O terceiro e último dia abriu com duas princesas do
metal ibérico: Erzsebet e Enchantya. Dois concertos de bom nível,
mas que não foram suficientes para aquecer o pouco público que já se encontrava
no recinto do festival. A este duo seguiram-se os Dark Embrace, mais uma
banda vinda de Espanha e mais um concerto extremamente sólido. O coletivo foi
ainda capaz de preparar o público para o concerto que se seguiria com uma
eficácia tremenda. Um bom conjunto de músicos a interpretar um bom conjunto de
músicas. Que mais se poderia pedir?
Contrariamente ao que acontecera nos dois dias
anteriores, o primeiro cabeça de cartaz do dia apareceu às 18:30, algo que
acabou por prejudicar o concerto dos Serious Black. Ao tocarem mais
cedo, a afluência do público foi menor, mas nem por isso menos entusiástica.
Liderados pelo baixista e monstro de palco Mario Lochert, a banda
internacional mostrou porque é que são uma das bandas mais cotadas na cena do Power
Metal a nível mundial. Focando o setlist no último álbum, Vengeance
Is Mine, a banda teve ainda espaço para apresentar alguns dos seus
clássicos presentes nos trabalhos anteriores. Destaque para o belo gesto de Mario
Lochert que, de forma a compensar os fãs pela sessão de autógrafos
cancelada, decidiu oferecer cartões autografados por todos os membros da banda
ao público que assistia ao concerto. De notar ainda que, durante este concerto,
foram tocadas duas versões, algo que, tendo em conta a longa história e
qualidade da banda, se torna incompreensível.
No palco ao lado, aqueciam os Boisson Divine,
que tiveram a difícil tarefa de manter o público quente dos Serious Black
para os Grave Digger que se seguiriam no palco principal. Infelizmente,
na sua primeira vinda a Portugal, os franceses não foram felizes. Um som com
pouco volume (note-se que se ouvia melhor os engenheiros de som dos Grave
Digger no palco ao lado do que a sua própria performance), instrumentos de folk
que, por não terem amplificação, não se ouviram durante o concerto todo e,
acima de tudo, muita inexperiência demonstrada por todos os membros presentes
em palco.
A multidão que se dispersara durante a atuação dos
franceses, voltou a juntar-se (e agora em muito maior número) para assistir ao
regresso dos Grave Digger a Portugal. Com uma carreira de mais de 40
anos, e, com exceção do baterista, todos os membros na casa dos 60 anos, a
máquina de metal germânica entrou com tudo e deixou-nos com o melhor
concerto de todo o festival. Uma atuação perfeita a todos os níveis, desde a
interpretação das músicas até à interação com o público, inclusive passando
pelo comportamento da audiência. Sim, note-se que os Grave Digger foram
a única banda do MMOA a ter direito a uma claque que berrava o nome da
banda a plenos pulmões nos intervalos das músicas. A retribuir este belo gesto
da audiência, todos os membros puseram a sua melhor versão em palco, sendo que
o maior destaque vai para o guitarrista, Axel “Showman” Ritt.
Certamente, muitos guitarristas se inspiraram para fazer mais e melhor, tanto
em termos de presença de palco como de interpretação dos temas, após verem a
assombrosa prestação do músico alemão. Focando-se nos clássicos, o concerto
terminou com a melhor interpretação já alguma vez vista de Heavy Metal
Breakdown. O final perfeito para um concerto perfeito, onde a única critica
negativa que se pode fazer, é de ter acabado.
Seguindo o mote de Heavy/Speed Metal lançado
pelos Grave Digger, seguiram-se os Lujuria, banda que, se não
cantasse em espanhol, podiam ser perfeitamente considerados como uma segunda
parte do concerto dos alemães, dado as semelhanças patentes a nível musical.
Tal como seria de esperar, o coletivo de Segovia revelou muita experiência num
concerto de extrema qualidade e muito boa disposição. Foi com as duas guitarras
a solar em constante duelo e uma performance extremamente sólida de todos os
restantes membros que os espanhóis mantiveram todo o público quente para o
concerto mais aguardado da noite: os Cradle Of Filth.
