Entrevista: Tapeworm Electric

 



Diretamente de Atenas, os Tapeworm Electric vêm confirmar que deve haver qualquer coisa na água da cidade. Com uma sonoridade que cruza groove, peso e melodia e uma forte identidade construída tanto em estúdio como em palco, acabam de lançar Moonshine, o seu primeiro álbum de longa-duração, através da Pitch Black Records. Nesta entrevista, tivemos com os Tapeworm Electric uma conversa honesta sobre rock feito sem filtros, com os pés bem assentes no presente e o olhar no palco.

 

Olá, pessoal, obrigado pela vossa disponibilidade! Em primeiro lugar, podem apresentar os Tapeworm Electric aos rockers portugueses?

Olá, obrigado pelo convite! Tapeworm Electric é uma banda de rock liderada por mulheres, formada em Atenas, Grécia, em 2018. Em 2019, lançámos digitalmente o nosso primeiro EP, Fire, seguido de uma série de singles.

 

Moonshine marca o vosso primeiro longa-duração. Quando olham para o vosso primeiro EP, Fire, quais são os elementos centrais da identidade dos Tapeworm Electric que permaneceram intactos e quais os aspetos que mais evoluíram ao longo destes anos?

Fire tinha a energia crua e a inocência de uma banda que tinha acabado de começar. Muita coisa mudou desde então, incluindo mudanças significativas na formação que moldaram o som atual da banda. Os elementos centrais que permaneceram intactos são o nosso sentido de groove, a ênfase na melodia e a forma como abordamos a composição. Ainda tentamos manter uma «sensação ao vivo» nas nossas gravações, enquanto nos esforçamos constantemente para atingir os nossos limites em termos de composição.

 

A vossa assinatura com a Pitch Black Records foi um marco importante. Como é que essa parceria influenciou a forma final, o som ou a confiança por trás de Moonshine?

É realmente um marco importante. Ter o apoio e a orientação de uma editora discográfica que realmente se preocupa com a música e com a banda tornou o lançamento muito mais fácil para nós. A Pitch Black Records tratou do trabalho pesado (distribuição, prensagem de CDs, promoção, etc.) e nós pudemos concentrar-nos exclusivamente no processo criativo.

 

O álbum transmite a sensação de uma banda ao vivo. Até que ponto essa sensação de estar ao vivo na sala foi intencional durante a produção e que técnicas usaram para capturá-la?

Esse elemento de estar ao vivo na sala é muito importante para nós. Queremos ser capazes de apresentar no palco exatamente o que fazemos no estúdio. Não exageramos na gravação e mantemos a edição ao mínimo. Adoramos gravar bateria e guitarras reais e não usamos autotune ou qualquer processamento de IA.

 

A transição da bluesy Interlude para a faixa-título é cativante. Qual foi o significado conceptual por trás desse ponto de entrada específico para o mundo do álbum?

Gostaríamos que houvesse uma boa história por trás dessa transição. Na realidade, Panos gravou Interlude no seu estúdio caseiro enquanto brincava com a sua guitarra acústica e slide. Quando ele a apresentou à banda, todos achámos que seria a introdução perfeita para o álbum e que se encaixava perfeitamente em Moonshine.

 

Por outro lado, uma faixa como Turn Into Black traz uma forte carga emocional e uma paleta mais melancólica. O que inspirou os tons mais sombrios desta música e como se reflete na dinâmica de composição da banda?

Nos Tapeworm Electric, tendemos a escrever pequenas histórias sobre situações que encontramos na vida cotidiana. Turn Into Black é uma dessas histórias. Não é uma história feliz, mas sentimos vontade de a contar. É uma música sobre a solidão urbana e como os prazeres fugazes podem levar ao vício.

 

Considerando o uso de dois vocalistas principais diferentes, como decidiram qual voz se adequava a cada música? Essa abordagem de vocais duplos foi algo que sempre quiseram explorar?

Argyro é o vocalista principal do Tapeworm Electric. George geralmente faz os backing vocals, mas há alguns momentos em que simplesmente parecia certo que ele assumisse o vocal principal. Temos sorte de estar numa banda em que todos podem cantar e têm a liberdade de se destacar quando parece natural.

 

O trabalho de guitarra em Moonshine tem sido elogiado pela sua delicadeza e potência. Como Panos e George dividem as funções, se complementam e criam esses momentos de solo arrebatadores?

Estamos a falar de dois mundos diferentes da guitarra. O Panos é um guitarrista brutal que gravita em torno de coisas mais pesadas, enquanto o George é muito melódico e influenciado por guitarristas alternativos e mais grunge. Alguns diriam que eles não deveriam caber na mesma banda, mas cabem, da maneira mais mágica possível. Os solos são principalmente coisa do Panos, mas quando precisas de melodia e melancolia, o George é o elemento certo.

 

As influências do rock clássico estão claramente presentes, mas o álbum nunca parece derivativo. Como vocês reinterpretam essas influências em algo distintivamente Tapeworm Electric?

A nossa música é uma destilação das nossas influências, mas tentamos manter o nosso próprio caráter em tudo o que fazemos, não apenas copiar o estilo dos artistas que amamos. Fazemos músicas que parecem certas para nós tocarmos. Todos nós amamos os nossos Zeps e Purples, mas no final das contas somos os Tapeworm Electric, a fazer música nos dias de hoje.

 

A vossa reputação ao vivo tem sido crucial para construir o vosso nome antes do álbum de estreia. Que elementos das vossas atuações ao vivo foram mais importantes para levar para o estúdio?

Há dinâmicas e limitações específicas no que fazemos no palco, e tentamos manter uma energia elevada durante os nossos espetáculos. Queremos que os nossos concertos pareçam festas. Queremos dançar ao ritmo da música e partilhar essa sensação com o público. Quando entramos no estúdio, tentamos traduzir essa energia e todas as pequenas nuances do palco para as nossas gravações. Não produzimos a nossa música em excesso, a menos que seja realmente necessário. O que se ouve no CD é o que se ouve no palco e vice-versa.

 

Olhando para o futuro: agora que Moonshine foi lançado, quais são as ambições dos Tapeworm Electric para os próximos anos?

Vamos tentar tocar ao vivo o máximo que pudermos e, com sorte, lançaremos um novo álbum nos próximos anos.

 

Obrigado pelo vosso tempo. Alguma mensagem de despedida que gostassem de partilhar com os vossos fãs ou com os nossos leitores?

Obrigado pelo convite. Cuidem-se bem e curtam o rock como se cada dia fosse o último!

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