Sob o véu de uma meia-noite perpétua, surge um
projeto que combina a introspeção sombria da literatura gótica com a
intensidade visceral do hard'n'heavy: My Darkest Red. O projeto emerge das cinzas dos
Poisonheart e Dreamhunter para dar voz a um universo onde o terror clássico e o
drama existencial se entrelaçam. Com Midnight Supremacy, o seu álbum de
estreia, a banda oferece uma experiência multifacetada: baladas melancólicas,
hinos poderosos e um toque experimental que transcende géneros. Fabio Perini e
Andrea Verginella contam-nos tudo.
Olá, pessoal, como estão? Muito obrigado pela vossa
disponibilidade! O vosso álbum de estreia, Midnight Supremacy, é descrito como uma mistura de rock
gótico com elementos clássicos de hard'n'heavy. Como é que os vossos
antecedentes em Poisonheart e Dreamhunter moldaram este novo projeto?
FABIO PERINI (FP): Olá,
Pedro! Estamos bem! Obrigado por esta entrevista! A experiência com os Dreamhunter
e os Poisonheart fez-nos conhecer os nossos meios. Podemos dizer que o
disco Till The Morning Light dos Poisonheart tem algo a partilhar
com a esfera dark e gótica, ainda que num estado embrionário. Esta
deriva espontânea para lugares obscuros do nosso som e composição levou-nos a
criar My Darkest Red.
O álbum tem fortes influências da literatura gótica e de filmes
de terror antigos. Podem dizer-nos como é que estes temas influenciaram a
composição de faixas como Miriam (She Wakes Up At
Midnight) e The House On The Hill?
FP: Miriam
é uma música inspirada no filme The Hunger, de 1983, de Tony Scott,
protagonizado por Catherine Deneuve e David Bowie. A letra, de
acordo com o enredo do filme, centra-se na solidão de uma mulher-vampiro que vê
os seus amantes envelhecerem e morrerem. Musicalmente, a canção tem um verso e
uma bridge orientados para o doom, enquanto no refrão o impacto
aumenta e surgem os violinos e o piano, instrumentos também presentes no filme.
A letra de The House On The Hill apresenta o clássico enredo de filme de
terror em que um grupo de pessoas se aventura numa casa abandonada. No entanto,
percebem logo que não estão sozinhos na casa e as pessoas começam a morrer.
Musicalmente, quisemos incluir uma repetição final que faz lembrar o final de
certos filmes de terror: parece que o vilão está morto, mas depois,
surpreendentemente, volta à vida e dá-se a luta final!
Mencionaram que o álbum explora vários estados de espírito e
géneros, desde baladas sombrias até hinos de arena-rock. Como é que conseguiram equilibrar estes estilos
diferentes mantendo um som coeso?
FP:
Pessoalmente, sempre apreciei discos que contêm diferentes nuances e que vão
desde canções poderosas a baladas emotivas. Quando escrevo, sou inevitavelmente
influenciado pelo estado de espírito do momento. Nunca me poderia forçar a
escrever uma balada triste se tenho sentimentos diferentes. Uma vez que as
canções do álbum foram compostas e arranjadas por pessoas diferentes ao longo
de um ano e meio, assumiram facilmente formas e emoções diferentes. No entanto,
todas elas têm em comum a procura de melodia e um manto de escuridão gótica que
permeia todo o álbum.
O projeto destaca a experimentação como um elemento-chave. Houve
algum desafio ou surpresa inesperada durante o processo criativo,
principalmente na fusão das influências do dark wave e do hard rock?
FP:
Agradeço por enfatizares o lado experimental do disco. Todos nós temos artistas
de referência, mas tentamos processar as nossas influências da forma mais
pessoal possível. Uma momento chave no processo criativo foi quando decidimos
incluir teclados e sintetizadores na nossa música. Isso acrescentou
profundidade ao nosso som, que era uma base sólida de hard rock/metal. O
resultado surpreendeu-nos até certo ponto e agora que o disco está a receber
tantas críticas positivas, estamos confiantes de que estamos no caminho certo.
O nosso som tornar-se-á cada vez mais definido no futuro.
Tematicamente, o álbum está dividido em Midnight Side e Supremacy Side. O que inspirou esta
dualidade e como é que as faixas refletem estes temas contrastantes?
ANDREA VERGINELLA
(AV): Em relação à lista de temas do álbum, achámos que era bom
brincar com a dualidade do título do álbum, criando dois grupos diferentes de
canções. Os ouvintes têm mais uma maneira de se relacionar com as músicas,
encontrando nas letras e na música suas próprias razões para colocá-las no lado
Midnight ou no lado Supremacy.
Fabio, o teu estilo vocal é frequentemente comparado a ícones
góticos como Dave Vanian e Andrew Eldritch. Como é que abordaste a tua
performance e, ao mesmo tempo, trouxeste a tua própria identidade para o álbum?
FP:
Muito obrigado pelas tuas palavras gentis. Essas justaposições são realmente um
grande elogio.
AV: A
vasta cultura musical do Fabio foi a chave para este resultado, bem como o
trabalho árduo realizado no estúdio Sonic Bang com a ajuda do coprodutor
Oscar Burato.
O processo de gravação no Sonic Bang Studio envolveu a
colaboração de convidados especiais, incluindo Mickey E. Vil nos teclados. Como
é que essas colaborações melhoraram a atmosfera geral do álbum?
AV: Os
teclados foram um divisor de águas. Adicionam profundidade e um toque de
maldade ao nosso som pesado.
FP:
Oscar, Sonny e Mickey fizeram um trabalho muito bom!
Depois do lançamento de Midnight Supremacy, quais são os vossos planos para fazer
digressões ou lançar material adicional, como vídeos musicais?
AV: Nas
últimas semanas lançamos quatro videoclipes que dão forma visual aos singles
de Midnight Supremacy. Atualmente, estamos a trabalhar arduamente na
sala de ensaios para ficarmos em forma para uma atuação ao vivo. Ao mesmo
tempo, estamos a compor novas músicas para o nosso próximo álbum!
Obrigado, pessoal. Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs
ou aos nossos leitores?
FP:
Obrigado pela oportunidade que nos deram. Descobri o Via Nocturna em
2017, quando fizeram a review dos Poisonheart e algumas faixas
foram incluídas no top 10 daquele ano. Tenho-vos seguido com carinho desde
então! Se gostaram da nossa Midnight Supremacy, passem a palavra e
sigam-nos nas nossas redes sociais: precisamos de vocês!
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