Sete
anos após Violent Exhumation,
os Biolence regressam à carga
com Violent Obliteration, um novo manifesto de brutalidade e consciência
social. Fiel à sua identidade extrema, a banda portuguesa mergulha novamente
nas sombras do comportamento humano, transformando a raiva, a degradação e a
denúncia num poderoso discurso musical. Com um lançamento partilhado entre três
editoras, Doomed Records, Raging Planet e Selvajaria Records, este terceiro
longa-duração representa o culminar de um percurso de maturidade e coesão
sonora. Para nos falar sobre o processo criativo e as motivações por detrás da
nova, estivemos à conversa com o César
e o David.
Olá, pessoal, tudo bem?
Obrigado pela disponibilidade. Primeiro, parabéns pelo novo álbum Violent Obliteration.
Podem contar-nos como surgiu a ideia de criar este álbum em particular? Quais
foram as motivações e influências principais no processo criativo?
Viva!
Obrigado, nós. Foi um processo natural, quando iniciamos a composição, todos os
instrumentais e letras apareceram naturalmente. Biolence fala sobre o
lado mais podre do ser humano, e a música é a nossa arma para canalizar toda a
raiva que nos é causada por isso mesmo. Essa é a motivação principal.
Desde Violent Exhumation
(2018) passaram-se sete anos até Violent Obliteration. Que tipo de
evolução musical e pessoal aconteceu neste período para a banda?
Foi um
período de grande evolução sem dúvida. Tocamos bastante ao vivo nesse espaço de
tempo, mais os trabalhos de estúdio deu-nos sem dúvida alguma experiência
extra, que se reflete não só musicalmente como na forma como lidamos com os
processos administrativos da evolução de uma banda.
Em 2021 lançaram o EP Enslave, Deplete,
Destroy!!, que fica entre Violent Exhumation e este último álbum. Que
papel desempenhou esse EP?
Esse EP,
digamos que foi um aperitivo para o álbum, não queríamos lançar um trabalho
extenso durante a pandemia e reduzimos o lançamento a um EP que foi um sucesso,
teve uma receção brutal e excelentes críticas.
Todos os álbuns de
longa-duração dos Biolence têm títulos que começam com “Violent” — Violent Non Conformity
(2017), Violent Exhumation (2018), agora Violent Obliteration
(2025). Qual o significado desse “Violent” como prefixo? Há uma intenção
conceptual, estética ou simbólica por trás dessa escolha?
Todas as
intenções que referiste são válidas. E já agora, todos os títulos dos nossos
EPs são compostos por 3 palavras! E também, apesar de ser o menos importante,
nos inícios da banda o nome da banda foi várias vezes mal interpretado, em vez
de interpretarem "Violência Biológica" alguns pensaram ser uma piada
regionalista Nortenha. Assim provamos que conseguimos escrever
"Violent" com "V". Mas o real significado é a violência com
que o ser humano agride o planeta e tudo nele incluído.
O álbum Violent Obliteration
foi lançado em simultâneo por três editoras: Doomed Records, Raging Planet, e
Selvajaria Records. Como foi a decisão de trabalhar com estas três editoras, e
o que cada uma trouxe ao lançamento?
O
lançamento já estava mais ou menos apalavrado com a Doomed Records, eles
também lançaram o Enslave,Deplete, Destroy!, mas tendo em conta que a
Doomed já tinha lançado anteriormente em conjunto com a Raging Planet e
com a Selvajaria Records decidimos sugerir essa mesma parceria para o
nosso lançamento, que é sempre vantajoso para todos porque temos o triplo da
divulgação. Está a ser uma boa experiência, todas as editoras trazem mais
valias ao lançamento.
O álbum inclui faixas
com nomes bastante fortes e evocativos como Humanity Executioner,
Extermination Through Mutation, 50 Caliber Freedom. Qual foi o
processo de nomeação desses temas? Que imagens, narrativas ou críticas sociais
querem transmitir através desses títulos agressivos?
Mais uma
vez um processo natural, é o que nos vai na mente diariamente. A Extermination
Through Mutation descreve e alerta para os perigos da toxicidade de tudo
que consumimos, o que ingerimos, o que respiramos etc. No mundo atual tudo é
alterado e mutado em prol do lucro ignorando a saúde dos seres vivos em geral. Humanity
Executioner muito resumidamente fala sobre a
retaliação do nosso planeta executando toda a raça humana em resposta a toda a
destruição e poluição causadas pelo ser humano. A 50 Caliber Freedom
é uma crítica direcionada, por acaso aos USA, pela forma como muitas vezes eles
tentam dar liberdade aos povos usando a força das armas e por vezes causando
ainda mais sofrimento.
Vocês descrevem este
álbum como “possivelmente o vosso mais coerente, direto e violento até agora”.
Houve influência de acontecimentos recentes que intensificaram essa mensagem?
Sem
dúvida nenhuma, o estado do mundo está muito diferente para pior em todos os
sentidos, principalmente pós-pandemia, e sem dúvida isso intensificou a nossa
mensagem.
No álbum, a bateria foi
gravada pelo Afonso, mas agora há um novo membro, o Miguel Sousa, assumindo
esse lugar. Podem explicar como decorreu essa transição?
A bateria
foi composta por mim (César) e pelo David, e revista também pelo Afonso na
altura. Já há vários anos que existia uma falta de interesse e dedicação por
parte do baterista, pouco ensaiávamos, a composição em sala era impossível por
falta de interesse dele, entre muitos outros fatores. Um dia, por mera
coincidência, estávamos a falar dessa situação e o Miguel e o pai estavam
presentes, e surgiu a sugestão de o Miguel experimentar um ensaio connosco para
ver se resultava. Não só resultou como era precisamente o que procurávamos
musical e pessoalmente. Passado muito pouco tempo, ficou decidida a alteração
de lineup.
Em termos de produção,
gravaram no Darkhammer Studios, que também tratou dos elementos visuais. Até
que ponto a produção sonora e o visual foram trabalhados de modo integrado?
A Dark
Hammer Studios é uma parceria entre mim (César) e o David, eu trato de todos os
elementos sonoros em nível de produção e ele cria e trata de todos os elementos
visuais. A composição musical é criada por toda a banda e a componente visual
vem complementar a componente sonora e lírica
Olhando para o futuro,
que expetativas têm depois do lançamento?
Pretendemos
chegar ao máximo de sítios e pessoas possíveis, vamos divulgar de todas as
formas ao nosso alcance, imprensa, redes sociais e concertos obviamente. O
objetivo será sempre elevar a banda, tocar bastante ao vivo e evoluir o máximo
possível como músicos e como banda.
Por fim, que mensagem
gostariam de deixar aos vossos fãs e aos nossos leitores?
Primeiramente,
obrigado Via Nocturna pela entrevista, aos fãs e leitores, muito
obrigado pelo apoio ao longo de todos estes anos, apoiem o underground
sempre! See you in the pit!



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