Live
Report : Dynazty + NanowaR Of Steel + Kilmara
26
de fevereiro de 2025
Machine
du Moulin Rouge, Paris
Foi no passado dia 26 de fevereiro (quarta-feira) que a agência Garmonbozia fez chegar ao La Machine du Moulin Rouge a ampla digressão que une os espanhóis Kilmara, os italianos NanowaR of Steel, e suecos Dynazty que encerraram a noite. Uma vez que esta tour não passa por Portugal, coube aos nossos correspondentes franceses fazerem a cobertura deste concerto para que saibam tudo sobre este encontro francês, cheio de cabelos compridos e riffs épicos, à sombra das asas do famoso moinho de vento.
Assim que se entra na sala, é dada uma pista do que nos espera. Os kakemonos, que parecem máquinas de arcada, colocados de ambos os lados do palco, fazem lembrar Dragonforce a quem, como eu, ainda não conhece os catalães Kilmara. Mais tarde, viria a saber que os gráficos foram baseados em elementos da capa do seu quarto álbum, Journey To She Sun, lançado há menos de um mês (31 de janeiro de 2025), que está em destaque. Com a mesma coerência, os membros da banda aparecem vestidos com fatos de macaco, como se tivessem acabado de aterrar nos anos 90 com a sua nave espacial, se bem que o vaivém vai ter de ser revisto, porque é com um problema de gravação que o concerto começa. Longe de se aborrecerem com o mau início, a banda encara a situação com naturalidade e tira o melhor partido dela com uma sinceridade que os torna imediatamente cativantes. Este falso arranque e outros problemas técnicos (algumas noites são assim... mas o espetáculo tem de continuar!), em nada diminuem a sua performance. O power metal dos Kilmara é bem trabalhado, cheio de energia e espontaneidade. O espetáculo de palco é bem polido, com interações bem elaboradas entre os músicos. Daniel Ponce, na voz, fala regularmente com o público e mostra claramente a sua alegria de tocar. O set de 45 minutos, confortável para um ato de abertura, permitiu-nos descobrir uma banda muito animada e disponível: o encontro continua na mesa de merchandising para aqueles que desejam trocar algumas palavras com os membros.
Apenas 15
minutos para recuperar o fôlego, e a loucura romana está prestes a tomar conta
do palco. Depois de um Petit Bain insano em 2023, e de um Trianon
superexcitado em 2024, esta é a terceira vez que tenho a oportunidade de
assistir a um espetáculo dos NanowaR. Pois sim, cada vez é um verdadeiro
espetáculo cheio de surpresas, onde a Musa da Estupidez encontra a Musa das
Piadas. Este tipo de estudantes atrasados mentais é bem conhecido na comunidade
do metal aqui em França, como o comprova o grande número de membros na
plateia que usam orgulhosamente uma das suas t-shirts. Toda a gente
espera ouvir os seus clássicos preferidos, mas a discografia está repleta de
êxitos e a setlist tem de caber nos 45 minutos previstos. Frustrante!
Especialmente desde a sua última visita à capital, estes alegres arruaceiros
têm estado a inventar novos delírios musicais. Publicadas para o lançamento do
álbum de aniversário XX Years of Steel, estas faixas inéditas não
ficaram em Itália, e ainda bem que assim foi! Stormwarrior Of The Storm
e, mais tarde, HelloWorld.java, são retomadas em coro pelo público e
encaixam na perfeição com outros êxitos como Sober, Uranus, Disco
Metal e Norwegian Reggaeton. Ausentes do Trianon, Pasadena
1994 é aplaudido de pé pelo seu regresso. As esperadas figuras de estilo
estão, naturalmente, presentes, com a famosa parede do amor em Careless
Whisper de George Michael, onde abraços e beijos tomam o lugar das
habituais tatuagens duras. Barbagianni não consegue descolar, mas salta em Il
Cacciatore Della Notte, antes de Brave Margot ser cantada. Na língua
de Molière e com Nils Courbaron na guitarra convidada! Nunca saberemos o
que Brassens achou deste cover, mas é bem provável que, apanhado na
atmosfera, também ele tenha batido na mesa do IKEA Lack ao som de Valhalleluja.
