Live At KK’s Steel Mill (MAGNUM)
(2025, Steamhammer/SPV)
Live At KK's Steel Mill é o mais recente álbum ao vivo dos Magnum,
capturando o concerto realizado a 10 de dezembro de 2022 no KK's Steel Mill
em Wolverhampton, Inglaterra, que, na altura, marcava o final da digressão
europeia de apoio ao álbum The Monsters Roars. Lançado no dia em que se
comemora o primeiro aniversário do falecimento do fundador da banda, Tony
Clarkin, este lançamento é particularmente significativo por ser a última
gravação oficial ao vivo do guitarrista. O setlist inclui 16 faixas que
abrangem a extensa carreira da banda, desde clássicos como Kingdom Of
Madness e Days Of No Trust (ambos lançados como singles no
final do ano passado) até temas mais recentes como The Monster Roars. Kingdom
Of Madness, faz parte do álbum de estreia de 1978 e continua a ser um dos
temas mais tocados pela banda; Days Of No Trust, peça bem conhecida está
presente no álbum Wings Of Heaven de 1988 e carrega uma mensagem
política que continua atual nos dias de hoje. A terminar, fica a informação
que, para homenagear Tony Clarkin, os Magnum planeiam uma série
exclusiva de concertos intitulados Tribute To Tony no Reino Unido a
realizar ao longo deste mês. Nestas atuações, a filha de Clarkin, Dionne,
disponibilizará duas das guitarras favoritas do pai — a Telecaster
vermelha e a guitarra branca personalizada — como um tributo ao seu legado. [81%]
Live ID. (RIVERSIDE)
(2025, InsideOut Music)
O novo registo ao vivo dos Riverside, o
álbum Live ID. representa um
marco definitivo na carreira da banda polaca, consolidando o ciclo do aclamado ID.Entity
(2023) com uma experiência ao vivo memorável. Gravado a 1 de junho de 2024, no
COS Torwar em Varsóvia, o disco apresenta 12 temas que somam mais de 110
minutos de música que transcende o simples conceito de álbum ao vivo,
apresentando performances aprimoradas e reimaginações que reforçam a sua relevância
e a singularidade na cena progressiva contemporânea. Neste álbum, podemos ver a
banda a revisitar um repertório que equilibra material recente e já consagrado,
com interpretações dinâmicas de faixas como Landmine Blast, Big Tech
Brother e Self-Aware, presentes no seu mais recente ID.Entity,
além de revisitar clássicos como #Addicted, Panic Room e Conceiving
You. Esta conexão com trabalhos passados, como Anno Domini High
Definition (2009) e Second Life Syndrome (2005), reforça a narrativa
identitária da banda, enquanto a inclusão de faixas de ID.Entity reafirma
o momento de renovação artística que marcou o oitavo álbum de estúdio da banda.
E, transformando as suas criações em verdadeiros épicos ao vivo, a banda
reafirma a sua posição como um dos nomes mais relevantes do rock
progressivo moderno. Uma obra obrigatória para quem os viu, ou não, recentemente
em Portugal. No caso dos primeiros, um documento para guardar como memória
futura. [92%]
The Soldier – Act 1 (NEXT DEED)
(2024, Independente)
The Soldier – Act 1 é o novo trabalho dos Next Deed e é,
também, o primeiro de uma série conceptual inspirada na peça Woyzeck de Georg
Büchner. Ao longo de cinco faixas o coletivo luxemburguês, liderado pela
guitarrista Sue Scarano, apresenta e explora temas densos como a saúde
mental, os conflitos interpessoais e a paixão trágica, enquanto mergulham num
som que combina peso, melodia e uma produção limpa. A banda, formada em 2021,
traz uma abordagem que alia a intensidade do metal alternativo à
elegância melódica do rock moderno. Em The Soldier – Act 1,
percebe-se uma intenção clara de criar canções emotivas que ressoem tanto nos
fãs de Godsmack ou Alter Bridge como nos que procuram algo mais
próximo das raízes do grunge. É precisamente nesta interseção que temas
como Bulletproof, com a sua energia, e Rise
Again, que se destaca pela melodia intensa e emotiva, demonstram a
versatilidade da banda e a coesão do projeto. Das linhas de guitarra poderosas
de Sue Scarano às texturas rítmicas de Lou Metz e Romain Haas,
passando pela voz expressiva de Alain Hertges, The Soldier – Act 1
conduz-nos pela profundidade trazida pelo uso de samples e harmonias
subtis, sem perder de vista a simplicidade e a acessibilidade que definem o som
do grupo. [80%]
Mudsign (IONIZED)
(2024, Independente)
Com Mudsign, os portugueses Ionized
continuam a sua fascinante exploração sonora, consolidando e expandindo a
identidade estabelecida em Denary Breath. Desde o primeiro momento, o
disco revela um equilíbrio entre poliritmos intricados e uma complexidade
estrutural que obriga o ouvinte a uma audição atenta e reiterada, nomeadamente
logo nos três primeiros longos temas. Estes foram os que mais nos
impressionaram, pela sua longa duração e pelo facto de, logo ali, assumirem o
papel de pilar estruturante do disco. Os Ionized têm a ousadia de buscar
sonoridades pouco óbvias, cruzando momentos atmosféricos com explosões de
intensidade e agressividade. Por isso Mudsign é, indiscutivelmente, um
trabalho ambicioso, que exige do ouvinte a mesma entrega que os músicos
colocaram na sua criação. Para isso também contribui a componente de experimentação,
que aqui surge mais apurada e integrada, canalizada para servir o todo em vez
de se destacar isoladamente. O recurso ao spoken word é outra das marcas
de Mudsign. Esta abordagem confere uma dimensão teatral, transportando o
ouvinte para terrenos emocionalmente densos e intelectualmente estimulantes. Mudsign
revela uma banda em pleno controlo do seu discurso musical, carregando evolução
e ousadia criativa naquela que é uma das propostas mais intrigantes da cena
musical contemporânea portuguesa. [80%]
Inferno (CONGRUITY)
(2024, BoneSaw Entertainment)
Compostos por Hugo Bezuga (bateria), Victor Sapage (voz e baixo) e Jorge André (guitarra), os Congruity assinaram no final de 2024 o seu novo álbum, Inferno. São apenas 26 minutos, mas são suficientes para se revelarem uma verdadeira tempestade sonora e um testemunho visceral do caos e da destruição. Este é um registo de pura agressividade, onde brutalidade e intensidade se fundem numa experiência apocalíptica de um death metal impiedoso e adornado por elementos como fogo, água e gritos humanos, recriando um cenário de colapso e desespero. Ou seja, como o seu título deixa transparecer, um verdadeiro inferno, onde as faixas funcionam como peças na construção de uma paisagem sonora caótica e arrasadora. Este Inferno dos Congruity é um local onde os guturais profundos de Sapage comandam a narrativa, enquanto a bateria de Bezuga avança como um martelo implacável, deixando tudo em ruínas à sua passagem. E é um testemunho do poder maléfico e demolidor da banda e uma promessa de que o apocalipse sonoro está longe de terminar. [65%]
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