Entrevista: All Against

 

Com uma impressionante regularidade, os All Against voltam à carga com Straight Down To Hell, o seu terceiro registo de originais. Mantendo o pulso firme e a contundência que os carateriza, a banda lisboeta continua a sua cruzada de crítica social e sonora, agora sob a chancela da Raging Planet. Depois de The Day Of Reckoning ter conquistado os nossos tops de 2023, era inevitável voltarmos a falar com Bruno Romão sobre este novo capítulo. Como sempre, sem rodeios, e com a mesma garra e frontalidade que se escuta nos discos.

 

Olá, Bruno, tudo bem? Mais uma vez, obrigado pela disponibilidade. Como tem sido a vida dos All Against nestes dois anos desde a última vez que falámos?

Antes de mais, gostaríamos de agradecer o facto de terem escolhido o nosso álbum anterior como o melhor de 2023, e de terem inclusive escolhido a mim e ao Sérgio Correia como os melhores guitarristas desse ano. Bem, nós gostamos de ter sempre algo para trabalhar, seja em músicas seja em videoclipes. Estar parados não é algo que esteja presente no nosso gene de All Against. Há sempre qualquer coisa que podemos melhorar.

 

Mantendo esses rigorosos intervalos de dois anos entre álbuns, Straight Down To Hell é o vosso terceiro álbum de estúdio. Como descreveriam a evolução sonora da banda desde The Day Of Reckoning até este novo trabalho?

Bem, nós achamos que foi uma boa evolução desde o álbum anterior, em comparação a este mais recente. Penso que este novo álbum retrata bem a nossa identidade enquanto banda, e a nossa evolução enquanto músicos.

 

Dos oito temas do álbum, cinco foram sendo lançados como singles ao longo do último ano. Qual foi a intenção para esta opção?

A ideia aqui foi ir divulgando os temas como singles, de modo que fossemos pouco a pouco, criando o momento para o lançamento do nosso novo álbum.

 

Um dos singles, Upside Down Humanity, apresenta uma crítica às injustiças da sociedade moderna. Que mensagens esperam transmitir com este tema e como reflete a atual direção lírica da banda?

Aqui retratamos muitos, muitos temas do nosso dia a dia. Parece que desde a época em que estivemos confinados devido ao Covid-19, que a população no geral embruteceu, e que desde então tudo se tornou ofensivo para tudo e todos. A imagem do nosso videoclipe, retrata também a falta de público nos concertos de hoje em dia, onde as bandas cada vez lutam mais, para ter palco e visibilidade.

 

Aliás, as vossas letras frequentemente abordam temas sociais e políticos. Consideram que a música tem um papel fundamental na conscientização e reflexão sobre estas questões?

Nós queremos acreditar que sim. Aliás o nosso tema em português, retrata mesmo essa situação em diversos temas políticos e sociais. Nós usamos a nossa música como forma de chegar às pessoas e transmitir a nossa mensagem.

 

Na nossa conversa anterior, mencionaram que o processo de composição começa com a criação da base da música em formato digital, seguida de trabalho conjunto em estúdio. Este método manteve-se durante a produção de Straight Down To Hell, ou houve alguma mudança significativa no vosso processo criativo?

Método campeão não se muda. Mantemos a mesma estrutura de composição.

 

No vosso álbum anterior, The Day Of Reckoning, incluíram a faixa Rebelião em português. Em Straight Down To Hell, voltam a utilizar a língua portuguesa na faixa Nação Valente e Imor(t)al. O que vos motiva a incorporar temas em português nos vossos álbuns e como sentem que o público reage a estas músicas?

Achamos que não devemos descuidar a nossa língua mãe, e que em português também se faz boa música. Curiosamente o tema anterior foi bem aceite e ao vivo é um dos temas que faz mexer e bem, por isso acreditamos que esta nova música não fique atrás.

 

Este novo álbum foi gravado nos estúdios Nox Messor com o produtor Tiago Mesquita. Como foi trabalhar com ele e de que forma a sua contribuição influenciou o resultado final do álbum?

Nós gostamos de trabalhar com o Tiago. É um produtor exigente e que dá bastantes ideias válidas. Já tínhamos repetido a dose com ele no álbum anterior, e sabíamos o valor que ele traz e acrescenta no álbum.

 

Straight Down To Hell marca a vossa chegada à Raging Planet. Como surgiu esta parceria e o que esperam alcançar com este lançamento através desta editora?

Infelizmente a label da Amazing Records deixou de existir, e iríamos ficar sem uma editora. O Ivo da Amazing já tinha sondado o Makosh da Raging Planet sobre a nossa banda, e ele também conhecia a banda. Agendamos uma reunião onde acertamos e falamos sobre o que era possível fazer e o que era benéfico para ambos (banda e label) e assim foi.

 

Desde a vossa formação em 2015, têm sido uma presença constante na cena metal nacional. Como veem a atual cena em Portugal e que desafios têm enfrentado como banda ao longo dos anos?

Achamos que efetivamente existem muitas e boas bandas espalhadas de norte a sul. Temos muitos eventos mais a centro e norte, se bem que no sul o público dispersa muito. Temos sido muito bem recebidos nos eventos que somos convidados, e notamos que cada vez há mais cuidados com a qualidade das bandas nos eventos.

 

Com o lançamento de Straight Down To Hell, que planos têm para a promoção do álbum? Podemos esperar uma digressão nacional ou mesmo internacional nos próximos tempos?

Sim estamos a planear fazer algo fora de Portugal, tentar chegar a outro público. Acreditamos que temos capacidade e qualidade para isso,

 

Por fim, para os fãs que vos acompanham desde o início e para aqueles que agora vos descobrem, que mensagem gostariam de deixar sobre este novo capítulo na história dos All Against?

O nosso muito obrigado a todos os que de algum modo ajudam a banda, seja a ouvir a música, a fazer uma partilha, a comprar o cd ou merch. Estamos vivos e de boa saúde, e o esgaço veio para ficar. Apoiem as bandas e apareçam nos eventos.

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