The Eternal Moment (FLYING CIRCUS)
Fastball Music
Lançamento: 07/novembro/2025
Os Flying
Circus nunca foram uma banda de caminhos óbvios. Desde a sua génese, o
grupo construiu um percurso marcado pela inquietação criativa, pela recusa do
imediatismo e por uma relação profunda com o ADN do rock progressivo,
entendido como espaço de liberdade. Ao longo dos anos, foram consolidando uma
identidade própria, sempre em movimento, sempre em busca de novas formas de
expressão. É assim que surge o novo álbum, The Eternal Moment, o
expoente máximo de uma banda que aprendeu a transformar risco em linguagem
musical. O que aqui está é prog rock autêntico, com uma assinatura clara
e uma personalidade vincada. Nada soa genérico ou reciclado. Há, pelo
contrário, uma vontade evidente de dar um passo em frente, de arriscar, de
desafiar o próprio ouvinte, ao mesmo tempo que se desafiam enquanto músicos.
Muitas das ideias apresentadas parecem, à primeira escuta, não obedecer a uma
lógica tradicional; no entanto, é precisamente nessa aparente fragmentação que
o álbum encontra a sua força, revelando-se gradualmente numa sucessão de peças
magníficas, densas e emocionalmente coerentes. Um dos grandes triunfos de The
Eternal Moment reside na forma como toda a instrumentação dialoga entre si
e com a voz. Os arranjos são pormenorizados, desenhados com minúcia cirúrgica,
sustentados por um trabalho rítmico rico e inventivo. A secção rítmica constrói
grooves envolventes e inesperados, enquanto piano, baixo, guitarras e
violino se entrelaçam em constantes jogos de libertação que tanto se orientam
para paisagens mediterrânicas e orientais, como para atmosferas jazzísticas
ou cinematográficas. Ao mesmo tempo que consegue surpreender com a aparente
simplicidade de um And You Run, por exemplo. E mesmo os
interlúdios mais breves surgem como instantes de beleza suspensa, reforçando a
ideia de continuidade e de fluxo que atravessa todo o álbum. Apesar da
diversidade estética e da inclinação experimental, existe sempre um fio
condutor clássico a atravessar The Eternal Moment. Um sentimento que
remete, de forma subtil, mas constante, para a herança de bandas como os Deep
Purple. Não enquanto referência direta, mas enquanto espírito: o peso do rock
tocado com convicção, a centralidade do órgão e do piano, a ligação orgânica
entre virtuosismo e emoção. The Eternal Moment acaba por se afirmar como
uma verdadeira declaração de princípios sobre o prog rock contemporâneo.
Um disco exigente, desafiante, mas profundamente recompensador, que confirma os
Flying Circus como uma banda em permanente estado de evolução. Num
género tantas vezes aprisionado ao passado, este álbum prova que o progressivo
pode, e deve, continuar a avançar, sem medo, sem concessões e com identidade
própria. [94%]
Highlights
A Sweet Thing Called Desire, What Remains, A Talk With The Dead, Movie
Moments, The Dancing Stone, Green
1. A Talk With The Dead
2. Green
3. A Sweet Thing Called Desire
4. And You Run
5. Pilikua Akahai
6. What Remains
7. And You Rest
8. Movie Moments
9. The Time Machine
10. The Dancing Stone (bonus track)
Line-up
Michael Dorp – vocais
Michael Rick - guitarras
Rüdiger
Blömer – teclados, violino
Roger
Weitz – baixo
Ande
Roderigo – baixo
Internet
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