Apesar de ser domingo à noite, a maior multidão do
festival juntou-se para ver o regresso dos ingleses a solo nacional. O público
amontoava-se à frente do palco, enquanto aguardava ansiosa e impacientemente
pelo início do tão esperado concerto. Foi com uma entrada majestosa que os
comandados de Dani Filth se posicionaram para abrir as hostes com Heaven
Torn Asunder. A partir desse momento, a teatralidade tomou conta da Zona
Industrial de Pindelo dos Milagres, com o vocalista a assumir diferentes
posições e registos vocais, representando assim diferentes personagens, tal
como nos tem vindo a habituar ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira. Tentando
cobrir todos os diversos momentos da sua vasta carreira, os ingleses
apresentaram um concerto de extrema qualidade que não deixou ninguém
indiferente, mas que soube a pouco. A muito pouco, tanto para quem assistiu,
como para quem o interpretou, ficando no ar a sensação que não faltará muito
até a máquina dos Cradle Of Filth regressar ao nosso belo país.
A música em Pindelo dos Milagres prosseguiu com os
espanhóis Hate Legions e fecharia em festa com outro coletivo espanhol,
os Gigatron. Um final memorável para o melhor festival da Península
Ibérica, tanto a nível de cartaz, como de organização. Voltamo-nos a encontrar
em 2024!
O segundo dia começou com uma parceria luso-espanhola:
Resurge, Arenia, Xhamain e Ravenblood subiram ao
palco naquelas que foram as primeiras ondas sonoras do dia na Zona Industrial
de Pindelo dos Milagres. Quatro concertos de boa qualidade, mas que pouco
entusiasmaram o público que se começava a juntar para assistir aos nomes
maiores do dia. Destaque para o final do concerto dos galegos Xhamain,
no qual a banda apresentou a bandeira portuguesa e galega unidas numa só. Um
belo momento representativo da união existente entre o nosso país e a região
situada a norte dele.
O primeiro grande concerto do dia e, certamente, um
dos melhores do festival, foi apresentado pelos Toxikull, que com o seu Speed/Heavy
Metal foram capazes de convencer a primeira multidão a juntar-se ao redor
do Palco 2. De facto, é quase inexplicável a falta de reconhecimento que a
banda de Lisboa ainda enfrenta após quase 10 anos de uma carreira a um nível
altíssimo. Um setlist extremamente bem escolhido e uma prestação estelar
de todos os membros que foi capaz de encantar até os mais céticos. Claramente a
merecer o Palco 1!
E se os Toxikull fizeram um dos melhores concertos do festival, os Eclipse não ficaram nada atrás. No seu primeiro concerto em Portugal (mas, nas palavras do vocalista e guitarrista Erik Martensson, seguramente não o último) o coletivo de Estocolmo mostrou porque são uma das mais bem estabelecidas bandas da cena de hard rock melódico sueco. Conjugando temas do seu novo álbum e clássicos, a banda foi sempre capaz de levar o público a cantar os seus temas, mesmo que estes não estivessem familiarizados com as suas melodias pegajosas. Ora com ou sem guitarra, Erik Martensson foi o líder de uma performance muito bem oleada que deixou todos os que a assistiram com vontade de ver e ouvir mais daquilo que os suecos têm para oferecer.
Vindos de Espanha, os Aktarum
tinham a difícil tarefa de manter o nível de qualidade impostos pelos dois
nomes anteriores. Mas, infelizmente, a reconhecida capacidade dos trolls
porem todo o público a dançar não foi vista durante esta performance, muito por
culpa do som demasiado estridente e pouco claro de que foram vítimas.
Os próximos a subir ao palco eram um dos nomes mais esperados de todo o festival. Vindos de Gotemburgo, os Dark Tranquility sempre habituaram os fãs com grandes concertos e esta noite não foi exceção. Apesar de ter um setlist completamente inesperado (focado em temas que os membros da banda adoram, mas que por algum motivo deixaram de tocar ao vivo) o concerto contou com um apoio maciço da multidão que se juntara para assistir a esta performance memorável. Extremamente bem oleados e sem cometer qualquer erro, os Dark Tranquility foram capazes de fazer aquilo que os Moonspell não foram na noite anterior: cativar todos os elementos do público, mesmo aqueles que, normalmente, não apreciam os sons mais extremos.
