Formados em 2010, os Dragonsclaw rapidamente conquistaram o underground metálico com o seu heavy/power metal
intenso, afirmando-se através dos discos Prophecy (2011) e Judgement
Day (2013). Contudo, a vida e os inúmeros compromissos profissionais e
artísticos dos seus membros acabaram por ditar uma longa pausa. Depois de mais
de uma década de silêncio editorial, estão finalmente de regresso com o muito
aguardado Moving Target. Para nos falar sobre este regresso, a criação do
novo álbum e os desafios de conciliar diferentes mundos musicais, estivemos à conversa
com Giles Lavery.
Olá, Giles, obrigado pela
disponibilidade! Já se passaram doze anos desde Judgement
Day. Quais foram as principais razões por trás de uma pausa
tão longa e o que finalmente vos motivou a trazer os Dragonsclaw de volta com Moving
Target?
A culpa é
principalmente minha, fiquei muito ocupado com a minha empresa de gestão
(gerencio bandas como Girlschool, Raven, Onslaught etc.), além disso, como membro dos Warlord e dos Alcatrazz,
passei os últimos anos na estrada... Os Dragonsclaw
nunca se separaram, apenas a vida atrapalhou! Mas, novamente, a minha vida e o
meu trabalho atrapalharam; esse foi o principal problema... Estou muito feliz
por finalmente estarmos aqui com um novo álbum depois de tanto tempo.
Moving Target
apresenta uma formação impressionante, incluindo membros dos Warlord e vários
convidados especiais, como Todd Michael Hall e Joe Stump. Como decidiste essas
colaborações e o que cada um deles trouxe para o som e a atmosfera do álbum?
Dependeu da música...
por exemplo... achei que Shadowfire
tinha um pouco do estilo dos Riot
(era Thundersteel/Privilege Of Power), por isso perguntei
ao Todd se gostaria de cantar nela, e ele ficou feliz em fazê-lo... Para a
música Raise Your Fist, achei que era
um pouco mais do estilo Skid Row, e
eu trabalho com Joe Stump na nossa
banda Alcatrazz, e sempre quis
ouvi-lo tocar um estilo mais hard rock...
por isso achamos que seria interessante... na verdade, foi o nosso guitarrista
Ben quem o sugeriu.
Mencionaste
que a direção musical foi imaginada como «se os Judas Priest tivessem feito um
álbum entre Defenders Of The Faith e Turbo».
O que te levou a escolher essa época específica como ponto de referência e como
a adaptaste à identidade dos Dragonsclaw?
Era
essencialmente uma forma de descrever o estilo heavy metal, mas com
refrões acessíveis e uso de teclados... Adoro esses dois álbuns dos Judas
Priest e acho que também me referi aos Virgin Steele e Age Of
Consent da mesma forma... acho que a atmosfera proporcionada pelos teclados
funciona muito bem com o heavy metal tradicional. Quanto à identidade dos
Dragonsclaw, as nossas influências são quem nos tornamos através do
nosso próprio filtro musical, por isso acho que foi uma evolução natural. É o
meu favorito dos três álbuns dos Dragonsclaw. Estou muito feliz com o
resultado.
Os
teclados têm, então, um papel muito proeminente neste álbum, moldando a
atmosfera e o drama. Essa ênfase foi algo que quisessem explorar desde o início
da banda ou surgiu naturalmente no processo de composição de Moving
Target?
Era algo que
tínhamos em mente desde o início, mas acho que só se concretizou totalmente
neste álbum, pois sinto que a composição desta vez leva a mais espaço e margem
para a atmosfera... Jimmy Waldo também é muito bom no que faz... ele tem
um instinto musical que lhe permite saber o que é certo para um projeto.
Faixas
como Shadowfire e (Tell Me) All Your Lies
mostram dois lados diferentes do álbum, um rápido e poderoso, o outro mais
melódico e acessível. Foi uma decisão consciente equilibrar esses elementos, ou
a variedade surgiu naturalmente à medida que as músicas foram sendo
desenvolvidas?
Surgiu
naturalmente, nada foi calculado. Eu e o Ben queríamos expandir um pouco mais
como compositores; o primeiro álbum é praticamente todo power metal
rápido e isso refletia quem éramos naquela altura... e é um álbum fixe... Moving
Target, porém, é o meu favorito dos três álbuns até agora, com um melhor
equilíbrio de estilos e dinâmicas.
Thomas
Mergler contribuiu como coprodutor e também como músico em (Tell
Me) All Your Lies. Quão importante foi o seu papel na definição do som geral
e na produção final de Moving Target?
Ele foi MUITO
importante para reunir anos e anos de gravações e dar sentido ao caos... e
colocar as coisas em ordem e fazer um disco com um som excelente. Ele até toca
guitarra numa música (Tell Me All Your Lies).
O teu
estilo vocal pode ser descrito como uma mistura de Michael Kiske, Geoff Tate e
Ronnie James Dio. Como abordas a tua performance vocal para servir as músicas
dos Dragonsclaw?
Eu não escrevi
isso, uau... Eu nunca me compararia a esses grandes nomes... Eu tento fazer com
que cada linha de uma música soe pelo menos interessante e adicionar um pouco
de personalidade à música... “O que estou a dizer e como devo dizer isso?” ...
fraseado e cadência e construir a partir daí.
Com
membros baseados em diferentes países e agendas ocupadas noutras bandas, quão
desafiante foi coordenar o processo de gravação e produção de Moving
Target?
Muitas noites
tardias e zooms (risos)! ... de cá para lá... mas muito mais fácil do
que se imagina.
A
capa do álbum tem uma identidade visual forte e marcante. De que forma se liga
aos temas e energia das músicas do Moving Target?
Isso vem
principalmente do meu interesse por programas de TV e filmes cult dos
anos 80. Essa é uma paixão tão grande que estou a pensar em criar um blog/site
dedicado a eles... há tantos programas esquecidos ou pouco conhecidos que eu
adoraria chamar mais atenção... A arte tem aquela vibe dos programas de
ação/drama da TV de meados dos anos 80...
Por
fim, olhando para o futuro, achas que os Dragonsclaw continuarão mais ativo
desta vez, ou Moving Target é mais um projeto especial
depois de tantos anos?
Na verdade,
quero começar a compor o próximo álbum no final deste ano/início do próximo...
Obrigado
pelo teu tempo, Giles. Alguma mensagem de despedida que gostasses de partilhar
com os nossos leitores?
Muito obrigado
por ouvirem... e adoraria conhecer qualquer um de vocês se quiserem vir dizer
olá num dos meus espetáculos com os Warlord ou os Alcatrazz... e
espero que também tenhamos alguns espetáculos dos Dragonsclaw no futuro!



Comentários
Enviar um comentário