Review: A Aldeia (MALIGNEA)

 

A Aldeia (MALIGNEA)

Ethereal Sound Works

Lançamento: 06/setembro/2025

 

Com o fim dos Dogma, nasciam os Malignea. A estreia aconteceu em 2023 com o álbum homónimo, ao qual se sucede este A Aldeia. E o que salta logo à vista é que não precisamos ir para o interior sinistro dos países nórdicos, nem para as aldeias dos irmãos Grimm para também vivermos histórias de terror, maldição e encantamento. Os Malignea responsabilizam-se por nos trazer todo esse cardápio numa aldeia onde se respira invocação ritualística, tradição, folclore, religiosidade, segredos e superstição. Abrindo com Laudes e fechando com Vesperas (termos que desde logo nos remetem para um conteúdo religioso), a banda abandona o mapa geográfico para habitar não uma qualquer aldeia, mas A Aldeia! Um lugar amaldiçoado e profano, um refúgio de medos, mitos e bruxas, sem qualquer coordenada geográfica. Musicalmente, a proposta é ambiciosa. Riffs doom muito densos que se arrastam com solenidade; mas também guitarras limpas, que se entrelaçam como raízes, e guitarras acústicas. Vocalmente, os coros, que evocam vozes ancestrais e pagãs, juntam-se à voz dançante de Isabel Cristina (frequentemente em espetaculares vocalizos), que alterna entre o papel de narradora, sacerdotisa e criatura invocada. E enquanto operadores turísticos do mais profundo espírito telúrico e místico, os Malignea guiam os seus visitantes entre ecos de feitiçaria, ilusão e encantamento. E definem alguns locais como sendo pontos de visita obrigatória. O Poço é um deles. É um local que, paradoxalmente, deixa entrar mais luminosidade com a perda da distorção e o uso de guitarras acústicas, mas que é assombrado por geniais vocalizos. Outro é O Moinho. Mais de 10 minutos de uma história do mais puro, compassado e harmonioso doom metal. No entanto, toda A Aldeia se revela num diálogo sem palavras, onde as vozes se libertam num feitiço de pura magia. Um local que traz o sentimento da ancestralidade, do paganismo, dos povos primitivos, cruzado com a pureza etérea da voz feminina, de delicada angelicalidade ou da mais profunda malícia. Em termos de identidade, este álbum coloca-se como um marco para a banda. Aqui já não se pode falar de uma sucessão e/ou continuação de outros projetos, mas sim de uma nova reencarnação. Provavelmente mais lúcida e mais… perigosa! E, se se atreverem, esqueçam o GPS e entrem nesta enfeitiçada e sombria aldeia carregada de misticismo e superstição! [93%]

 

Highlights

O Moinho, O Rei do Inferno, A Dança, A Aldeia, O Poço

 

Tracklist

1.      Laudes (intro)

2.      A Dança  

3.      A Bruxa  

4.      A Aldeia

5.      O Poço

6.      O Moinho  

7.      O Rei do Inferno  

8.      Vesperas (outro)

 

Line-up

Isabel Cristina – vocais

Luís Possante – guitarras

João Pedro Ribeiro – guitarras

Miguel Sampaio – baixo

Luís Abreu – bateria, percussão

 

Convidados

Carla Carreto, Cátia Marques, Gwydion - coros

Hugo Osga - sanfona

Pedro Antunes – orquestrações

 

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Edição

Ethereal Sound Works    

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