Entrevista: Dragon's Kiss

 


Foram precisos mais de dez anos para que os guerreiros do apocalipse voltassem a montar as suas motas e regressassem ao campo de batalha. Depois do devastador Barbarians Of The Wasteland (2014) e do subsequente EP The Last Survivors, os Dragon’s Kiss estão de volta com The Return Of The Wild Dogs, um álbum que reafirma a sua identidade selvagem e indomável, movida a pura energia heavy metal, speed e rock’n’roll. Mantendo viva a chama da irreverência e do espírito “faca na boca”, o grupo liderado por Tiago Teixeira e Hugo Conim regressa com renovada força, novas histórias de poeira, sangue e sobrevivência e a mesma paixão crua que sempre os distinguiu. Foi sobre este regresso triunfal, as novas dinâmicas e a essência indestrutível dos Dragon’s Kiss que estivemos à conversa com a dupla.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Passaram-se 11 anos desde Barbarians Of The Wasteland. Como foi este longo hiato e o que vos motivou a regressar agora com The Return Of The Wild Dogs?

TIAGO TEIXEIRA (TT): Boas, Pedro, desde já obrigado pela oportunidade de falarmos um pouco sobre este nosso regresso. É verdade, passou tanto tempo. A verdade é que isto começou porque fomos convidados para tocar aí uns concertos e voltou a vontade e a pica para voltarmos ao ativo. Aquilo foi tão bom para nós, que decidimos, "Epa, vamos arrebentar com isto mais um bocado e vamos trabalhar para ver o que sai...Pronto, saiu o The Return Of The Wild Dogs, como aí diz, é o nosso retorno à guerra

 

Mais recentemente, pelo meio, houve o lançamento do EP The Last Survivors. Qual foi, na altura, a intenção para esse lançamento?

TT: Sim, lançamos esse EP, ali no meio desses anos, foi quase uma continuidade para o fim da guerra apocalíptica do Barbarians Of The Wasteland

 

Entre este regresso, a banda sofreu alterações de formação. Como foi integrar os novos membros e de que forma eles influenciaram a sonoridade do álbum?

TT: A única alteração que tivemos neste novo capítulo foi o nosso baixista, o António Thunder. Epa… O António veio trazer muita coisa para este novo álbum, encaixou perfeitamente no que tínhamos em mente, parece que esteve na banda desde sempre, foi surreal e ainda é. Desta vez fui o vocalista principal neste retorno dos Dragon's Kiss, apesar de sempre ter sido o nosso vocalista ao vivo desde o início, no Barbarians Of The Wasteland e no Last Survivors é que foi o Adam Neal vocalista de estúdio.

HUGO CONIM (HC): Neste novo álbum o Tiago foi o vocalista principal, mas o Adam colaborou em alguns temas também.

 

O novo disco transpira energia bruta, speed metal e um rock’n’roll apocalíptico. Era esse o objetivo desde o início? Gravar um álbum que fosse uma verdadeira descarga de adrenalina?

TT: Ya, a nossa ideia sempre foi essa, aquela ideia dos filmes do Mad Max e similares, aquelas personagens e aqueles cenários, sempre nos fascinaram e daí também vem a nossa energia, a nossa garra. 

 

Com isto em mente, como definem hoje a identidade musical dos Dragon’s Kiss?

TT: Como diz o António, o nosso baixista, que tocamos heavy metal - rock ‘n’ roll de faca na boca afiada (risos) e achamos que sinceramente é mesmo isso.

 

A lista de temas inclui títulos fortes e evocativos como Road Warrior ou Wild Dogs Revenge. Que ideias ou conceitos estão por trás destas novas músicas?

HC: O tema que escolhemos abordar desde o início da banda sempre foi esse de imaginários apocalípticos de um mundo desolado...

 

A produção ficou a cargo da própria banda, com gravações feitas pelo Paulo Vieira. O que vos levou a assumir esse controlo criativo e como correu o processo em estúdio?

TT: O grande Paulão sabe exatamente do que gostamos, queríamos um álbum cru, com garra, energia, sem medos e ele fez isso sem pestanejar, grande abraço pra ele, é dos nossos. Ya, como disse, a nossa ideia vem do cenário apocalíptico, aquelas personagens sem nada a perder, sangrentos de sobrevivência, essas ideias surgem quase automaticamente e o que nos torna fortes nas letras e nomes de músicas.

HC: O Paulão já trabalha com a gente desde o início da banda, e assim vai continuar! Faz parte da irmandade!

 

Para os fãs mais atentos, o disco reserva também uma surpresa: uma versão de Glória aos Pirata, original dos Clockwork Boys. Por que a escolha de um tema em português e, no caso, esse em particular?

TT: A Glória aos Piratas surgiu porque tínhamos concerto e no ensaio decidimos fazer um cover, e para não fazermos um cover de outra banda qualquer fizemos uma versão à nossa maneira dos Clockwork Boys, Glória aos Piratas, e assim dedicamos ao Rodrigo "Cobretti" Velez. A música ficou tão boa na nossa versão que decidimos depois gravar em estúdio para encaixar no álbum, está escondida precisamente para estarem atentos (risos). Quisemos "esconder" a Glória aos Piratas porque já tínhamos ideia de pôr antes da música começar o áudio ao vivo pelos Clockwork Boys, com o Cobretti com aquele jeito dele próprio a mandar as pessoas ir pro cacete (risos). Então assim ficou e encaixou na perfeição, a malta curtiu essa nossa maneira de dedicar as pessoas que eram mais próximas do Rodrigo.

 

E por que decidiram incluir esse tema como “escondido” e com aquela introdução em jeito de rebelião?

HC: Foi uma pequena homenagem a um dos meus melhores amigos de sempre: Rodrigo "Cobretti" Velez, que descanse em paz!

 

The Return Of The Wild Dogs tem lançamento pela Firecum Records (como já tinha acontecido com o EP) em CD e vinil. O formato físico continua a ser essencial para vocês e para a vossa ligação com os fãs?

TT: O essencial para nós, e que devia ser para qualquer banda no mundo, é continuar sempre a fazer formatos físicos do trabalho. Tudo faz parte de um álbum, as ideias, o compor, o artwork, depois daquele primeiro riff, até ao produto final, o cd ou o vinil. Isso tudo faz parte de fazer música e de ter uma banda.

 

Depois deste regresso em grande, os fãs podem esperar uma atividade mais contínua da banda?

TT: O nosso objetivo é continuar até ao apocalipse, depois logo se vê. (risos)

 

Têm já apresentações ao vivo planeadas para apresentar The Return Of The Wild Dogs?

TT: Concertos, dia 28 de fevereiro será o lançamento do álbum no Bafo de Baco, provavelmente uma noite de beber até cair... para o resto do ano algumas surpresas, vamos ver... Podem estar atentos, brevemente haverá novidades.

 

Para terminar, que mensagem gostariam de transmitir a quem começa agora a descobrir-vos?​

DRAGON’S KISS (DK): Oiçam o nosso heavy metal sem lei nem piedade, com uma caneca na mão, até que a sede acabe! Obrigado, Pedro. Grande abraço.

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