Após o impacto deixado por Endless Nights e cinco anos de silêncio editorial, os mexicanos Jet Jaguar regressam com um novo fôlego e uma maturidade evidente em Severance, o seu mais recente trabalho editado pela Steamhammer/SPV. Entre mudanças na formação, um acidente grave e as inevitáveis transformações pessoais trazidas pelo tempo, a banda encontrou um novo equilíbrio entre o classicismo do heavy metal e uma abordagem mais moderna e groove-oriented, sem perder o espírito positivo que sempre a caracterizou. Conversámos novamente com o grupo para perceber como foi este processo de crescimento.
Olá, pessoal, obrigado
pela disponibilidade! Como estão desde a última vez que conversamos? Já se
passaram cinco anos desde então e desde Endless Nights.
Olhando para trás e comparando com Severance, a evolução da banda é
evidente. Como descreveriam isso?
Olá, Pedro, é muito bom falar contigo novamente. Muito
obrigado pelo teu tempo e pelas tuas perguntas. Estamos muito felizes com o
resultado do novo álbum. Investimos muito tempo e recursos, e realmente achamos
que valeu a pena. Acreditamos que muitos fatores influenciaram a evolução da
banda, não apenas os mais óbvios, como as mudanças na formação ou toda a
situação da pandemia. O envelhecimento definitivamente também teve influência.
Quando lançámos o nosso primeiro álbum, éramos muito jovens e um tanto inocentes.
Novas responsabilidades vieram com a idade adulta, e isso levou-nos a ver o
mundo de uma maneira diferente, o que impactou diretamente a banda.
Em Endless Nights,
tinham um estilo heavy metal muito clássico. Com Severance, há
novos elementos, como os growls de Raiden e partes mais orientadas para
o groove. Essa mudança foi intencional ou surgiu naturalmente com a nova
formação?
Acreditamos que surgiu naturalmente com o estilo de
composição do Ariyuki e o estilo do Raiden. Tentamos sempre não forçar as
coisas, porque isso poderia estragar a essência da banda.
Em 2020, disseram-nos
que Jet Jaguar era sobre «conquistar o mundo com energia positiva e músicas
poderosas». Acham que Severance ainda carrega a mesma missão ou a
mensagem mudou com as dificuldades que passaram nos últimos anos?
Sem dúvida, ainda pregamos a mesma mensagem, mas
talvez de uma perspetiva mais realista, com os pés mais no chão, sem cair no
romantismo ingénuo. Para crescer e amadurecer, deves enfrentar certos desafios
e obstáculos que a vida apresenta. Sem isso, não podes desenvolver-te, não
apenas como músico, mas como pessoa, e tudo isso afeta a maneira como vemos a
vida e, da mesma forma, como fazemos música.
Uma das maiores
mudanças foi a mudança para a Steamhammer/SPV. Como surgiu essa nova parceria e
o que ela significa para os Jet Jaguar nesta fase da sua carreira?
Ter a oportunidade de trabalhar com a Steamhammer/SPV
é uma das melhores coisas que aconteceram na nossa carreira. Estamos muito
gratos pela oportunidade. No ano passado, trocámos demos e e-mails
com o Olly e tivemos a oportunidade de o conhecer pessoalmente quando estávamos
em digressão com os Anvil na Alemanha. Nós demo-nos bem e, a partir daí,
a parceria solidificou-se. Estamos a trabalhar arduamente para não desapontar a
confiança que a SPV/Steamhammer depositou em nós.
A banda também passou
por mudanças significativas na formação, incluindo a entrada do vocalista e
guitarrista Raiden Lozenthall. Como é que a sua presença influenciou tanto o
som da banda como o processo criativo de Severance?
Quando Raiden se juntou à banda, o álbum já estava
concluído. Ele entrou para gravar os vocais. O desafio foi adaptar tudo à sua
voz. Felizmente, ele é um vocalista incrivelmente versátil e talentoso, o que
tornou o processo de adaptação muito mais fácil. Ele é um músico muito proativo
e inteligente, por isso ajudou muito nas etapas finais do álbum, criando
arranjos vocais.