Resta-nos esperar que os NanowaR sejam o cabeça de cartaz da sua próxima
digressão, o seu absurdo merece o melhor palco!
Roma e
Estocolmo ficam a 2549 km de distância, mas são apenas 15 minutos para aqueles
que se apresentam como “a única banda séria da noite”. Os conhecedores
reconhecem Nils Molin, também vocalista dos Amaranthe. Enrola-se
ao vento com todo o seu carisma e entusiasmo, acompanhado pelo baixista dos Pain,
Jonathan Olson. Visto no final de janeiro de 2025 no Bataclan, este
simpático rapaz já está de volta a França, para deleite dos ouvidos franceses!
Das três
bandas presentes, os Dynazty têm a vantagem de conhecer o palco onde
estão a tocar, uma vez que a sua última atuação em Paris foi neste mesmo local
em 2023. Esta noite, Game of Faces é o centro das atenções, e não apenas
no cenário. Lançado a 14 de fevereiro de 2025, este nono trabalho (o primeiro
desde que assinaram com a Nuclear Blast) foi recebido com aclamação pela
crítica. Mais ásperas, mais imediatas, as novas canções foram feitas para serem
tocadas ao vivo. Um espaço para as vozes dinâmicas de Nils, o baixo pesado de
Jonathan e os solos dos talentosos guitarristas Mike Lavér e Love
Magnusson.
As coisas
rapidamente se tornam claras, com uma abertura dupla descomprometida: Fortune
Favors The Brave, seguida de Game Of Faces, colocam a fasquia alta e
captam o público. Os êxitos Natural Born Killer, The Grey e Waterfall,
retirados dos três álbuns anteriores, oferecem uma retrospetiva eficaz da sua
discografia. Quase a meio do alinhamento, dão lugar a dois medleys, uma
especialidade desta EU Tour 2025. Primeiro Instinct/The White/Highway
Star, depois My Darkest Hour/Power Of Will/Yours em versão acústica.
Um exercício tão surpreendente quanto eficaz, em que cada membro dá rédea solta
à sua arte e oferece o melhor lugar, na ribalta. A segunda parte do concerto
segue um ritmo semelhante, misturando êxitos como Yours, Presence Of
Mind, The Human Paradox, e faixas do novo álbum (Call Of The
Night, Dream Of Spring). A receita funciona muito bem, pontuada pelo
furioso solo de bateria de Georg Härnsten Egg.
No final
do concerto, Nils decide aquecer o público uma última vez e pede a ambos os
lados da sala para assumirem as suas letras. No jogo de quem é o mais
barulhento, é obviamente uma confusão feliz, e toda a gente acaba a berrar Heartless
Madness a plenos pulmões, com sorrisos nos rostos, vozes rachadas e camisas
encharcadas!
É difícil
dizer qual dos Kilmara, NanowaR ou Dynazty atraiu a
multidão esta noite. A contagem das t-shirts daria a vantagem aos
italianos por uma pequena margem, mas tendo em conta a banca de merchandising
do público, os suecos claramente não foram meros coadjuvantes. Seja como for,
todas as bandas se divertiram imenso e conquistaram novos fãs. Uma noite
equilibrada, com bandas complementares, para uma grande vitória do power
metal!
Um grande
obrigado à Garmonbozia pela acreditação!
Matthieu/Guiz'
para ViaNocturna 2000
Setlist
Nanowar of Steel
Sober
Stormwarrior
of the Storm
Pasadena
1994
Wall of
Love (Based on Careless Whisper, George Michael cover)
Disco
Metal
...And
Then I Noticed That She Was a Gargoyle
Uranus
HelloWorld.java
Il cacciatore
della notte
Norwegian
Reggaeton
Brave
Margot (Georges Brassens cover) (En français ! With Nils Courbaron as guest.)
La Polenta
Taragnarock
Valhalleluja
Setlist
Dynazty
Fortune
Favors the Brave
Game of
Faces
Natural
Born Killer
The Grey
Waterfall
Instinct /
The White / Highway Star
My Darkest
Hour / Power of Will / Yours (Acoustic)
Yours
Call of
the Night
Drum Solo
Presence
of Mind
The Human
Paradox
Dream of
Spring
Heartless Madness
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