The Memory Of After (MYTH OF LOGIC)
(2025, Independente)
Ao longo dos quase 80
minutos de música de The Memory Of After (uma viagem longa demais para o
que realmente se descobre no caminho!), Scott G. Davis, mentor do
projeto Myth Of Logic, assume praticamente todas as funções (voz,
guitarras, teclados e baixo), rodeando-se, no entanto, de convidados que
ampliam e enriquecem a sua visão sonora. E são mesmo os convidados que
frequentemente conseguem arrancar o álbum da monotonia em que ameaça cair.
Falamos do violino nos temas de abertura e encerramento (cortesia de Chris
Barbosa), do solo de guitarra em Mercy Paradox, a cargo de Jerry
Outlaw, e, muito principalmente, do saxofone em The Sky Is Falling (David
Pate). Musicalmente, The Memory Of After evoca nomes como Kansas,
Rush ou Genesis, com composições longas (frequentemente
superiores a 10 minutos), que apresentam alguma riqueza harmónica, essencialmente
assentes em teclados, mas que nem sempre conseguem impressionar. A nível vocal,
Davis cumpre o essencial, mas sem deslumbrar. Falta-lhe, talvez, maior
amplitude emocional ou um timbre mais distintivo. Em termos globais, The
Memory Of After é um trabalho com bons momentos de memorabilidade e uma
dose saudável de criatividade, mesmo que nem sempre consiga manter a frescura
ao longo das suas extensas durações. [74%]
Evaricade (NIGHTBLAZE)
(2025, Art Of Melody
Music)
Se é para terminar, que seja em grande. É este o
sentimento que atravessa Evaricade, o último suspiro criativo dos
italianos Nightblaze, que encerram a sua curta, mas marcante passagem
pelo hard rock/rock melódico com um disco que, sendo uma carta de
despedida, também se revela uma afirmação artística. O coração de Evaricade
está nos quatro temas originais, todos de elevada qualidade e reveladores de
uma banda no auge das suas capacidades. O que levanta ainda mais dúvidas sobre
as razões para este adeus abrupto. State Of Grace, faixa vibrante,
moderna, que absorve influências de sleaze rock, blues e
elementos clássicos do rock; Tonight, que reafirma a veia
melódica e elegante dos italianos; Novemberine Walls, mais introspetiva,
uma balada delicada, poética e luminosa; Take Me Home assumindo
proporções cinematográficas. A partir daqui o álbum transforma-se numa
celebração e reinvenção do passado. São seis versões alternativas que funcionam
como espelhos de temas conhecidos, cada uma oferecendo um novo ângulo ou uma
nova emoção. Há uma versão atmosférica (Hold On To Me),
dançável (Take On Me), étnica (Fading Away), remasterizada (Tell
Me), orquestral (Novemberine Walls) e romântica (Tonight). As liner notes de Franco
Leonetti, incluídas no formato físico, reforçam o caráter documental e
celebratório do lançamento. E assim, com emoção, rigor e sentido artístico, os Nightblaze
deixam o palco: discretos, elegantes e com um último disco à altura da sua
melhor versão. Esperemos, portanto, que esta saída de cena dos Nightblaze,
seja apenas um até já! [84%]
Prior Convictions (ALCATRAZZ)
(2025, Brave Words
Records)
Os norte-americanos Alcatrazz
regressam em 2025 com Prior Convictions, um trabalho que assinala um
novo capítulo na longa história de uma das bandas mais emblemáticas do hard
rock/heavy metal dos anos 80. Longe de se tratar de um simples
exercício de nostalgia, o disco propõe uma revisitação consciente do legado
clássico do grupo, aliando-lhe uma produção moderna e duas novas composições. Formados
em Los Angeles em 1983, os Alcatrazz conquistaram notoriedade imediata
com o álbum de estreia No Parole From Rock ’n’ Roll, que apresentou ao
mundo temas como Island In The Sun e Hiroshima Mon Amour, bem
como um jovem guitarrista sueco que rapidamente se tornaria uma lenda: Yngwie
