Reviews - Abril (I)


The Hands Of Time (THE PICTUREBOOKS)
(2019, Century Media Records)
Depois de dois álbuns que os levaram a uma tour com mais de 350 datas em redor do mundo, os The Picturebooks fecharam-se no seu estúdio para captarem a sua vibe num novo conjunto de músicas. Assim nasce The Hands Of Time onde o duo experimenta novos instrumentos, como o piano, e constroi as suas próprias percussões. O problema é que essa vibe é demasiadamente limitada, transformando-se em canções pouco mais que básicas e, algumas delas, sem grande nexo nem sustentabilidade. Sem dúvida honestas e representativas do que são os The Picturebooks atuais, mas que não levam a nada de verdadeiramente especial, porque mesmo a utilização do piano, do tubular bells, da harpa, do bandolim, surge de tal forma embrulhada numa produção tão fraca que nunca sobressaem. [54%]


Tricycles (TRICYCLES)
(2019, Lux Records)
Contrariam a velocidade da vida atual, sem deixar de criar movimento, e sempre sem muita parafernália de instrumentação para fazer música. Quem pensa assim são os Tricycles, nova banda nacional que junta João Taborda (António Olaio & João Taborda), Afonso Almeida (Cosmic City Blues, Sequoia), Edgar Gomes (Terb) e Sérgio Dias e que se estreia com este álbum homónimo, onde em 12 canções se revisita algum do pop rock nacional marcante e se adiciona alguma influência indie rock. Num registo maioritariamente calmo e até algo intimista, sobressaem as guitarras suaves, alguns pianos, uma bateria pouco expansiva e um baixo marcante. [70%]


Universal Light (HIGHEST INTENTION)
(2019, Universal Light Records)
Universal Light é o disco de estreia dos Highest Intention, um jovem coletivo oriundo da Bay Area, nascido em 2012 e bem estabelecido na cena local. Inspirados por nomes como Sublime, 311 e mesmo Bob Marley, o coletivo procura, com o seu reggae, atingir as raízes do género. E de facto, o que os californianos trazem para este registo, é uma forma simples e harmoniosa de fazer bom reggae, sempre com boas estruturas e arranjos e onde a melodia joga um papel fundamental. É uma abordagem alegre, positiva e descomprometida que vale pela personificação da sonoridade. Ou seja, numa altura em que muitos dos artistas do género procuram a maquinaria e a tecnologia, os Highest Intention procuram humanizar o seu som, dando espaço aos verdadeiros artistas que realmente tocam os seus instrumentos. E este é o mais destacado aspeto de Universal Light. [70%]


III (A DAY IN VENICE)
(2019, Independente)
Passar um dia em Veneza é um programa magnífico fruto das vistas deslumbrantes da romântica cidade. Talvez por isso Andrej Kralj tenha baptizado o seu projecto de A Day In Venice. Um one-man project que assenta no rock alternativo de ascendência pop, recebendo influências de Anathema, Sigur Ros e Radiohead para criar uma música onde os elementos dark, introspectivos, psicadélicos, pop e rock se juntam de forma aleatória mas nem sempre muito consistente. III é, como facilmente se percebe, o terceiro álbum do projeto e conta com a voz de Paolo Bembi. Deixando para traz as criações de gothic/doom metal, a entidade A Day In Venice e particularmente III, pouco mais são que uma pálida imagem do seu passado recente. [63%]


Alles Gut (NERVENBEISSER)
(2019, Echozone)
Quatro temas novos e duas remixes fazem parte do novo EP dos Nervenbeisser, Alles Gut, no mercado bem a tempo para a banda alemã os apresentar na tour com os Oomph!. São temas onde se mostra que a banda continua a trilhar os caminhos do chamado NHD (New German Hardness), uma linha do german rock caraterizada pela adição de abordagens mais épicas às sonoridades negras, góticas e industriais. E a forma como os Nervenbeisser percorrem esse trilho de forma personalizada, fica bem patente no tema inicial de sete minutos – Liebesschmerz. Infelizmente, nenhum dos três temas restantes, se consegue aproximar, em nenhum capítulo, desta abertura. E quanto às remixesAlles Gut pelos Das Ich e Verkehrte Welt por Andy Haywire – nada acrescentam de significativo, antes pelo contrário. [57%]

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