Reviews VN 2000: STATUS QUO; TZIMANI; FIREMAGE; EDIÇÃO DE AUTOR; KLAÏTON

 


Driving To Glory (STATUS QUO)

(2024, Explore Rights Management)

As lendas do rock/hard rock britânico Status Quo lançaram a sua nova coleção Driving To Glory, que inclui músicas raras indisponíveis há mais de 20 anos! O seu nome é icónico, a sua fama precede-os e não deve haver ninguém no mundo que não tenha já cantarolado alguns dos seus memoráveis hinos. De facto, os Status Quo perduram há mais de 50 anos e são conhecidos pelos êxitos mundiais e pelas digressões para milhões de fãs em todo o mundo. O que esta compilação nos traz agora, é a reunião, pela primeira vez, de muitas faixas raras da banda do final dos anos 90 e início dos anos 2000, algumas das quais não estavam disponíveis há mais de 20 anos. Até agora, muitas destas faixas só estavam disponíveis em singles, bandas sonoras ou em edições de álbuns apenas disponíveis num país. Entre as faixas, destacam-se Driving To Glory, Famous In The Last Century (aqui numa versão completa), uma nova versão de Whatever You Want e Don't Waste My Time (versão de 1998). Esta compilação remasterizada é apoiada pela banda e foi supervisionada pelo produtor original das gravações, Mike Paxman, que também escreveu as notas para este lançamento. Driving To Glory está disponível em CD com 14 faixas num luxuoso digipak de 6 painéis e em vinil de 7 faixas de 12” em picture disc. [87%]



 

I Feel Fine (TZIMANI)

(2024, Glory Or Death Records/Noize Cartel Records)

I Feel Fine é o título do aguardado álbum de estreia da dupla Tzimani, composta pelos irmãos Eddie e Seb Vazquez. Com oito faixas e uma duração de 34 minutos, o disco demonstra que os músicos procuram criar momentos marcantes e diversificados, tanto assentes numa orientalação mais orientada para o speed metal (We Stand And Fight), como para o hard rock assente em sintetizadores, que surgem pela primeira vez na banda (Haunting). Este é um esforço louvável que, apesar de interessante, poderia ter sido mais explorado em termos de profundidade e inovação. Já a faixa-título encerra o álbum com ganchos melódicos cativantes, embora se note a falta de uma progressão mais marcante que a destaque dentro do conjunto. Lançado pelas editoras Glory or Death Records (no formato vinil) e Noize Cartel Records (em digital), I Feel Fine é uma obra sólida, que, ainda assim, mostra algumas limitações, nomeadamente ao nível de arranjos previsíveis e pouca diversidade, o que limita o impacto global da obra. Indiscutivelmente, é um passo importante na trajetória da banda, mas deixa espaço para evolução em termos de composição e diversificação musical. Para já, fica evidente que os manos precisam de um impulso extra para se destacarem de forma mais consistente no panorama atual.  [71%]



 

Ignis (FIREMAGE)

(2024, Independente)

Formados em 2019 e já com três singles e uma demo, o EP Ignis marca o início de um novo capítulo para os Firemage, banda portuguesa de folk metal. Com raízes bem fincadas no paganismo e na tradição musical medieval, a banda transforma estas influências numa celebração intensa e dinâmica. São apenas 4 temas, mas capazes de demonstrar uma rica tapeçaria de sons, marcada pela diversidade rítmica e melódica. Cada faixa é uma viagem única, explorando passagens vigorosas e épicas e momentos mais introspetivos e melódicos. A produção equilibra com maestria os elementos acústicos e elétricos, o que dá espaço para a fusão entre guitarras poderosas, flautas evocativas e percussões que remetem à música tradicional. A revisitação de elementos medievais é outro ponto alto, com os portuenses a reinterpretar de forma criativa essas influências estilísticas dando-lhes uma nova vida ao combiná-las com arranjos modernos e uma narrativa lírica bem trabalhada. Ignis traz um conjunto de histórias narradas que nos transportam para cenários de rituais antigos, batalhas lendárias e a força espiritual do fogo, simbolizado no título do trabalho. E marca os Firemage como a grande revelação nacional deste ano. A partir daqui, ficamos, ansiosamente, à espera de algo em maior escala. [93%]



 

Edição de Autor Volume III (V/A)

(2024, Ethereal Sound Works)

Surgindo a partir de uma ideia original da extinta (e saudosa!) revista Lusitânia, a compilação Edição de Autor, é um verdadeiro tributo à diversidade e criatividade da cena rock e metal portuguesa. E o seu secesso mede-se pela continuidade, com o lançamento do 3º volume, desde 2022. Este novo capítulo reúne 10 faixas que, desta vez, atravessam o espectro das sonoridades mais pesadas e extremas. O desfile de poder começa com os Nothing More que trazem uma faixa de power metal de inspiração nipónica (e IA?) que, em pouco tempo, cria um ambiente enérgico e atmosférico ideal para introduzir a viagem sonora que se seguirá. E que começa logo com um dos mais jovens nomes desta lista e um dos grandes destaques deste ano, os Firemage. Este é um projeto de folk metal que encanta pela riqueza dos arranjos, demonstrando a capacidade de mesclar tradição e modernidade. A veia progressiva surge logo depois, com a presença dos Reverent Tales que trazem uma faixa de prog metal agressivo que alterna entre momentos de pura intensidade e passagens melancólicas, proporcionando uma experiência dinâmica e envolvente. A partir daqui, abram alas para as sonoridades ainda mais extremas, primeiro com o metalcore dos Grayout e depois com diversas escolas e variações distintas do death metal: o melodic a cargo dos Baltum, o deathgrind cortesia dos Peste Negra; o blackened deathcore dos Inhuman Architects e o ambient death metal dos Colosso, com uma colossal peça devastadora de 17 minutos que leva o ouvinte a uma exploração visceral e sombria. Para o fim fica guardado o romantismo capaz de criar paisagens sonoras tocantes e introspetivas do black metal atmosférico dos Pendle Hill e do doom dos Alkimista, que assinam em Viagem um dos melhores lançamentos do ano. E, mais uma vez se confirma que esta compilação Edição de Autor Volume III é muito mais do que uma simples compilação - é uma vitrine do talento emergente e consolidado de Portugal. Uma celebração que reforça a vitalidade e a inovação do metal lusitano, honrando a memória da Revista Lusitânia. [80%]



 

Behind The Ritual (KLAÏTON)

(2024, Independente

O EP de estreia dos Klaïton, intitulado Behind The Ritual, coloca a banda neerlandesa no radar do death metal europeu, embora com algumas reservas. Composto por cinco faixas e distribuídas por 19 minutos de duração, este trabalho funciona como um convite ao caos, com riffs pesados e uma secção rítmica implacável, embora lhe falte dinamismo suficiente para manter o interesse ao longo da sua curta duração. Os cinco temas apresentam uma temática incisiva e vocais agressivos, mas a estrutura pouco inovadora transparece muita violência e pouca profundidade. No geral, Behind The Ritual é uma estreia que revela o potencial dos Klaïton, mas também expõe áreas para melhoria. A banda demonstra confiança na sua abordagem, mas a consistência na execução e a originalidade são aspetos que deverão ser trabalhados em futuros lançamentos. [65%]

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