Mantendo a senda
de bons concertos, seguiram-se os Bliss Of Flesh. Com uma carreira de
mais de 20 anos, os franceses apresentaram a melhor forma do seu Black Metal
com ambiências mais geladas do que a brisa que se sentia em Pindelo dos
Milagres. De destacar ainda a teatralidade apresentada pelo vocalista Necurat
que foi, sem margem para dúvidas, a cereja no topo do bolo de toda a
performance gaulesa.
Já passava da meia-noite quando o nome mais aguardado da noite subiu ao palco. Os fãs mais devotos já se tinham posicionado durante o concerto anterior, mas a verdadeira multidão só se estabeleceu quando Timo Kotipelto e companhia deram início a Survive, tema com o qual os Stratovarius abriram a sua atuação. Um setlist extremamente bem escolhido, onde houve espaço para todos os clássicos da banda, tanto os dos seus dias de glória, como os temas que, apesar de mais recentes, se posicionaram imediatamente entre os favoritos dos fãs da banda, deu o mote a um bom concerto. Apesar disso, a prestação dos finlandeses esteve longe de ser perfeita. A idade já pesa na voz do vocalista e líder Timo Kotipelto, algo que se notou especialmente nas notas mais agudas dos temas mais antigos. A juntar a isto, a constante necessidade de descansar entre músicas, algo que abriu espaço para solos de Lauri Porra e Jens Johansson, não beneficiou a consistência e a continuidade do concerto.
Contrastando com esta falta de força estiveram os Sacred
Sin. Encarregues de fechar a noite, os portugueses deram uma descarga de
adrenalina a todos aqueles que decidiram ficar após os grandes nomes saírem de
cena. Como agradecimento de um concerto tão energético, o público ofereceu-lhes
os melhores mosh-pits de todo o festival. Uma troca justa que fechou o
segundo dia do Milagre Metaleiro Open Air.
DIA 1 - 25 DE AGOSTO DE 2023
Vai já na 14ª edição o festival que nasceu numa
pequena aldeia do interior centro do país, Pindelo dos Milagres
(concelho de S. Pedro do Sul), mas que nem por isso deixa de ter o melhor
cartaz de Portugal e arredores. Foi nos dias 25, 26 e 27 de agosto que o Milagre
Metaleiro Open Air voltou a celebrar a festa sagrada do Heavy Metal.
Houve alterações importantes, o espaço mudou do centro da aldeia para a
periférica Zona Industrial, e passou a haver dois palcos, mas o essencial manteve-se:
três dias repletos de muita música de qualidade.
O primeiro dia abriu com os portuguese Voidwomb,
mas foi apenas com as Frantic Amber e com o folk dos Hadadanza
que a primeira multidão se começou a juntar, naquele que foi o aquecimento para
o primeiro grande concerto do festival: Angus McSix. Com uma energia
contagiante, um espetáculo muito bem oleado e uma teatralidade memorável, a
banda liderada pela mais recente encarnação de Thomas Winkler,
aproveitou o seu primeiro concerto em solo nacional para se dar a conhecer a
muitos dos fans presentes no recinto. Apesar do uso de backing tracks parecer
ter sido algo excessivo, o coletivo apresentou-se na sua melhor forma naquela
que foi uma demonstração eximia de toda a sua capacidade. Se esta performance
foi capaz de arrebatar o público, o mesmo não se pode dizer dos Opera Magna.
Com uma prestação abaixo do esperado, os espanhóis foram ainda prejudicados por
constantes problemas de som, algo que se viria a revelar uma constante no Palco
2.
Foi ao cair da noite que o primeiro cabeça de cartaz
subiu a palco. Vindos da Alemanha, os Orden Ogan vêm a sua qualidade ser
reconhecida há já algum tempo. Com um setlist capaz de conjugar
clássicos da banda e temas do último álbum, o coletivo foi capaz de entusiasmar
o público e prepará-lo para o que faltava da noite. Uma prestação extremamente
sólida e coesa. Seguindo a deixa dos alemães, os Blame Zeus subiram ao
palco e não desiludiram. Liderados pela talentosa Sandra Oliveira, a
banda do Porto mostrou-se ao seu melhor nível, carimbando, assim, mais um
concerto de qualidade.