Incluíram remixes dos singles
anteriores, Hollow Drive e Evil Within. O que vos motivou a
revisitar e retrabalhar essas músicas? Que mudanças promoveram nas mesmas?
Gosto de chamar Hollow Drive e Evil Within
de faixas de destaque. Hollow Drive foi a faixa que usamos para
apresentar Ariyuki, é basicamente um solo de guitarra de dois minutos. E,
falando de Evil Within, é a mesma coisa, mas com o Raiden. É por isso
que é uma música muito diferente de tudo o que tocámos antes; está em Drop D,
é groovy e mais lenta, transmitindo a versatilidade que o Raiden traz
para a banda. Decidimos incluir essas músicas no álbum porque gostámos muito
delas, e teria sido um desperdício não as incluir. Quanto às alterações, foram
pequenos detalhes de produção para as tornar mais alinhadas com o resto do
álbum.
O álbum também
apresenta duas faixas bónus, Call Of The Fight e Hunter, que são
regravações da vossa primeira demo em 2014. Por que acharam que era o
momento certo para trazer essas músicas antigas de volta à vida?
Essas músicas são muito especiais, tanto para nós
quanto para os fãs mais leais da banda. Tocamos todas elas em todos os espetáculos
que fizemos, desde o primeiro em 2013 em Cancún até o último em Berlim. Além
disso, elas nunca estiveram em plataformas digitais como Spotify ou Apple
Music, portanto, achamos que estava na altura de todos as ouvirem.
Músicas como Fool’s Paradise
mostram uma postura lírica mais crítica, abordando política e assuntos
mundiais. Em 2020, mencionaste que a vossa música costumava ser sobre sonhos e
inspiração. O que te levou a ampliar os temas líricos neste novo álbum?
Queríamos oferecer às pessoas um álbum real e honesto.
O álbum foi escrito durante e após a pandemia e, pessoalmente, não me sentia
confortável a escrever sobre coisas que não estava a sentir naquele momento. A
minha cabeça estava cheia de frustração, raiva e tristeza, por isso não
conseguia escrever músicas como Mr. Lee, por exemplo. É por isso que
este álbum é um pouco mais cru. Seria hipócrita da minha parte tentar escrever
sobre algo que não queria expressar.
Sobreviveram a anos
difíceis, desde mudanças na formação da banda até ao acidente em 2024. Acham
que todas essas dificuldades ajudaram a moldar a intensidade e a maturidade que
ouvimos em Severance?
Como disse antes, as coisas que acontecem na vida
moldam as nossas personalidades e isso influencia a forma como criamos arte. A
arte é a nossa forma de expressão e queremos que seja o mais honesta possível.
Olhando para o futuro,
quais são os vossos planos de digressão e promoção agora que Severance está a ser
lançado? Os fãs na Europa e na América Latina poderão vê-los ao vivo em breve?
Para ser sincero, acreditamos que somos uma banda que
é melhor apreciada ao vivo. A energia que transmitimos no palco não faz justiça
ao que se ouve nas gravações, por isso, para nós, as digressões são o mais
importante. Fazer
uma digressão no próximo ano para promover o álbum é a nossa prioridade número
um.
Por fim, se compararmos
os Jet Jaguar que falaram connosco em 2020 com os Jet Jaguar de 2025, o que
acham que permaneceu igual no seu âmago e o que mudou mais?
Boa pergunta. Acho que ainda temos a mesma emoção de
tocar e partilhar a nossa música. Adoramos o que fazemos e não trocaríamos isso
por nada, mas agora que estamos mais velhos e mais maduros, sabemos que as
coisas não são tão fáceis quanto parecem. Isso torna-nos mais cuidadosos com as
nossas decisões e, acima de tudo, mais gratos às pessoas que nos apoiam.
Obrigado pelo vosso tempo. Alguma mensagem de despedida que gostassem de partilhar com os vossos fãs ou com os nossos leitores?
Queremos agradecer pelo vosso tempo e agradecer a todos que estão a ler isto. Estamos muito orgulhosos e felizes com o último álbum, e acreditamos que vocês vão gostar muito, pois o fizemos com todo o amor por todos vocês. Esperamos vê-los nas vossas cidades muito em breve.
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