Entrevista: Destroyers Of All

 

Seis anos depois de The Vile Manifesto, os Destroyers Of All regressam com In Darkness We Remain, um álbum que reflete maturidade, evolução e equilíbrio entre agressividade e melodia. A longa espera trouxe desafios, mas também oportunidades para a banda explorar novas abordagens na composição e produção. Por isso, entre raízes progressivas, grooves marcantes e até uma inesperada reinterpretação de um clássico, os Destroyers Of All mostram que continuam firmes e com muito para oferecer. Confiram o que a banda nacional tem para nos dizer.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Antes de mais deixem-me dar os parabéns por este belo novo trabalho. Passaram seis anos desde o The Vile Manifesto. Que razões estiveram na base deste longo intervalo de tempo?

Várias foram as razões que nos fizeram prolongar o dia do lançamento deste álbum. Em primeiro lugar, o confinamento devido à pandemia. Foi uma fase em que não nos foi possível trabalhar em conjunto de forma presencial, apenas à distância, o que nunca é tão produtivo. Depois quisemos dedicar-nos com calma ao processo de composição e pré-produção, onde tentámos ao máximo estruturar as músicas de forma a todos ficarmos satisfeitos com o resultado. Seguiu-se então o período de gravação em estúdio e depois toda a burocracia que envolve o lançamento de um álbum. Assim, passaram-se 6 anos.

 

O vosso regresso é, então, feito com In Darkness We Remain. Como descreveriam a evolução sonora da banda neste novo trabalho?

Comparativamente ao The Vile Manifesto, tentámos fazer um álbum com mais groove e que também fosse mais catchy, tornando-se mais fácil de entrar na cabeça. Tentámos dedicar-nos ao máximo para que todas as músicas pudessem soar de forma mais orgânica possível. 

 

Os Destroyers Of All mantêm a mesma formação desde o EP Into The Fire. O que consideram ser crucial para manter esta estabilidade e de que forma isso se reflete na vossa música?

É quase um feito histórico dentro de uma banda de metal, poder manter a mesma formação desde o início, e já lá vão 13 anos. O fator mais crucial para que isto seja possível é a paixão que todos temos pela música e podermos tocar juntos. Como em qualquer relacionamento temos os nossos altos e baixos também, mas no fim todos temos os mesmos objetivos em comum.

 

The Vile Manifesto tinha uma abordagem mais direta e agressiva. Desta vez, o que vos levou a trazer de volta elementos das vossas raízes progressivas e técnicas?

Acaba tudo por acontecer de uma forma natural. Mas desde o início que achámos que o caminho seria fazer um novo álbum diferente do anterior. Com isso acabamos por voltar um pouco mais às raízes, mas tentando implementar um pouco mais de groove nas músicas.

 

Durante a pandemia, a banda esteve focada na composição. De que forma esse período de pausa influenciou o processo criativo e a maturidade das novas composições?

Foi um período em que pouco estivemos juntos, íamos mantendo o contacto de forma online e cada um aproveitou para trabalhar e compor de forma mais isolada. Mas o objetivo é sempre que todos possam dar o seu contributo em cada um dos temas.

 

Em termos líricos, In Darkness We Remain tem algum conceito unificador ou cada faixa explora temas distintos?

De uma forma geral, cada música tem a sua própria identidade, desenvolvida em torno de um tema que considerámos adequado à sonoridade e à mensagem que queríamos transmitir. Por exemplo, temos músicas que abordam o sentimento de perda na vida de uma pessoa, as consequências do abuso de drogas e a perceção de alguém com Alzheimer, consciente de que, um dia, continuará a viver, mas perderá a sua identidade. Posto isto, embora cada música tenha a sua própria temática, o álbum como um todo gira em torno de assuntos interligados, criando uma conexão entre as faixas.  

 

Os temas Insaniam, Gehenna e Ritual já tiveram vídeos lançados antes do álbum. Qual foi o critério para a escolha destas faixas como singles?