A noite já ia longa e a multidão começava a
acumular-se para dar a primeira casa cheia do festival aos Therion. As
expetativas para o regresso dos suecos a Portugal eram bastante elevadas e os fãs
não saíram defraudados. Performance exemplar dos discípulos de Christopher
Johnsson que, com apenas seis membros no palco, foram capazes de inventar o
seu próprio coro e orquestra. Uma prestação estelar que viria a culminar em To
Mega Therion, aquela que é, provavelmente, a melhor composição alguma vez
criada pelo génio sueco. O espaço existente entre cabeças de cartaz foi ocupado
pelos Shutter Down, banda nacional que mostrou que já tem qualidade para
voos mais altos.
Por fim, chegou a vez dos Moonspell, naquela
que era o concerto mais aguardado da noite. Infelizmente, os lobos não foram
capazes de se apresentar ao nível a que habituaram os fãs. Com uma prestação mediana
de Fernando Ribeiro e um volume demasiado elevado (os copos assentes na
mesa de mistura abanavam e caíam com o volume do som), o coletivo português
mostrou-se alguns furos abaixo do expectável. Ainda assim, deve ser notada a
confiança demonstrada em todos os momentos da sua vasta carreira. Nas palavras
do líder e vocalista, “em 30 anos, acertamos algumas vezes, falhamos outras,
mas nunca virámos as costas a quem fomos”. Fazendo jus a estas declarações, o setlist
que abriu com Opium e fechou com Alma Mater, passou em revista
toda a carreira e diversidade musical a que os Moonspell nos habituaram.
O fecho da noite esteve entregue aos Graveworm que, apesar de contarem
com uma audiência bastante mais reduzida, foram capazes de mostrar toda a
qualidade que têm.
NE OBLIVISCARIS+ PERSEFONE + THE OMNIFIC
24/maio/2023
Sala 2, Hard Club, Porto
A quente noite
de 24 de maio mostrou o regresso dos Ne Obliviscaris a
Portugal, depois de 8 anos sem concertos em solo nacional. Com ele trouxeram
os, também australianos, The Omnific e os andorrenhos Persefone,
uma tríade de sons progressivos que ficará na memória de todos aqueles que se
dirigiram à sala 2 do Hard Club, uma sala praticamente esgotada
para uma tour que roçou a perfeição.
A noite abriu com os The Omnific, trio de Prog/Post-Metal de Melbourne. Compostos por 2 baixistas e 1 baterista, o coletivo australiano demonstrou extrema coesão e consistência ao longo dos cerca de 30 minutos de concerto. Executando principalmente temas do último álbum, a sua prestação mostrou um perfeito balanço entre momentos de puro virtuosismo, partes melódicas, mudanças rítmicas e breaks com muito groove. A sala 2 do Hard Club que começou praticamente vazia, foi-se enchendo aos poucos à medida que mais e mais se apercebiam da qualidade do ato de abertura. O que lhes faltava em vocais e melodias, tinham em atitude e virtuosismo algo que, numa casa maioritariamente dominada por fans de Death Metal, se revelou crucial para conquistarem a audiência que, certamente, garantirá que esta não é a última vez que o trio pisa solo lusitano.
Com uma carreira de mais de 20 anos, os Persefone são a mais importante banda da cena metal andorrenha e foram a segunda banda a subir a palco naquela noite. Guitarras bem distorcidas, vocais agressivos, ambiências feitas pelos teclados, blast beats e refrões melódicos foram as palavras de ordem, num concerto que teve direito a mosh-pit e muito headbanging. A noite foi ainda marcada pelo regresso de Filipe Baldaia, guitarrista da banda, à cidade que o viu crescer, momento que foi devidamente assinalado com palavras de agradecimento para a plateia que, nessa altura, já enchia toda a sala. Apesar de trazer na bagagem o seu último álbum Metanoia, os andorrenhos focaram a sua atuação no álbum lançado já em 2013, Spiritual Migration, algo que não afetou de todo os fans que mostraram o seu agrado e entusiasmo em ver o coletivo apresentar um concerto tão coeso. Certamente uma das noites mais memoráveis para todos os membros dos Persefone.
