Entrevista: Silent Winter

 

Diretamente de Volos, na Grécia, os Silent Winter regressam com Utopia, um álbum que redefine os limites do seu som power metal. Nesta entrevista, o guitarrista Kiriakos Balanos, partilha detalhes sobre o processo criativo e a inspiração por trás de temas líricos profundos. Desde o simbolismo artístico da capa até à preparação para espetáculos ao vivo, mergulhamos na visão por trás do que muitos já consideram o trabalho mais maduro e ambicioso da banda.

 

Olá, Kiriakos, obrigado pela disponibilidade. Utopia é o vosso novo álbum e tem sido apresentado como o vosso melhor lançamento até agora. O que faz com que este álbum se destaque em relação ao vosso trabalho anterior?

Obrigado por nos receberem! Utopia parece o culminar de tudo o que trabalhámos como banda ao longo dos anos. Ele destaca-se pela sua composição refinada, produção poderosa e uma exploração profunda de temas que ressoam tanto com a fantasia quanto com a realidade. Nós esforçamo-nos musical e liricamente, incorporando elementos que destacam os pontos fortes de cada membro, mantendo a nossa assinatura de som power metal.

 

Podes falar-nos sobre o processo criativo por detrás de Utopia, especialmente o trabalho com Steve Lado e a gravação em Volos?

Trabalhar com Steve Lado foi uma experiência inspiradora. Ele trouxe novas perspetivas e uma abordagem meticulosa à produção que ajudou a elevar o som do álbum. Gravar em Volos, a nossa cidade natal, acrescentou uma camada de familiaridade e conforto que nos permitiu concentrarmo-nos em criar algo especial. O processo criativo foi intenso, mas gratificante, com inúmeras horas passadas a aperfeiçoar cada pormenor para dar vida à nossa visão de Utopia.

 

De que forma se dá a colaboração entre os membros dos Silent Winter durante o processo de composição e gravação das músicas? Cada membro traz ideias ou influências únicas?

Com certeza. Embora eu assuma a liderança na composição da música e na escrita das letras, todos os membros contribuem para dar forma às canções. Mike traz a sua incrível dinâmica vocal e interpretações, enquanto Vaggelis Papadimitriou e Maria acrescentam camadas de melodia e atmosfera através das suas partes de guitarra e teclado. John e Vaggelis Tsekouras asseguram que a secção rítmica é poderosa e precisa, acrescentando uma forte espinha dorsal à música. É um esforço de colaboração em que o contributo de todos melhora o produto final.

 

As vossas letras frequentemente abordam temas profundos e poderosos. Podes falar sobre as mensagens ou histórias centrais de Utopia?

O álbum explora temas de esperança, resiliência e a dualidade de ideais utópicos versus realidades duras. O álbum investiga o desejo humano de um mundo perfeito, as lutas para o alcançar e os sacrifícios muitas vezes necessários. Cada canção conta uma história, quer se trate de confrontar demónios interiores, de se erguer contra a tirania ou de refletir sobre renascimentos pessoais e coletivos.

 

Nas vossas entrevistas recentes, mencionaram temas como fantasia, história e até simbolismo nas vossas letras. Podes falar sobre algumas das mensagens mais profundas nas músicas de Utopia?

O álbum explora temas universais como liberdade, luta e autodescoberta. Faixas como Reborn e Silent Shadows mergulham na transformação pessoal, enquanto outras, como Manifest Of God, exploram ideias filosóficas e simbólicas. Cada canção convida os ouvintes a refletir sobre as suas próprias viagens.

 

Músicas como Reign Of The Tyrants e Manifest Of God têm títulos intrigantes. O que inspirou essas faixas e que histórias elas contam?

Reign Of The Tyrants baseia-se em fontes históricas e mitológicas, retratando uma batalha contra a opressão e a luta pela liberdade. Manifest Of God, por outro lado, explora a interação entre a intervenção divina e a ação humana, questionando o nosso papel na definição do destino. Ambas as canções transmitem mensagens de força e determinação perante a adversidade.

 

Utopia apresenta uma mistura de hinos power metal e momentos reflexivos. Podes dizer-nos como é trabalhado esse equilíbrio entre estes diferentes estados de espírito e energias na vossa música?

O nosso objetivo era criar uma viagem emocional para o ouvinte. Hinos de alta energia como We Burn The Future e Hellstorm proporcionam momentos de adrenalina, enquanto faixas como Heart Is A Lonely Hunter oferecem introspeção e profundidade emocional. Foi tudo uma questão de encontrar o fluxo certo, garantindo a coesão do álbum e dando a cada música a sua identidade única.

