moderna dá um toque fresco aos temas sem nunca trair a sua alma original. E é este
Isolantion Boulevard a mais forte afirmação
de que o rock nunca perde a sua
força, mesmo em tempos de isolamento. Uma audição obrigatória para os fãs dos Sweet e para todos os amantes de boas
malhas de puro e genuíno rock.
[95%]
Lost Tapes Vol. 2 (TRAPEZE)
(2024,
Metalville Records)
Os Trapeze marcaram a cena hard rock
dos anos 70 e deixaram uma herança significativa tanto através das suas obras
como pelo impacto de membros que integrariam formações lendárias como Deep
Purple, Whitesnake e Judas Priest. Depois de Lost Tapes
Vol. 1, surge a segunda parte onde vamos encontrar mais um tesouro de
faixas inéditas, gravadas em momentos distintos da carreira do grupo, muitas
vezes enquanto aprimoravam a sua arte em digressões quase ininterruptas. Esta
coleção é um vislumbre profundo da versatilidade e inovação do trio composto
por Mel Galley, Glen Hughes e Dave Holland em várias
fases. Entre os 14 temas, destaca-se Live Fast Die Laughing, a última
gravação de Mel Galley antes da sua morte em 2008. As faixas variam
entre momentos de puro hard rock, como Fighting e Way Back To
The Bone, incursões pelo funk rock em Can You Feel It? e Loser,
baladas emocionais como Coast To Coast, e até mesmo ares de country
rock em Must Be In Love. Uma diversidade que deixa evidente a
capacidade única dos Trapeze em experimentar diferentes estilos sem
perder a sua identidade musical. Quanto à origem dos temas, esta é
diversificada: algumas canções foram gravadas durante sessões ao vivo nos EUA,
enquanto outras nasceram em estúdios britânicos como Lee Sound e Larry’s
Garage. E também há faixas associadas às sessões do projeto Phenomena e
outras desenvolvidas com diferentes formações. Como já tinha acontecido com o
primeiro volume, também Lost Tapes Vol. 2 resgata uma história que
estava em risco de se perder, mostrando uma banda que foi uma força criativa
que moldou o hard rock. Um lançamento indispensável para os amantes do rock
clássico e para quem procura explorar as raízes do género. [92%]
The Forest (OUSIODES)
(2024, Shaded Moon
Entertainment)
O quarto álbum de Ousiodes, projeto de Ollie Bernstein, The
Forest, revela-se uma viagem peculiar pelo power metal de
influência nipónica, marcada por influências improváveis e alguma
experimentação. Este projeto a solo, que Bernstein conduz com a competência de
multi-instrumentista, apresenta-se, no entanto, limitado pela fraca produção e
pela ausência de uma banda que possa dar mais corpo à sonoridade. A inclusão de
duas faixas cantadas em japonês, assim como de duas baladas e instrumentais,
adiciona variedade ao álbum, mas nem sempre com o impacto desejado. A sua
formação em Berklee é perceptível nas passagens inspiradas pela Broadway e nas evoluídas
texturas de piano, enquanto as melodias natalícias e certas inovações, algo
dispensáveis, causam estranheza num trabalho que pretende ser de power
metal. Apesar disso, a qualidade dos solos e algumas
linhas vocais bem desenhadas - embora nem sempre executadas ao melhor nível - mostram
o potencial de Bernstein. No entanto, The Forest parece ainda à procura
do seu próprio caminho, oscilando entre o familiar e o excêntrico, numa
tentativa de juntar várias influências que nem sempre se integram
harmoniosamente. [75%]
Violenta (FABULÆ DRAMATIS)
(2024, Independente)
Doze anos depois da estreia Om e sete
depois de Solar Time’s Fables, os belgas Fabulæ Dramatis
apresentam Violenta, uma obra onde o metal progressivo se
entrelaça com influências latinas e sul-americanas, apresentando uma atmosfera
intensa, que tanto tem de originalidade, como de seguidismo. Dentro do primeiro
aspeto, este disco explora uma fusão de riffs sólidos e elementos
tribais, especialmente nas guitarras e na percussão. Uma nova abordagem que
mostra evolução e se distancia dos trabalhos anteriores, incorporando uma
estrutura melódica reforçada por spoken words que adicionam uma camada
de profundidade narrativa. Uma notável inserção da diversidade cultural e
paisagística da Colômbia, com referências à arte pré-colombiana e cenários da
Amazónia colombiana, transmitindo uma sonoridade quase visual. A segunda metade
do disco é onde melhor se sente este sentimento inovador. Por outro lado, na
primeira metade, o uso de riffs e estruturas de metal moderno e
de dualidade vocal estilo bela e o monstro, retiram ao coletivo a
oportunidade de terem uma maior dose de individualidade e personalidade. Dito
de outra forma, quando os Fabulæ Dramatis seguem as suas raízes
conseguem ser muito interessantes; quando se limitam a injetar riffs
pesadões e agressividade latente, tornam-se iguais a milhares de outras bandas.
[71%]
On The Verge Of Dreaming Again (SOL NEGATE)
(2024, Wormholedeath Records)
Sol Negate, o projeto de Edoardo Curatolo,
transporta-nos para um universo onde o metal progressivo, sinfónico e
extremo coabitam de forma quase cinematográfica. Desde o prelúdio até ao
postlúdio, On The Verge Of Dreaming Again assume-se como uma obra capaz
de apresentar uma assinalável densidade sonora, ao mesmo tempo que equilibra a
técnica com uma narrativa emotiva. Curatolo consegue orquestrar um conjunto
vasto de elementos sonoros – riffs precisos, orquestrações clássicas e
estruturas rítmicas desafiantes. Não é um álbum fácil; pelo contrário, exige
atenção aos pormenores, desde os tempos compostos que introduzem variações
complexas, até às mudanças de atmosfera que, a par de instrumentos modernos,
conferem um toque quase barroco. E é precisamente na união entre o clássico e o
extremo que reside a alma desta obra. Curatolo quis "pintar" com a
paleta do metal, sem cair nas formas tradicionais, e conseguiu alcançar
uma estética própria, onde a agressividade do death metal se cruza com o
lirismo das influências progressivas. [76%]
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