Escolhemos estes temas pois achamos que iriam representar bem aquilo que queríamos transmitir com o novo álbum. Na verdade, qualquer tema podia ter sido escolhido, foi difícil para nós fazer esta seleção, o que demonstra a nossa satisfação com todo o álbum do início ao fim. 

 

E também, embora há mais tempo, While My Guitar Gently Weeps, um tema que volta a aparecer e que pode surpreender alguns fãs. Como surgiu esta ideia e o que vos motivou a reinterpretar este clássico?

Esta ideia surgiu através do nosso baixista Bruno da Silva, que um dia nos mostrou uma pré-produção que tinha feito a jeito de brincadeira desta música. Gostámos tanto do resultado que achámos que seria uma boa ideia trabalhá-la ao nosso estilo. Aliado a isto, o nosso amigo João Freitas (Aiodos), convidou-nos para gravar um tema no Arda Recorders no Porto, como trabalho final do seu curso de Produção Áudio, onde seria avaliado pela captação e masterização. Aproveitámos então a oportunidade para gravar esta cover.

 

Neste tema podemos notar alguns teclados. Quem os tocou e qual foi a intenção para serem inseridos?

Sempre gostámos de explorar várias sonoridades, e temos elementos na banda com influências de rock dos anos 60 e 70, onde o som dos teclados, nomeadamente o órgão Hammond, era muito utilizado. Assim o nosso guitarrista, Alexandre Correia tocou também as teclas para que essa sonoridade pudesse estar também um pouco presente neste tema.

 

Já que falamos de temas, como é que surge Cold, algo completamente distinto do restante álbum?

De novo as nossas influências em bandas nos anos 70 a manifestarem-se. Este foi um tema que o Guilherme compôs, talvez fazendo lembrar Planet Caravan dos Black Sabbath. Achámos que seria ideal para colocar a meio do disco, fazendo uma pausa nos temas mais intensos, de modo a deixar respirar um pouco.

 

O álbum foi novamente produzido com João Dourado no Golden Jack Studios. Como descreveriam o trabalho conjunto e o que procuraram alcançar na produção desta vez?

A nossa história com o João Dourado já vem de uma longa amizade que existia antes de Destroyers. É alguém que já conhecemos e com quem queremos sempre trabalhar. A sua perícia em estúdio facilita muito o nosso trabalho.  Desta vez procurámos ter uma produção com as guitarras mais presentes na linha da frente.

 

O álbum foi lançado de forma independente. Foi uma opção estratégica ou circunstancial? Como estão a encarar a divulgação e distribuição sem o suporte de uma editora?

Após termos contactado várias editoras, onde até recebemos respostas positivas em como gostariam de lançar o nosso álbum, achámos que, ainda assim, seria melhor para nós lançarmos de forma independente. Optámos foi por contratar um serviço de PR para tratar do plano de lançamento e divulgação.

 

Para terminar, olhando para o futuro: que planos têm para promover o álbum ao vivo e que expectativas têm para esta nova fase dos Destroyers Of All?

Temos estado a marcar datas de concertos como modo de promover o álbum, seja em festivais ou espaços de música ao vivo. O próximo será hoje, no River Stone Winterfest, em Penafiel. Esperamos percorrer o país de Norte a Sul e tentar ir lá fora por alguns dias. Tudo o que surgir é bem-vindo, nesta fase queremos divertir-nos a fazer o que mais gostamos, e se com isso houver quem goste de nos ver e ouvir, melhor ainda.

 

Por fim, que mensagem gostariam de deixar aos vossos fãs e aos vossos fãs?

Desde já agradecer a quem nos tem acompanhado ao longo de todos estes anos. A todos os que marcam presença nos nossos concertos, aos que compram e usam o nosso merch, que aturam a nossa conversa e a nossa música, obrigado a todos e esperamos ter mais oportunidades para convivermos juntos!

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