Num registo de contínua
celebração da sua vasta trajetória musical, Jorge Rivotti regressa com o
segundo volume de …E Outras Canções Que Não Quiseram Ficar Para Tias. Um
projeto de cariz retrospetivo e emocional, onde revisita três décadas de
criação artística, reunindo temas marcantes (alguns inéditos) que se recusaram
a ficar na gaveta. Em conversa com o Via Nocturna, Rivotti fala-nos sobre a
génese desta dupla coletânea, o processo criativo por trás das canções e o
significado de revisitar a própria história musical com a mesma frescura e
espírito criativo de sempre.
Olá, Jorge, tudo bem?
Obrigado pela disponibilidade. Para começarmos, gostaria que nos contasses
brevemente como surgiu a ideia original de …E
Outras Canções Que Não Quiseram Ficar Para Tias e, especificamente, qual foi
a motivação para lançar um segundo volume?
A ideia original, surge na
necessidade e possibilidade de fazer uma coleta das canções que achei mais
marcantes que produzi durante os meus 30 anos de música. Foram “galardoadas”
20, entre as quais algumas ainda não editadas e que estavam à espera de uma
oportunidade, por isso o nome do álbum …E Outras Canções Que Não Quiseram Ficar
Para Tias 1 e 2. Basicamente foram dois álbuns por motivos de espaço
promocional.
Que balanço fazes do
primeiro volume? Que aprendizagens ou surpresas te vieram desse processo?
O balanço foi muito positivo e muito
inspirador para um segundo, no fundo foi um 1 em 2.
Em que momento
decidiste que já havia material, maturado ou inédito, suficiente para compor
este segundo volume?
Grande parte das canções que integram
os 2 álbuns …E Outras Canções Que Não Quiseram Ficar Para Tias, foram
gravadas e regravadas ao mesmo tempo com tempos de edição diferentes.
Houve temas que ficaram
de fora do primeiro volume e que “pediam” para entrar agora no segundo? Quais e
por quê?
Em princípio tudo estava programado
para sair ao mesmo tempo, mas devido à decisão editorial de programar em dois,
tive que fazer opções, não houve especificamente prioridades, houve a decisão
própria de cada canção. Há uma canção que inclusivamente concorreu ao festival
da canção 2024 que não foi apurada e que foi incluída no 2º álbum.
Como fizeste a seleção
final: o que pesa mais? A coerência estética, afetiva, cronológica ou outra
coisa?
Como respondi na pergunta anterior,
não houve propriamente uma seleção, mas uma vontade própria de cada canção…
foram as gotas de puro azeite mediterrânico que subiram mais astutas à tona de
água.
Falas no Vent
Froid como segundo single, com a voz de Alain Vachier. Como se
processou essa escolha? E como foi trabalhar com ele neste projeto?
O Vent Froid é uma canção em francês,
criada na base de um texto tradicional, para a qual fiz a música e foi editada
em 2010 no meu álbum Canções de Amor Pintadas de Amarelo. Fazia
todo o sentido ser cantada por um francês, daí a decisão de convidar o próprio
editor, o Alain Vachier (um francês a residir em Portugal há quase 50
anos) para a cantar, apesar de ele nunca ter gravado a sua voz para qualquer
trabalho discográfico, se disponibilizou apesar de algumas reticências tímidas
de alguém que tem passado a vida a cantar. Um ato de alguma resistência…
mas uma conclusão muito fresca e reveladora.
Houve canções mais
difíceis de “apertar” (aquelas que demoraram mais até estar como querias) e
outras que fluíram quase espontaneamente? Podes partilhar exemplos?
Houve naturalmente material mais
difícil de gerir. Uma das mais “complicadas” foi o Wine Color do álbum
1, onde participou o Michel com o seu Sapateado em cruzamento com a guitarra
flamenca do Pedro Jóia. Não foi fácil o sincronismo rítmico, mas com as
mãos do Rui Galveias (coprodutor do álbum), tudo se resolveu perante
momentos tão criativos.
Que papel terão os
concertos, intervenções ao vivo, redes sociais, vídeos ou outras formas de
contacto direto com o público para este lançamento?
Os concertos são sempre outros
desafios. Reconstruir um álbum com tantas participações não é tarefa fácil,
mas o ato criativo é mesmo esse, recriar sem perder a essência de chegar ao
público sem truques, mas de espírito nas mãos. Uma escolha de canções
será exibida no concerto de lançamento num cruzamento com os vídeos já
produzidos, que naturalmente estão em exposição nas redes sociais (Mantenha
as Armas Fora do Alcance dos Adultos e Vent Froid).
Para terminar: o que
esperas que este segundo volume traga de novo à tua carreira, ao público e ao
panorama musical português?
Este 2º volume e o 1º estão
intimamente ligados, são naturalmente um Jorge Rivotti em toda a sua
essência, para “conquistar” um público que ainda não o conheça, um contributo
legítimo, numa tentativa de acrescentar novas cores no panorama musical
universal.



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