A noite fecharia com o segundo coletivo de Melbourne, os tão esperados Ne Obliviscaris. Na sua segunda visita a Portugal, os australianos mostraram-se mais sólidos que nunca, naquela que foi uma defesa justa do seu mais recente álbum Exul. Numa setlist que incluíu quatro dos seis temas presentes no seu último trabalho de estúdio, bem como alguns clássicos da banda, os Ne Obliviscaris mostraram porque é que são considerados uma das maiores bandas do Extreme Progressive Metal. Comandados pela dualidade vocal, ora melodiosa, ora gutural, e pela delicadeza das notas tocadas no violino do vocalista Tim Charles, o terceiro e último ato da noite revelou-se de uma qualidade excecional. Qualidade essa que não foi beliscada nem pelo facto de não contarem com Xenoyr (substituído para esta tour pelo vocalista dos Black Crown Initiate, James Dorton) nem pela inexperiência do novo baterista Kévin Paradis, que realiza a sua primeira tour com os australianos. Claramente emocionado pela plateia presente na sala completamente cheia do Hard Club, o líder Tim Charles relembrou-se de quão bom é atuar em Portugal e prometeu não demorar oito anos a voltar a terras lusitanas. Gesto claramente apreciado por todos aqueles que apreciam a arte musical praticada pelos australianos. Uma noite que nemo obliviscetur.
HAKEN + BETWEEN THE
BURIED AND ME + CRYPTODIRA
13/março/2023
Sala 1, Hard Club, Porto
Apenas 10 dias após o lançamento de Fauna,
os Haken fizeram a sua Island In Limbo Tour passar pela Sala 1 do
Hard Club no Porto, num concerto que certamente ficará na memória de
todos aqueles que se deslocaram à baixa da cidade invicta na fria noite de 13
de março. Uma noite de Prog Metal para todos os gostos, onde ficou
cabalmente provada toda a abrangência deste subgénero.
A noite abriu com os Cryptodira, banda de Progressive Death Metal de Long Island que se apresentou extremamente sólida. Com um setlist baseado em The Angel Of History e The Devil’s Despair, os americanos apresentaram bastantes argumentos para regressarem ao nosso país num futuro muito próximo. Temas longos, boas composições e muito bem executados, os Cryptodira abriram as hostes e aqueceram a plateia com uma atuação extremamente oleada.
O segundo ato da noite foi-nos apresentado pelos Between The Buried And Me. Com mais de 20 anos de carreira os americanos traziam na bagagem o seu mais recente álbum Colors II, naquele que é a sequela lógica do álbum lançado em 2007. Musicalmente insanos, os BTBAM são o pesadelo de todos aqueles que têm como hábito rotular bandas relativamente ao género e, como seria expectável, toda essa insanidade sana foi transmitida para o palco num concerto sem qualquer pausa. O público reagiu em massa e de forma bastante espontânea ao setlist extremamente variado que os americanos apresentaram. De notar ainda que, apesar de não serem a última banda a subir a palco, foram os BTBAM que movimentaram mais público, havendo mesmo fans que abandonaram o recinto quando a sua parte acabou.
Por último, foi a vez dos Haken subirem ao palco. Vestidos a rigor e com uma excelente distribuição no palco, o coletivo britânico apresentou um setlist mais focado nos clássicos (especialmente em Virus) do que no seu último álbum Fauna do qual se ouviram apenas os 3 singles (The Alphabet Of Me, Taurus e Lovebite) e, tendo em consideração a reação do público a esses 3 temas, ainda é necessária muita interiorização de Fauna por parte dos fans da banda. Extremamente competentes e rotinados, os britânicos contaram com o apoio do público para selar uma exibição de excelência que atravessou todas as fases da sua carreira. A noite dedicada ao Prog Metal terminaria com o épico de 17 minutos, Messiah Complex.