J. Malmsteen. Seguiram-se Disturbing The Peace (1985), com Steve
Vai, e Dangerous Games (1986), consolidando uma reputação de
supergrupo virtuoso, onde se cruzavam músicos de exceção como Graham Bonnet,
Jimmy Waldo e Gary Shea. Prior Convictions
apresenta onze faixas: nove regravações de clássicos da era 80 e duas
composições inéditas, Transylvanian Requiem (que serve de introdução ao
álbum) e Stand And Wait Your Turn. As canções mantêm o ADN da banda: o
virtuosismo das guitarras, os teclados fulgurantes, a secção rítmica sólida,
mas ganham uma produção mais musculada, mais metálica e uma abordagem vocal
diferente, fruto da personalidade de Giles Lavery, que substitui Graham
Bonnet com segurança e respeito. Produzido por Giles Lavery e Jimmy
Waldo, o álbum foi totalmente gravado em 2025 e marca a consolidação da
atual formação com Giles Lavery na voz, Joe Stump na guitarra, Jimmy
Waldo nos teclados, Gary Shea no baixo e Mark Benquechea na
bateria. [85%]
Death Squad Chronicles (DARKNESS)
(2025, Massacre
Records)
Com Death Squad
Chronicles, os teutónicos Darkness celebram os seus 40 anos de thrash
de raiz alemã, oferecendo um registo que mistura passado e presente. Em vez de
se entregarem exclusivamente a composições absolutamente novas, o disco recupera
clássicos dos primórdios, nomeadamente canções originalmente gravadas em demos
de meados dos anos 80 (Attack Of The Mephisto e Spawn Of The Dark One,
de 1986 e Cleans Pforzheim, de 1987) e nos álbuns Death Squad
(1987), Defenders Of Justice (1988) e Conclusion & Revival
(1989), agora completamente regravadas com os recursos de estúdio atuais.
Importa ainda sublinhar que o disco inclui duas composições novas (Last
Round Is On Us e Proud Pariah), que provam que a banda continua
criativa e viva, como se isso fosse necessário face ao espetacular Blood On
Canvas do ano passado. A produção foi entregue a Cornelius Rambadt,
mestre em captar a essência old-school com clareza moderna. Em suma:
este disco não é exatamente “novo” no sentido tradicional, mas funciona como
declaração, reconquista e reafirmação. A banda fecha um ciclo e simultaneamente
abre outro com olhos postos no futuro. [81%]
Noregs Vaapen (TAAKE)
(2025, Dark Essence
Records)
A editora Dark
Essence Records anunciou o relançamento da edição de colecionador do quinto
álbum de estúdio do projeto Taake, Noregs Vaapen, em formato
CD/DVD digibook. Originalmente editado em 2011, Noregs Vaapen é
considerado por muitos como o ponto alto da discografia de Taake, e para
esta nova edição especial o álbum foi remisturado e remasterizado a partir das
gravações multitrack originais, trazendo nova clareza e profundidade às
canções. A edição limitada a 1000 exemplares apresenta um digibook de 20
páginas, com letras completas e fotos inéditas das sessões de gravação, e
inclui o primeiro DVD oficial da banda, um concerto de aniversário no qual o
álbum foi tocado na íntegra. O projeto Taake nasceu em 1993 em Bergen,
com Hoest como único membro constante, e é uma referência incontornável do black
metal norueguês. Noregs Vaapen representa a sua obra mais
emblemática, combinando riffs glaciais, melodias ancestrais, vocais
intensos e inserções inesperadas como grooves de black’n’roll, mellotrons
gélidos e um solo de banjo na faixa Myr. O álbum contou com
contribuições da então formação ao vivo da banda, a saber, Thurzur, V’gandr,
Aindiachai e Gjermund, e com convidados ilustres como Nocturno
Culto (Darkthrone), Attila Csihar (Mayhem), Demonaz
(Immortal), Bjørnar Nilsen (Vulture Industries) e Skagg
(Gaahlskagg, Deathcult), consolidando a importância do disco
dentro do panorama do true norwegian black metal. [87%]






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