Review: Romantik III (BERGFRIED)

 

Romantik III (BERGFRIED)

High Roller Records

Lançamento: 24/outubro/2025

 

Romantik III apresenta-se como um palco iluminado por candelabros imaginários, onde os Bergfried encenam um espetáculo de uma ópera rock. Tudo aqui respira excesso assumido: emoções ampliadas, gestos largos, dramatismo que não pede desculpa por existir. A teatralidade surge como eixo central, evocando, no tom épico e na inclusão de diálogos e personagens, o espírito grandioso de Meat Loaf. Essa vocação cénica apoia-se numa escrita musical que revela clara afinidade com o universo de Jim Steinman: composições construídas em crescendo, melodias expansivas, refrões pensados para serem cantados e uma relação íntima entre piano, órgão e guitarras que transforma o melodrama em força motriz. Há uma noção muito cinematográfica do tempo e do impacto. As músicas não avançam em linha reta, desenvolvendo-se como sequências, com introduções solenes e reviravoltas inesperadas. A influência do hard rock dos anos 70 e 80 é evidente, mas o álbum recusa estagnar: em vários momentos, nomeadamente em Queen Of The Dead e Gates Of Fate, injeta alguma velocidade e energia. Outros temas destacam-se por condensarem exemplarmente a visão anteriormente referida. For The Cursed, por exemplo, abre com órgão e vocal litúrgico, criando uma atmosfera sacra que prepara o ouvinte para algo maior do que a simples canção. E em Serenades, o piano e a voz iniciam um percurso íntimo que rapidamente se transforma em riffs diretos, quase punk na atitude, antes de desembocar em melodias luminosas que poderiam ter saído do cancioneiro dos ABBA. Uma combinação improvável, mas surpreendentemente eficaz. E, lá mais para o final, Star-Crossed Love, junta compassos de piano que lançam uma evolução brutal, culminando num dueto que reforça a grandiosidade. E é nesses diversos momentos, quando a teatralidade surge em força, com diálogos e encenação explícita, que se percebe que este álbum vive precisamente desse exagero dramático. Romantik III é um álbum onde o rock se cruza com o cinema, o musical e o teatro. E, no fim, fica a sensação de termos assistido a uma história cantada, encenada e vivida, que faz do romantismo, no sentido mais grandioso e trágico, a sua principal arma. [91%]

 

Highlights

For The Cursed, Serenades, Dark Wings, Star-Crossed Love, Back For More

 

Tracklist

1. Dark Wings

2. Fallen From Grace

3. Queen Of The Dead

4. For The Cursed

5. Gates Of Fate

6. Serenades

7. Tears Of A Thousand Years

8. Star-Crossed Love

9. Back For More

 

Line-up

Erech III von Lothringen – todos os instrumentos

Anna de Savoy – vocais

 

Convidados

Fabio Alessandrini – bateria

Sam Plekhanov – baixo (1, 2, 3, 4, 7, 8, 9)

Mat Plekhanov – guitarra solo

Ariel Perchuk – teclados, piano (6, 8)

Florian Fischer – Hammond (4)

 

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Edição

High Roller Records    

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