Entrevista: Them

 




Com uma identidade marcada pelo dramatismo conceptual e pela teatralidade sonora, os Them têm vindo a afirmar-se como uma das bandas mais singulares do metal contemporâneo. Liderados por Markus Ullrich, o grupo construiu, ao longo de quatro álbuns, uma narrativa envolvente, entre o horror gótico e o virtuosismo técnico, sempre ancorada numa estética que desafia convenções. Agora, com Psychedelic Enigma, o coletivo dá início a um novo ciclo, mais direto, mas igualmente denso e ambicioso, onde a experimentação e a coesão caminham lado a lado. Fomos perceber com o guitarrista Markus Ullrich o que distingue este novo capítulo na jornada dos Them.

 

Olá, Markus, obrigado pela disponibilidade! Como tens estado desde a última vez que conversámos? Psychedelic Enigma é o vosso novo álbum. De que forma reflete o vosso estado de espírito atual?

Obrigado. Na verdade, não trabalhámos em nenhuma música durante cerca de um ano após o lançamento do último álbum e, durante esse tempo, eu estive bastante ocupado com as minhas outras bandas. Quando finalmente recomeçámos, queríamos abordar tudo de uma forma mais básica, mas também mais desafiante, menos caricatural, apenas mais direta e artística.

 

Olhando para trás, o que mudou mais no processo criativo desde que falaste connosco há alguns anos?

Na verdade, não muito. Para mim, trata-se mais de ter uma certa visão antes de começarmos a trabalhar. Normalmente, já tenho uma ideia geral da direção que devemos seguir, mas o processo de trabalho em si é o mesmo. Comunicamos muito entre nós, e uma coisa leva à outra.

 

O comunicado de imprensa não menciona nenhum baterista em Psychedelic Enigma. Quem tocou bateria no álbum?

O baterista é David De Liniers. Várias pessoas já me apontaram que ele parece estar ausente nas informações, mas é claro que ele está listado no álbum, e também o podes ver nas fotos da banda.

 

O título Psychedelic Enigma é bastante evocativo. Que tipo de história conta?

É difícil entrar nesse assunto sem revelar muito. Eu diria que grande parte é basicamente um reflexo dos quatro primeiros álbuns, mas de uma perspetiva completamente diferente e ambientada no aqui e agora. Definitivamente precisas ver tudo como um novo começo, especialmente porque a história dá uma volta no final e todo o enredo muda.

 

Houve alguma influência externa como mitologia, filosofia, sonhos, artes visuais ou literatura que tenha tido um papel direto na formação das letras ou dos temas?

Como não sou eu que escrevo as letras (essa parte é do Troy), não posso falar por ele. Musicalmente, porém, posso ser influenciado por praticamente qualquer coisa. Pode ser outra música, filmes, livros ou até mesmo a natureza. Provavelmente uma mistura de tudo, mas nada que eu possa definir claramente.

 

Como equilibraste a experimentação e a coesão, garantindo que o álbum parecesse unificado e, ao mesmo tempo, permitindo que faixas individuais explorassem territórios sonoros totalmente diferentes?

Houve realmente muitas experiências envolvidas. Basicamente, descartei todas as partes que pareciam algo que já tínhamos feito antes e deliberadamente inclinamo-nos um pouco mais para uma direção progressiva. Certamente não é um álbum fácil, e ouvintes superficiais podem ter dificuldade em se familiarizar com ele no início, mas era importante para nós fazer uma declaração clara. Simplesmente tentámos muitas coisas e esperámos que funcionasse e, se não funcionasse, continuávamos a trabalhar diligentemente até que funcionasse.

 

Usaram algum estúdio personalizado ou móvel, ou adotaram outra abordagem para este álbum?

Nunca gravámos num estúdio móvel, mas sim em estúdios diferentes, já que vivemos em dois continentes diferentes. Eu montei o meu próprio estúdio há anos, onde geralmente gravamos guitarras e baixos e também finalizamos os teclados. Markus Johansson também tem um estúdio em casa, enquanto Troy grava externamente num estúdio em Nova Iorque. O nosso novo baterista, David, é dono de uma escola de bateria e tem sempre o seu kit totalmente microfonado, o que foi, obviamente, muito conveniente.

 

Em comparação com os vossos trabalhos anteriores, que riscos correram com Psychedelic Enigma que talvez não se tivessem atrevido a correr antes?

Simplesmente deixámos tudo seguir o seu curso natural, e eu diria que, em comparação, este álbum é mais artístico. Não há nenhuma música que salte imediatamente aos ouvidos, e não fizemos nenhuma concessão quanto à duração individual das músicas. Algumas pessoas provavelmente terão dificuldade em se familiarizar com ele no início, mas nunca produzimos para o mercado mainstream e sentimos que devíamos dar mais um passo adiante com este álbum.

 

Como vês o lugar deste álbum dentro da vossa discografia geral? É um ponto de viragem, uma extensão ou um ponto de partida?

Definitivamente, consideraria um novo capítulo.

 

Dada a complexidade e o ambiente do álbum, como imaginas traduzi-lo para um ambiente ao vivo?

Boa pergunta! Eu diria que pensaremos nisso quando chegar a altura!

 

O que vem a seguir para os Them? Já têm novas ideias, direções ou experiências a germinar?

Foi um trabalho difícil terminar o álbum e, por agora, estou a concentrar-me noutros projetos. Acho que ainda é muito cedo para começar a pensar num novo álbum.

 

Obrigado pelo teu tempo, Markus. Gostarias de deixar alguma mensagem para os vossos fãs ou para os nossos leitores?

Muito obrigado pelo vosso interesse e espero que gostem do álbum. Não deixem de ouvir até ao fim — vale a pena!

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