Reviews VN2000: FRITZ KAHN AND THE MIRACLES; ROME 56; WIZRD; THE FLYING CARAVAN; SUPER 8

 


Attila, The Crown (FRITZ KAHN AND THE MIRACLES)

(2024, Independente)

Depois de mais de duas décadas de carreira, Gonçalo Serras, aka Fritz Kahn, destaca-se pela capacidade de unir elementos de géneros como jazz, música neoclássica e música experimental. Com os The Miracles, lança um novo trabalho, o EP Attila, The Crown, que dá continuidade a Jonah, The Whale, mantendo o fio condutor conceptual e musical através da exploração de camadas harmónicas, revelando-se uma autêntica obra-prima minimalista. O músico do Entroncamento volta a captar a atenção com melodias brutais e profundas capazes de atingir delicadeza e intensidade emocional. Com apenas quatro faixas, Attila, The Crown confirma a capacidade que Fritz Kahn And The Miracles têm em transformar simplicidade em arte, consolidando o seu estatuto de excecional narrador sonoro. E este EP é mais uma evidência de um banquete auditivo que pede para ser degustado em cada nota. [92%]



 

Paradise Is Free (ROME 56)

(2024, Think Like A Key Music)

O mais recente álbum do projeto de Arthur Lamonica, Rome 56 intitula-se Paradise Is Free e é mais um convite nostálgico e vibrante ao mundo do power pop com influências de new wave e rock clássico dos anos 70 e 80, exalando um claro charme retro. Músicas como The Man Behind The Man With A Gun e At The End Of The Street têm uma vibração cinematográfica, ora remetendo para os filmes de espionagem, ora para os westerns. Já Give Myself Up To You exibe um vocal expressivo e uma melodia cativante. Num álbum onde elementos de artistas como Elvis Costello e Lou Reed podem ser apreciados em diversos momentos, especialmente em faixas como Invisible Man, deve ser feita uma referência à multiculturalidade dos músicos presentes, oriundos das mais diversas nacionalidades, o que adiciona riqueza à textura musical. Um esforço colaborativo que transcende barreiras geográficas e traduz um sentimento universal de conexão por meio da música. [75%]



 

Elements (WIZRD)

(2024, Karisma Records)

Elements é o segundo álbum da banda norueguesa Wizrd, sendo marcado por uma fusão ousada de géneros que exploram desde o rock e indie até ao jazz e prog, mas mantendo sempre uma coesão sonora bem distinta. O álbum exibe uma produção orgânica e vintage que transporta o ouvinte para as sonoridades psicadélicas dos anos 60 e 70, sendo que, por exemplo, faixas como Fire & Flames evocam a magia dos The Doors, com atmosferas hipnóticas e envolventes. A bateria, por vezes desenfreada, adiciona uma energia caótica que complementa os devaneios experimentais presentes ao longo do álbum. Como se isso não fosse suficiente, o coletivo ainda tem incursões pelo space rock e pelo experimentalismo, ampliando a paleta sonora da banda. Portanto, para quem gosta de ser desafiado no campo de um prog rock mais psicadélico e explorador, tem em Elements uma boa banda sonora para uma viagem pelos meandros da nostalgia retro e inovação contemporânea. [85%]



 

I Just Wanna Break Even (THE FLYING CARAVAN)

(2023, Wormholedeath Records)

O álbum I Just Wanna Break Even da banda espanhola The Flying Caravan é uma celebração nostálgica do rock progressivo dos anos 70, profundamente inspirado por bandas como Yes, Genesis, e o movimento Canterbury. Originalmente lançado em 2021 pela Paella Records, com posterior reedição, em 2023, a cargo da Wormholedeath Records, este disco duplo explora sonoridades complexas e atmosferas ricas, misturando influências do jazz, rock sinfónico e folk progressivo. O coletivo deixa bem patente neste trabalho a sua forma ambiciosa de composição: faixas longas, como The Bumpy Road To Knowledge (mais de 16 minutos) e a suite em sete partes A Fairy Tale for Grown-Ups (36 minutos) são composições intrincadas, repletas de mudanças de tempo, texturas variadas e lirismo introspetivo. A vocalista Izaga Plata apresenta uma performance de aparente fragilidade, embora delicada e emocional, sendo acompanhada pelos elaborados arranjos liderados pelo guitarrista Antonio Valiente e pelo teclista Juan José Sánchez, que criam momentos de virtuosismo instrumental e nuances melódicas. ​Adicionalmente, elementos como o uso de flauta, saxofone e guitarras com um toque mediterrânico enriquecem o cenário musical apresentado, sempre no respeito pela pureza e de fidelidade ao espírito do prog clássico. Sem dúvida que I Just Wanna Break Even é uma experiência exigente, mas que é compensada pela intensidade das camadas de detalhes e criatividade. [89%]



 

Retro Metro (SUPER 8)

(2024, Think Like A Key Music)

Retro Metro, o 11.º trabalho de Paul 'Trip' Ryan sob o nome artístico Super 8, apresenta doze canções originais, inspiradas pelo profundo amor do multi-instrumentista pela power pop dos anos 60 cruzado com o som da guitarra. Este álbum marca a sua estreia com a editora Think Like A Key Music e apresenta uma fusão harmoniosa de sonoridades inspiradas nessa década, com destaque para o jangle pop caraterístico de bandas como The Byrds. Retro Metro é um disco claramente encapsulado, com um conjunto de faixas curtas e frequentemente pouco desenvolvidas, mas que evocam a atmosfera ensolarada e vibrante da época, numa orientação claramente sunshine pop. Paul Ryan também inclui alguns elementos de folk, nomeadamente através do uso da harmónica, vetor importante para adicionar alguma versatilidade e criatividade. [70%]

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