KALANDRA + MONUMENTS + LEPROUS
20/fevereiro/2023
Sala 1, Hard Club, Porto
Foi em
véspera de Carnaval que os Leprous e
Cia. nos presentearam com o primeiro de dois concertos em solo nacional. O Hard Club foi o local escolhido para a
terceira visita dos noruegueses ao Porto, num concerto que mostrou aos fãs
nortenhos que os Leprous não são
apenas uma banda com capacidade dentro das paredes de um estúdio. A eles
juntaram-se os seus compatriotas Kalandra
e os companheiros de editora Monuments,
duas bandas que revelaram ser a combinação perfeita para abrir a noite.
Os Kalandra foram os primeiros a subir a
palco, naquele que foi o seu primeiro concerto em Portugal, mas que certamente
não será o último. Com as suas composições evolutivas os noruegueses cativaram
e convenceram um público que estava claramente à espera dos dois atos
seguintes. Uma entrada arrepiante (as notas iniciais cantadas por Katrine Stenbekk mostraram-se de uma
beleza assombrosa) e 30 minutos de muita qualidade sonora foram o legado de uma
banda que deixa muita água na boca e que, certamente, ganhou um número elevado
de fãs.
Em sentido
completamente oposto, os Monuments
apresentaram peso e energia, mas pouco discernimento. Foi com o seu metalcore que o público verdadeiramente
aqueceu para a apoteose que se aproximava. Uma atuação de cerca de 45 minutos
onde os ingleses, nomeadamente o vocalista Andy
Cizek (que trabalho vocal incrível!), mostraram porque é que são
consideradas uma das mais excitantes bandas do movimento metalcore britânico. 45 minutos de um concerto sempre em crescendo
até chegar ao tema final The Cimmerian,
um épico de 8 minutos de um nível muito superior ao apresentado em estúdio. 45
minutos que deixaram o Hard Club em
êxtase e bem preparado para o último concerto da noite.
Foi por
volta das 21:50 que os Leprous
subiram ao palco. O público que, nesta altura, já enchia por completo a sala 1
do Hard Club, mostrou o seu agrado
ao ver a banda posicionar-se nos seus devidos lugares. Foram precisos apenas 2
segundos para que toda a plateia reconhecesse o tema de abertura Have You Ever?. Apesar de trazer o mais
recente álbum Aphelion na bagagem, a
banda optou por um setlist (preparado
especificamente para cada noite) mais baseado nos clássicos. Por isso, a Have You Ever? seguiram-se The Price e The Flood, dois temas onde o público foi extremamente
participativo, cantando mais alto do que a própria banda. A isto seguiu-se Castaway Angels, o mais belo e emotivo momento
da noite, naquele que foi uma homenagem sentida ao povo ucraniano. O concerto
ganharia ainda uma vertente interativa quando a banda pediu ao público que
escolhesse o tema seguinte. Após algum humor, Einar Solberg revelou as 4 opções (Observe The Train, Distant
Bells, Bonneville e Illuminate (que acabaria por ser
escolhida)), mas a decisão estava longe de ser tomada. Após se ter verificado
um empate no voto democrático entre Illuminate
e Bonneville, coube a um membro da
plateia que apanhou a garrafa de água vazia atirada pelo vocalista eleger o
tema seguinte. O concerto terminaria quatro músicas depois, em apoteose final,
com Nighttime Disguise.
Fora da
componente musical, é obrigatório destacar o incrível trabalho de luzes,
principalmente durante o concerto dos dois atos noruegueses, os Kalandra num registo sóbrio e
contrastante e os Leprous, com a
adição de barras luminosas laterais em forma de pirâmide (clara referência à
capa do último álbum Aphelion).
Foi com The Sky Is Red, já em encore, que a noite acabou. Para a memória ficam três concertos de altíssimo nível e a esperança de que a próxima visita dos noruegueses seja feita o mais rapidamente possível.
Cartaz Completo
Lemmy Kilmister teve direito a uma estátua que incluia algumas das suas cinzas. Em sua honra foi ainda prestada uma homenagem liderada pelos seus antigos companheiros de banda Mikkey Dee e Phil Campbell.
Concerto dos Sabaton
Comentários
Enviar um comentário