Entrevista: Deep Sun

Embora não em grande escala, a Suiça costuma surpreender com alguns nomes de grande qualidade, apesar de que o symphonic metal ainda não tenha tido assim nenhum nome de impacto na cena europeia. Mas isso pode estar prestes a mudar porque os Deep Sun mostram estar, claramente, num patamar muito superior à maioria das bandas do género que hoje evoluem por esse mundo fora. E foi o seu segundo disco Race Against Time que definitivamente os colocou na rota certa. Motivos para ir conhecer melhor o coletivo através das palavras de Pascal Töngi.

Viva Pascal! Tudo bem? Quem são os Deep Sun? Podes apresentar a banda aos metalheads portugueses?
Viva! Sim, estamos bem e obrigado por nos incluíres na tua publicação. Os Deep Sun são uma banda Suíça, de metal sinfónico com vocalista feminina. Formados em 2005, a banda passou por várias mudanças de formação até que uma formação estável pode finalmente ser estabelecida em 2011. Desde então, construímos uma reputação na cena do metal suíço e com o lançamento do nosso segundo álbum Race Against Time esperamos expandir a nossa base de fãs para outros países. Tocamos metal sinfónico clássico com várias influências adicionais. O elaborado background musical dos membros da banda leva a uma grande diversidade na música. No nosso novo álbum podes encontrar powermetal rápido e pesado, bem como momentos muito calmos e reconfortantes e tudo o que estiver no meio. O som é destacado pelo fabuloso trabalho vocal da nossa vocalista Debora com a sua distinta voz de soprano.

Em que aspetos Race Against Time é diferente da vossa estreia Flight Of The Phoenix?
Bem, antes de mais, avançamos um patamar em tudo. Flight Of The Phoenix foi a nossa primeira produção e produzimos esse disco com um orçamento modesto e trabalhamos com pessoas dentro do nosso círculo de amigos. Para alguns de nós, esta foi também a primeira vez que entramos num estúdio de gravação, por isso não sabíamos realmente o que poderíamos esperar e aprendemos bastante durante o processo de produção. Com o nosso segundo álbum, quisemos dar um passo à frente e gravar o melhor álbum que pudéssemos. Foi tudo feito a um nível profissional, reservamos um estúdio com uma grande reputação dentro do nosso género musical e também as fotografia e artwork foram feitas por Stefan Heilemann, um fotógrafo de renome. Além disso, a nossa composição melhorou muito, e com certeza, estávamos melhor preparados para as gravações e tínhamos uma visão muito mais clara de como deveria ser o produto final.

E também com um produtor de renome como Markus Teske. Qual foi a sua contribuição para o resultado final?
Sim, queríamos trabalhar com alguém que realmente conhecesse o género e nos pudesse ajudar a fazer um álbum em grande. Ligamos-lhe e ele fez um trabalho tremendo. Ele conhece o material e também fez muitas e boas sugestões. Não para que rearranjássemos grandes partes das músicas, mas pequenos detalhes e coisas que ajudaram a melhorar o som geral. Por exemplo, adicionou coros de apoio em alguns dos coros. No entanto, esteve sempre concentrado em capturar o espírito e a essência do que são os Deep Sun. Foi um grande prazer ter trabalhado com ele e estamos muito agradecidos por todo o trabalho e esforço que ele colocou neste disco. É, em grande parte, mérito seu, pelo facto do álbum soar tão bom como soa.

Como descreverias a vossa música para quem não vos conhecem?
A primeira comparação que as pessoas costumam fazer é Nightwish nos seus primórdios e é compreensível, uma vez que somos obviamente um pouco influenciados por essa banda em particular. No entanto, certamente não somos um clone e pensamos que Deep Sun tem o seu próprio estilo original. Se olhares para todos os géneros de female fronted symphonic metal bands, diria que não somos muito típicos no sentido de que a maioria das bandas sinfónicas atuais usa grandes partes orquestrais para obter um som grandioso e épico. Pelo contrário, nós temos nas nossas canções uma vibe mais metal/rock que, na sua maior parte, são bastante melancólicas ou algo próximo do emo. Também nos orgulhamos de tocar tudo ao vivo em palco sem qualquer faixa de apoio gravada. Eu diria que qualquer pessoa que goste de vozes femininas de soprano, combinada com as vibrações de metal/rock e grande diversidade musical, deve, definitivamente, dar uma escutadela a Race Against Time que não irão arrepender.

Na minha descrição referi a existência de uma vocalista muito qualificada. A Debora tem algum tipo de formação clássica?
Sim, a Debora teve muitos anos de treino clássico. Ela também canta em alguns outros projetos aqui e ali e faz casamentos com bastante frequência. Somos muito afortunados por ter uma cantora tão hábil e ambiciosa no nosso grupo. Além disso, Debora tem uma fantástica presença em palco.

Como referiste, existe bastante diversidade e algumas músicas complexas no vosso metal sinfónico. Este álbum foi criado numa fase muito inspirada...
As variações vêm do facto de termos vários membros da banda que contribuem para o departamento de composição. Cada um traz seu background musical distinto, por isso cada música tem o seu próprio sabor. As músicas do álbum foram escritas durante um longo período de tempo. Algumas das músicas já foram tocadas quando a banda começou a tocar ao vivo em 2011. Já teriam estado no primeiro disco se tivéssemos um orçamento maior na altura. As outras canções foram escritas e arranjadas nos últimos 3-4 anos e todas já foram tocadas ao vivo antes das gravações, exceto uma faixa. É a nossa abordagem para dar tempo suficiente a cada música e não apressar as coisas. Acho que podes ouvir neste disco que muito pensamento foi colocado em cada canção individualmente.

Como decorreu o processo de gravação? Como foi trabalhar com tanta diversidade musical e variações nos arranjo?
Quando entramos em estúdio conhecíamos muito bem as músicas porque já as tínhamos tocado ao vivo. Portanto, sabíamos exatamente o que queríamos e apenas foram feitas pequenas mudanças no estúdio. A gravação correu muito bem. Trabalhar com Markus Teske foi muito bom, como já disse. Passamos cerca de 3 semanas na gravação, se bem me lembro.

Vocês começam a tornar-se um nome com mais presença no vosso país. O que está previsto para continuar a promover Race Against Time?
Bem, somos 100% autogeridos, por isso não há nenhuma editora envolvida. Mas é nosso objetivo dar um salto com este registo e, portanto, também tentamos o nosso melhor para promover e distribuir o disco. Já aparecemos em algumas revistas e numa compilação. Também recebemos um bom número de reviews e entrevistas até agora. Atualmente estamos a trabalhar para montar uma pequena tournée pela Suíça e talvez algumas datas na França para o próximo ano. Seremos acompanhados por duas bandas da parte francesa da Suíça e será um ótimo pacote para qualquer fã de metal sinfónico.

E fora da Suíça? O que têm em vista?
Ainda não há nada fixo, mas estamos a procurar tocar no estrangeiro pela primeira vez no próximo ano, se possível. Temos estudado uma grande lista de festivais em toda a Europa, e bem, espero ter a oportunidade de tocar para algumas grandes multidões. O Female Metal Voices Fest na Bélgica, por exemplo, seria um momento alto na nossa lista de desejos...

Muito obrigado! Gostarias de acrescentar mais alguma coisa?
Muito obrigado, agradecemos o teu apoio e ficamos muito satisfeitos com a tua agradável review ao nosso álbum. Fiquem atentos porque em breve teremos novo vídeo a circular

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #48 VN2000: My Asylum (PARAGON)(Massacre Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)