 

Voltando um pouco ao passado, os Silent Winter têm uma longa história, que remonta a 1995. Podes partilhar mais sobre os primeiros tempos da banda e o que levou à sua formação?

Os Silent Winter nasceram de uma paixão partilhada por heavy e power metal. Em meados dos anos 90, fomos fortemente influenciados por bandas como Helloween, Gamma Ray e Blind Guardian, que nos inspiraram a criar música que combinasse a riqueza melódica com atuações de alta energia. Os nossos primeiros dias foram dedicados à experimentação, à escrita e à construção de uma pequena, mas leal base de fãs.

 

Depois de se terem separado em 1999, o que vos motivou a reunir-se quase duas décadas depois, em 2018? O que acharam da resposta ao vosso EP The War Is Here?

O desejo de nos reunirmos veio de um sonho inacabado. Sentimos que era o momento certo para regressar, com energia e ideias renovadas. A resposta a The War Is Here foi esmagadora - confirmou que as pessoas ainda gostavam da nossa música e motivou-nos a continuar.

 

Que desafios enfrentaram quando se reuniram em 2018, e como é que as vossas experiências do passado influenciaram o vosso regresso à música?

A reunião teve a sua quota-parte de desafios, desde equilibrar compromissos pessoais até redescobrir a nossa química como banda. No entanto, as nossas experiências passadas ensinaram-nos a ter paciência e resiliência. Abordámos as coisas com uma mentalidade mais madura, o que nos ajudou a ultrapassar obstáculos e a concentrarmo-nos na criação de música de qualidade.

 

Como descreverias a evolução do estilo dos Silent Winter de The Circles of Hell (2019) até Utopia (2024)?

O nosso estilo tornou-se mais sofisticado e versátil. Enquanto The Circles Of Hell estabeleceu o nosso regresso com uma forte base de power metal, Utopia expande isso com composições mais ricas, temas mais profundos e uma produção mais polida. Mantivemo-nos fiéis às nossas raízes enquanto nos permitimos evoluir.

 

Voltando ao Utopia, a capa do álbum foi desenhada por ti. Qual foi a inspiração por trás do trabalho artístico e como é que ele reflete a temática do álbum?

O trabalho artístico simboliza o choque entre o idealismo e a realidade. Contém elementos que representam esperança, conflito e transformação, refletindo os temas do álbum. O processo de design foi uma mistura de imaginação e esforço meticuloso, com alguns refinamentos assistidos por IA para aumentar o impacto visual.

 

Há planos para uma digressão ou atuações ao vivo para promover Utopia? O que é que os fãs podem esperar de um espetáculo ao vivo dos Silent Winter?

Sim, estamos a planear vários espetáculos ao vivo para levar Utopia aos nossos fãs. Um concerto dos Silent Winter é sempre uma experiência de alta energia, combinando performances poderosas com uma ligação emocional com o público. Espera-se melodias épicas, solos intrincados e um sentido de unidade que define a nossa música.

 

Para os ouvintes que estão a descobrir Silent Winter pela primeira vez, o que gostariam que eles soubessem sobre a vossa música e visão?

A nossa música é uma celebração das ricas tradições do power metal, infundida com nossa energia e narrativa únicas. Esforçamo-nos por criar canções que inspirem e liguem, oferecendo tanto poder antémico como profundidade emocional. Quer seja um fã de longa data ou um novo ouvinte, Utopia é um convite para se juntar à nossa jornada. A todos os leitores da Via Nocturna, queremos enviar os nossos mais profundos agradecimentos pelo vosso apoio e paixão pela música metal. A viagem dos Silent Winter tem sido alimentada pela energia e dedicação de fãs como vocês. Com Utopia, pretendemos levar-vos numa aventura musical cheia de emoção, poder e esperança. Mantenham viva a chama do heavy metal, e esperamos vê-los em breve num espetáculo ao vivo perto de vocês. Mantenham-se fortes, stay metal e nunca deixem de perseguir os vossos sonhos!


Comentários

DISCO DO ANO 2024 - Categoria Outros Estilos: Venham Mais Vinte (2004-2024) (DUARTE) (AVM)

MÚSICA DA SEMANA #02/2025 VN2000: Dragonfall (ARTEFACTS) (Anti-Hero Records)