Entrevista: Haunted Funeral

 

No submundo mais obscuro do metal nacional começa a erguer-se um novo nome que respira melancolia, peso e desespero: Haunted Funeral. Nascidos da inquietação criativa de Tiago Rocha e rapidamente transformados em coletivo com músicos já experientes, o projeto abraça a herança melódica do death metal, mas envolve-a em atmosferas soturnas, onde a dor, a raiva e a inevitabilidade da morte se tornam linguagem artística. É neste contexto de sombras e rituais sonoros que falámos com Tiago Rocha, mentor do projeto, para conhecer mais de perto a génese da banda, o processo criativo e a forma como pretendem transportar esta visão para o palco.

 

Olá, Tiago, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Para começar, podes começar por apresentar este coletivo Haunted Funeral? Como surgiu a ideia de formar a banda e que bandas e/ou movimentos consideras influências diretas no vosso som?

Olá, Pedro, tudo bem? Haunted Funeral surgiu numa altura em que comecei a compor algumas coisas mais pesadas em guitarra de 7 cordas, basicamente o que não funcionasse em outras bandas que tenho adaptei para outra afinação e começou a partir daí… Tinha composto 2 músicas que achei que funcionariam para Path To Purgatory (Chain Of Guilt e Soulles Entropy), mas no fundo o estilo era bastante diferente e decidi optar por formar outro projeto. Inicialmente seria apenas para lançar uns singles ou um álbum fazendo tudo sozinho, mas acabei por mostrar algumas músicas ao nosso baterista, o Jota (Gandur), e acabámos por formar banda. Passado alguns meses, e com alguma insistência minha, acabei por conseguir que o Ricardo e a Mariana (Dercetius) se juntassem a nós para guitarra lead e baixo/voz, respetivamente. Temos também uma entrada nova, ainda em fase de testes para teclado/synths - a Bya Melo. Quanto às nossas influências refiro At The Gates, Amon Amarth, Arch Enemy e se calhar até um pouco de Ruttenskalle à mistura.

 

O nome Haunted Funeral lembra algo ancestral, entre o espiritual e o sombrio. Como chegou até vós essa escolha e que conceitos evocam quando pronunciam esse nome?

Gostava de ter uma resposta mais cultivada sobre este assunto, mas honestamente falando... o nome surgiu numa conversa de café com o baixista de PtP e Dercetius, o Rodrigo! Já lá vão uns bons 10 anos com o nome guardado! Apenas senti, na altura que compus os primeiros 3 ou 4 temas, que o nome encaixava perfeitamente na vibe que as músicas transmitem.

 

Sendo uma banda jovem, quais foram os impulsos que levaram cada um de vocês a entrar neste projeto, sendo que todos já têm alguma experiência no meio?

Quanto ao Ricardo e à Mariana, como referi anteriormente, eles gostaram do projeto e após alguma insistência minha eles resolveram entrar na banda. Os solos e experiência de composição do Ricardo são fenomenais e a voz da Mariana é espetacular, tinham de entrar. Quanto ao Jota não tive de me esforçar muito para o convencer a entrar no projeto. Também queríamos mostrar um lado mais obscuro e sombrio que muitas vezes está mascarado por outros sentimentos. Quisemos transportar isto para a música sem querer fugir à questão melódica já conhecida de outros projetos, mas trazendo mais melancolia à composição, quer instrumental quer lírica.

 

Este é o vosso disco de estreia, Soul Damnation. O que significa esse título para vocês?

Foi mais uma conquista coletiva e pessoal para cada um de nós, sentimos que é sempre bom acrescentar algo novo ao panorama atual e é algo que nos motiva.

 

Podes contar-nos um pouco sobre o processo criativo: como nasceu a ideia central do álbum?

 Basicamente, a ideia do álbum foi transmitir o máximo de melancolia e desespero, o mais melódico possível. Transmitir raiva, dor e tristeza... sem nenhuma razão aparente. É algo que está dentro de todos nós, apenas quisemos transpor isso neste álbum.


Como foi a génese da dinâmica criativa interna: tudo nasce em conjunto ou cada um traz ideias no seu mundo que depois se fundem?

A ideia central de Haunted Funeral, o modus operandi por assim dizer, é - eu componho as músicas e todos são livres de opinar em relação a tudo e mais alguma coisa. Trabalhamos a partir de algo já criado. Quem tiver uma ideia de alguma coisa, ou até tiver composto algum riff, lick, música ou que quer que seja - utilizamos e trabalhamos a partir daí. Nos dias de hoje acho que ninguém tem tempo de se reunir e compor músicas em conjunto, infelizmente. Não acho que seja mau, contudo… podemos trabalhar em casa e mostrar ideias uns aos outros.

 

Houve algum impasse artístico que se tenha tornado criativo? Complicações que se transformaram em algo maior artisticamente?

O maior impasse artístico que temos atualmente é mesmo a maneira como nos vamos apresentar ao vivo… o que vestir, quais os adereços de palco, etc... Penso que a nível composicional estivemos sempre na mesma linha, correu bastante bem.

 

Em termos líricos, quais são os aspetos mais relevantes que são abordados?

A nível lírico, o que tentámos transmitir, foi autodepreciação, tentámos transmitir raiva e ódio pelo transmundano, o inevitável fim das nossas vidas, tristeza e melancolia.

 

Como e onde decorreu o processo de gravação?

Resumidamente, foi tudo gravado no meu apartamento. Gravámos guitarras, baixo, baixo, synths e bateria diretamente para o Reaper. Correu bastante bem, dentro do prazo previsto, masterizei tudo aqui.

 

Em termos de palco, o que têm planeado em termos de apresentação ao vivo deste álbum?

O que pretendemos transmitir ao público é um espetáculo de peso, mantendo alguma mística. Nada de aparências a roçar o black metal ou calções e t-shirt… Como de um ritual se tratasse, sem parecer cliché. Ainda não temos concertos planeados, estamos a tentar obter a altura ideal para nos mostrar ao vivo.

 

Para terminar, que mensagem gostarias de transmitir aos vossos fãs e aos nossos leitores?

Peço que continuem a ouvir a nossa música e a seguir-nos nas redes sociais. Em breve teremos merch para poderem apoiar de maneira mais direta! Agradecemos bastante o apoio que nos têm dado. Oiçam-nos o nosso álbum, podem fazer doações pelo nosso BuyMeACoffee, ajuda bastante. Teremos novidades em breve!

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