A Light In The Darkness (THE BATELEURS)
Discos Macarras
Records
Lançamento: 01/outubro/2025
Oriundos de
Lisboa, os The Bateleurs são um dos mais fascinantes exemplos da forma
como o classic rock pode continuar a soar contemporâneo sem perder a
alma setentista que o originou. O grupo nasceu com a clara intenção de
celebrar as raízes do blues, do soul e do hard rock e tem
sabido manter-se fiel a esse propósito, cruzando tradição e modernidade de
forma orgânica e inspirada. Após um primeiro trabalho que os colocou sob o
radar da crítica, A Light In The Darkness surge agora como a confirmação
plena de um projeto que amadureceu e encontrou a sua verdadeira identidade. A
sonoridade do novo álbum é quente. Tudo soa orgânico, humano e com um som cheio
e potente. Há um fraseado pouco convencional, uma fluidez que evita a rigidez
das estruturas previsíveis e se permite aventurar por incursões no gospel
e no soul, sempre com naturalidade e bom gosto. Um dos melhores exemplos
é Best Of Days, que carrega uma intensa e crescente dinâmica
progressiva. Os teclados analógicos e a slide guitar surgem aqui e ali
como condimentos que reforçam essa textura vintage. O baixo
distorcido, particularmente evidente em Dancing On A String, assume um
papel central, enchendo todos os espaços e dando densidade às composições,
mesmo quando os riffs fragmentados e sincopados formam a base das
canções. Mas é a voz de Sandrine Orsini, simplesmente impressionante, transbordando
expressividade e presença que se torna o eixo em torno do qual tudo se constrói.
Musicalmente, a abertura é forte e poderosa, um verdadeiro manifesto de
intenções: riffs que transpiram o hard rock dos Led Zeppelin,
groove soulful e uma energia contagiante. Mas, em For All To See,
por exemplo, a banda mergulha fundo nas águas do sul dos Estados Unidos,
acentuando a vertente sulista e gospel. Por sua vez, como já havia
acontecido em The Sun In The Tenth House, o encerramento com Before
The Morning Is Done, surge como o merecido descanso do guerreiro: um
momento calmo e contemplativo, guiado por guitarras acústicas, flautas e
violino. Referência, ainda, para The Lighthouse, um dos pontos altos do
disco. Tema longo, multifacetado, cheio de nuances que vão da introspeção à
explosão psicadélica. É aqui que o fuzz e o experimentalismo se cruzam.
No fim, A Light In The Darkness transforma-se numa viagem emocional
guiada pelo groove e pela alma. E onde a técnica assenta na perfeição.
Com as guitarras a mostrar crueza, o baixo a dançar e a entrega vocal
absolutamente arrebatadora, os The Bateleurs confirmam que a chama do rock
continua bem viva e plena de autenticidade. [86%]
Highlights
The Lighthouse, Best Of Days, A Price For My Soul, Widow Queen, For All
To See, Before The Morning Is Done
- A Price For My Soul
- Widow Queen
- For All To See
- Dancing On A String
- Never Back Down
- The Lighthouse
- Best Of Days
- Gardens Of Babylon
- Down The Garden Path
- Before The Morning Is Done
Line-up
Sandrine
Orsini – vocais
Ricardo
Dikk – baixo
Ricardo
Galrão – guitarras
Rui Reis –
bateria
Convidados
Tiago Maia
- slide guitar (3)
Nuno Louro
– Hammond (3, 6, 8, 9)
João Colaço
– bateria (2, 5)
Ruben
Monteiro – flauta irlandesa (10)
Niklos
Pavliidis – violino (10)
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